Sendo sincero, já me custa estar sempre a escrever desgraças, mas que poderei fazer eu? Creio que me lançaram um mau olhado, ou algo do género. Não sou dado a acreditar neste tipo de coisas (inclusive considero-me agnóstico), mas por vezes deparo-me com determinadas circunstâncias, pessoais e nos outros, que me levam a considerar a existência de más energias, pelo menos. Não sei se isso implicará deuses.
Fazendo-o quase em jeito de relatório, depois do meu padrasto (05/03), da minha mãe (10/03), da minha avó paterna (03/07), da minha tartaruga (11/07), na sexta-feira passada morreu-me o Diesel, o meu cãozinho, que adoptara há dois anos, pouco tempo depois de vir viver para Espanha. Na quarta-feira estava perfeito. Na quinta de manhã, tive de ir a Vigo tratar duns assuntos no vice-consulado de Portugal, e despedi-me dele. O meu marido levou-o a passear antes de ir para o consultório e logo me disse que o Diesel vomitara. Bem, não fiquei preocupado. O Diesel vomitara várias vezes antes, era-lhe comum, até depois de comer ervas, que lhes servem como purga. À noite, tarde, quando chegámos, tínhamos tudo vomitado, e decidimos esperar pelo dia seguinte para levá-lo ao veterinário. Morreu de manhã, pelas 10h, no corredor. Diz quem conhece mais do assunto que eu (o meu marido e o veterinário) que provavelmente morreu envenenado. Se de forma intencional ou não, não se sabe. Levantaram-se-me mil e uma dúvidas, inúteis, porque não há nada a fazer quando nos deparamos com estas situações.
Reajo quase de forma apática a estas últimas mortes. Racionalmente, tartarugas e cães há muitos, e da minha avó nem gostava particularmente. O que esta sucessão de mortes vem fazer é agudizar-me a dor pela morte da minha mãe, e questionar-me sobre o porquê, o porquê disto tudo, destas mortes que se somam sem parar num espaço temporal tão curto.