A polémica está instalada, e eu associo-me. Desde os gastos milionários aos transportes públicos, a Câmara Municipal de Lisboa preocupa-se mais com um evento extraordinário do que com a qualidade de vida dos lisboetas. Palcos de custos astronómicos, transportes públicos gratuitos para os peregrinos, ao passo que viver em Lisboa é cada vez mais uma tarefa impossível, incomportável para a carteira do português médio. Não tem que ver com nenhum sentimento anti-religioso; tem que ver com a hipocrisia: para um evento religioso, sim, tudo; para os lisboetas, para as pessoas que vivem na cidade, nada, ou pouco.
Por parte da Igreja, não esperaria mais. Sabemos como tudo funciona no seio daquela instituição. Luxo e ostentação, sapatos da Prada para o Papa, muito ouro, dinheiro, interesses. Ascetismo e sobriedade apenas na teoria, e sempre desde que se aplique ao fiel. Os números da Igreja, porém, não se resumem apenas às cifras. Há outros, de que todos se parecem esquecer.