Se pudesse dividir o presente ano em duas partes, no campo pessoal, diria que a linha que as separa assenta pelo meio. Junho é o meio do ano civil e foi o meio do meu ano. Os primeiros seis meses foram um seguimento de 2018, entre idas ao cinema, passeios culturais, aulas e exames; os últimos, com um abrandamento a todos os níveis, se exceptuarmos ali os festivais de cinema.
Em Janeiro, Bolsonaro iniciou o seu mandato. Por cá, um líder da extrema-direita era convidado num programa de televisão, gerando-se uma enorme polémica. Quanto a mim, estive na Fragata Dom Fernando II e Glória, no Cristo-Rei e no estaleiro do Museu da Marinha. Tivemos um mês atribulado, com confrontos entre policiais e minorias étnicas. Entretanto, fiz umas remodelações no blogue, que ressurgiu de cara lavada. Pelo meio, fui ao elevador da Ponte 25 de Abril (Pilar 7), ao Castelo de São Jorge e à Sé de Lisboa. No fim-de-semana seguinte, ao Oceanário, pela primeira vez, que adorei, e no último passei pelo Palácio-Convento de Mafra. Houve ainda muitas idas ao cinema.
Em Fevereiro, comecei por ir ao núcleo de arte antiga do Museu Gulbenkian. Mais tarde, fui à exposição de Sorolla, no MNAA, e ao Museu da Saúde, ali pelo Campo Mártires da Pátria. O último fim-de-semana do mês levou-me à Casa-Museu Amália Rodrigues. Vi também muitos filmes, sobretudo dos nomeados aos Óscares, mas não só; vi alguns clássicos na Cinemateca Portuguesa, entre eles O Último Tango em Paris e Gata em Telhado de Zinco Quente, com a inesquecível Elizabeth Taylor. Creio que não lhes disse, mas os meus vizinhos de cima são venezuelanos (um deles luso-descendente). E foi justamente sobre a Venezuela e a sua situação política a minha última crónica do mês, que findou com uma análise aos Óscares.
Em Março, dos filmes comerciais queria destacar um sobre Snu Abecassis, a companheira de Sá Carneiro. Neto de Moura «lançava os foguetes e apanhava as canas», e a polémica com a naturalidade de Magalhães estava instalada entre portugueses e espanhóis. Na Europa, tínhamos conhecimento dos efeitos do ciclone em Moçambique e toda a onda de solidariedade que se gerou.
Em Abril, assinalei aquilo que me pareceu ser, e ainda parece, uma revolução na mobilidade urbana de Lisboa, nomeadamente, com a introdução dos novos passes sociais. A propósito de uns comentários lidos nas redes sociais, discutia-se se o fascismo e nacional-socialismo alemão eram movimentos da esquerda política. Aos 62 anos, morria-nos Dina e, pelos mesmos dias, Madonna apresentava-nos Medellín, o primeiro single do apregoado álbum com inspirações lusitanas. No dia 25, mais uma crónica sobre a Revolução, que este ano trouxe consigo uma visita à Assembleia da República. As idas ao cinema, já sabem.
Em Maio, fiz referência ao XI aniversário do blogue. Já se antecipava a histórica derrota da direita com um intento de crise política. Falou-se das europeias no encerrar do mês.
Em Junho, participei de uma conferência da Nova Portugalidade, Salazar e a Restauração da Monarquia. Foi um mês de muito estudo para os exames; em todo o caso, ainda tive tempo para passar pela Feira do Livro para adquirir alguns bons volumes. Simultaneamente, comecei a acompanhar a Copa América.
Em Julho, dava início ao ciclo de festivais de cinema que marcariam o Verão, com uma breve passagem pela mostra de cinema brasileiro em Lisboa. Após exames e uma oral, o ano lectivo, com "c", lá terminou e deixou-me desimpedido para outras actividades, como por exemplo visitar o veleiro Américo Vespúcio, que esteve uns dias atracado em Lisboa, ou assinalar os cinquenta anos da chegada do homem à Lua.
Em Agosto, dei por encerrada a leitura que rivalizou com os livros de Direito durante meses, O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo, o meu primeiro de Haruki Murakami. Fui de férias para o Algarve, e bem precisava, mas continuei a acompanhar a série que ainda comecei a ver por cá, Chernobyl, que recomendo, aliás, no canal HBO. E tive cinema, claro, como em todos os meses. Não preciso estar sempre a lembrá-lo.
Em Setembro, o mundo recordava o início da II Guerra Mundial, e eu procurava aproveitar alguns descontos na Feira do Livro de Belém. Os festivais começaram em força, com o MOTELX. Em Portugal, já só se falava dos debates das eleições legislativas; eu preparava-me para o segundo grande festival do mês, o Queer Lisboa 23.
Em Outubro, escrevi tanto como não fazia há anos. Vinte e sete publicações. Creio que desde 2010 que não publicava tanto. O ciclo de mortes, infelizmente, haveria de marcar o último trimestre de 2019. O primeiro a deixar-nos foi o Prof. Freitas do Amaral, em cujo velório fiz questão de comparecer. Compareci também numa conferência da Nova Portugalidade subordinada ao tema da regionalização, à qual me oponho e que vinte anos depois volta a estar na ordem do dia. Tracei uma breve análise às eleições legislativas e ainda tive tempo para estar presente numa exposição e palestra evocativas das relações entre Portugal e o antigo Sião. O mês foi muitíssimo rico em cinema, quer em filmes actuais, quer em clássicos do cinema francês. Se quiserem e puderem, revejam toda essa actividade bastante profícua no separador respeitante a Outubro. Destacaria alguns apenas: Sans toit ni loi, Parasitas e aquele que para mim é um dos melhores filmes portugueses de sempre, A Herdade, entre muitos outros. Mas não só de cinema se fez o mês: a peça Antígona esteve nos palcos do Dona Maria II, e eu escolhi um dos últimos dias.
O Miguel faleceu no dia 9.
Em Novembro, Joacine Katar Moreira, pelos piores motivos, era notícia na imprensa. Cem anos antes, Sophia de Mello Breyner Andresen nascia. Fui à FCSH da Nova da Lisboa, a uma conferência sobre o galego e o português, e ao grande evento da Nova Portugalidade na Casa de Goa, O Império Contra-Ataca. Houve clássicos no cinema: Um Crime no Expresso do Oriente.
Em Dezembro, abracei os concertos de Natal. Tive o Concerto de Fim de Ano, o AmeriChristmas, o Concerto de Homenagem ao maestro Michel Corboz, o Concerto da Orquestra Clássica Metropolitana, no São Luiz, e As Grandes Canções Natalícias Clássicas e do Cinema, no Convento dos Cardaes. A vocalista dos Roxette, Marie Fredriksson, deixava-nos precocemente, bem assim como o Prof. Silva Dias. Dias antes do Natal, aceitei o convite do caro Manel para um agradável jantar.
O ano em que a blogosfera mais se ressentiu teve o mês em que, paradoxalmente, mais publiquei desde que o blogue surgiu: vinte e sete publicações em Outubro. É obra! Diria mais: foi o ano em que descobri que o blogue se valia por si só. Blogues houve que não resistiram ao tempo, à falta de reconhecimento ou ao tédio dos autores. Durante anos, julguei que as pessoas escreviam por gosto. Depois, vim a saber que também o faziam à procura de fama e de dinheiro. A frustração, num e noutro casos, levou-as a abrandar ou até a dar por encerrada esta grande aventura. Uma aventura que honra o nome que há quase doze anos escolhi para lhe dar início. Uma aventura cada vez mais minha e menos para quem me lê, porém, partilhada com os poucos que valem a pena. Uma aventura da qual me orgulho, indiscutivelmente.
Deixo-lhes os sinceros votos de uma excelente entrada em 2020. Ah, e por favor: não comemorem a mudança de década. Os loucos anos 20 deste século começam em 2021.
Um Bom Ano Novo! Vemo-nos por aí.
A vermelho, as hiperligações para os artigos correspondentes. Clicando sobre cada uma, serão redireccionados automaticamente.
Em Maio, fiz referência ao XI aniversário do blogue. Já se antecipava a histórica derrota da direita com um intento de crise política. Falou-se das europeias no encerrar do mês.
Em Junho, participei de uma conferência da Nova Portugalidade, Salazar e a Restauração da Monarquia. Foi um mês de muito estudo para os exames; em todo o caso, ainda tive tempo para passar pela Feira do Livro para adquirir alguns bons volumes. Simultaneamente, comecei a acompanhar a Copa América.
Em Julho, dava início ao ciclo de festivais de cinema que marcariam o Verão, com uma breve passagem pela mostra de cinema brasileiro em Lisboa. Após exames e uma oral, o ano lectivo, com "c", lá terminou e deixou-me desimpedido para outras actividades, como por exemplo visitar o veleiro Américo Vespúcio, que esteve uns dias atracado em Lisboa, ou assinalar os cinquenta anos da chegada do homem à Lua.
Em Agosto, dei por encerrada a leitura que rivalizou com os livros de Direito durante meses, O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo, o meu primeiro de Haruki Murakami. Fui de férias para o Algarve, e bem precisava, mas continuei a acompanhar a série que ainda comecei a ver por cá, Chernobyl, que recomendo, aliás, no canal HBO. E tive cinema, claro, como em todos os meses. Não preciso estar sempre a lembrá-lo.
Em Setembro, o mundo recordava o início da II Guerra Mundial, e eu procurava aproveitar alguns descontos na Feira do Livro de Belém. Os festivais começaram em força, com o MOTELX. Em Portugal, já só se falava dos debates das eleições legislativas; eu preparava-me para o segundo grande festival do mês, o Queer Lisboa 23.
Em Outubro, escrevi tanto como não fazia há anos. Vinte e sete publicações. Creio que desde 2010 que não publicava tanto. O ciclo de mortes, infelizmente, haveria de marcar o último trimestre de 2019. O primeiro a deixar-nos foi o Prof. Freitas do Amaral, em cujo velório fiz questão de comparecer. Compareci também numa conferência da Nova Portugalidade subordinada ao tema da regionalização, à qual me oponho e que vinte anos depois volta a estar na ordem do dia. Tracei uma breve análise às eleições legislativas e ainda tive tempo para estar presente numa exposição e palestra evocativas das relações entre Portugal e o antigo Sião. O mês foi muitíssimo rico em cinema, quer em filmes actuais, quer em clássicos do cinema francês. Se quiserem e puderem, revejam toda essa actividade bastante profícua no separador respeitante a Outubro. Destacaria alguns apenas: Sans toit ni loi, Parasitas e aquele que para mim é um dos melhores filmes portugueses de sempre, A Herdade, entre muitos outros. Mas não só de cinema se fez o mês: a peça Antígona esteve nos palcos do Dona Maria II, e eu escolhi um dos últimos dias.
O Miguel faleceu no dia 9.
Em Novembro, Joacine Katar Moreira, pelos piores motivos, era notícia na imprensa. Cem anos antes, Sophia de Mello Breyner Andresen nascia. Fui à FCSH da Nova da Lisboa, a uma conferência sobre o galego e o português, e ao grande evento da Nova Portugalidade na Casa de Goa, O Império Contra-Ataca. Houve clássicos no cinema: Um Crime no Expresso do Oriente.
Em Dezembro, abracei os concertos de Natal. Tive o Concerto de Fim de Ano, o AmeriChristmas, o Concerto de Homenagem ao maestro Michel Corboz, o Concerto da Orquestra Clássica Metropolitana, no São Luiz, e As Grandes Canções Natalícias Clássicas e do Cinema, no Convento dos Cardaes. A vocalista dos Roxette, Marie Fredriksson, deixava-nos precocemente, bem assim como o Prof. Silva Dias. Dias antes do Natal, aceitei o convite do caro Manel para um agradável jantar.
O ano em que a blogosfera mais se ressentiu teve o mês em que, paradoxalmente, mais publiquei desde que o blogue surgiu: vinte e sete publicações em Outubro. É obra! Diria mais: foi o ano em que descobri que o blogue se valia por si só. Blogues houve que não resistiram ao tempo, à falta de reconhecimento ou ao tédio dos autores. Durante anos, julguei que as pessoas escreviam por gosto. Depois, vim a saber que também o faziam à procura de fama e de dinheiro. A frustração, num e noutro casos, levou-as a abrandar ou até a dar por encerrada esta grande aventura. Uma aventura que honra o nome que há quase doze anos escolhi para lhe dar início. Uma aventura cada vez mais minha e menos para quem me lê, porém, partilhada com os poucos que valem a pena. Uma aventura da qual me orgulho, indiscutivelmente.
Deixo-lhes os sinceros votos de uma excelente entrada em 2020. Ah, e por favor: não comemorem a mudança de década. Os loucos anos 20 deste século começam em 2021.
Um Bom Ano Novo! Vemo-nos por aí.
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