Simpatize-se ou não, este senhor conseguiu pôr o país todo, mesmo todo -incluindo jornalistas de renome-, a falar dele durante dias a fio. Eu, por José Castelo Branco, não sinto nada. É verdade que algumas das suas bichices me dão vontade de rir, o que se verificava sobretudo há uns vinte anos, quando ele se tornou mediático. Portugal era mais cinzento, e Castelo Branco surgiu assim como uma personagem irreverente e profundamente diferente. Deu o corpo às balas, é certo, porque hoje já vai sendo comum ver homens maquilhados e vestidos com roupa feminina. Usar-se estes termos, como “roupa feminina”, é controverso. Eu acho que não há roupas femininas nem masculinas. Somos nós quem lhes colocamos rótulos. Refiro-o assim para me fazer entender.
Entretanto, havia um aspecto que era quase consensual em Castelo Branco: a atenção que dedicava à sua esposa, a joalheira Betty Grafstein, inglesa radicada nos Estados Unidos que herdou um império do segundo marido. Independentemente dos motivos de Castelo Branco (com uns a dizer que se casara por interesse), a senhora aparecia sempre bem cuidada, estimada, ele parecia levantar-lhe a moral, e a mim parecia-me bem. Estas pessoas, a partir de uma certa idade, devem ser estimuladas, caso contrário acabam numa cama, prostradas, e parar é morrer. As acusações de violência doméstica vêm trocar-nos as voltas.
Eu não sei se Castelo Branco é culpado ou inocente. Ninguém sabe, excepto ele e a alegada vítima ou quem terá presenciado as cenas de violência. Compete à justiça apurar a verdade. O que sei é que esta personagem granjeou muitos inimigos ao longo dos anos, pela sua personalidade e excentricidade. As opiniões sobre ele e a sua relação pública com Betty Grafstein são díspares. Há, evidentemente, um aproveitamento por parte de algumas pessoas que aparecem agora, vindas do nada. Há contradições, há aspectos que parecem não coincidir e há muita suspeição. Quanto a mim, até que se prove o contrário, prefiro manter uma postura cautelosa e acreditar na inocência de Castelo Branco.