5 de novembro de 2019

Não sei se não será uma bênção para todos nós.


  Joacine Katar Moreira protagonizou, com outros actores da vida política, uma mudança na casa da nossa democracia. O parlamento tem mais partidos, mais sensibilidades, e tem pela primeira vez uma deputada portadora de uma deficiência que a tornou conhecida. Joacine sofre de uma perturbação da fluência, vulgo gaguez, numa forma particularmente grave que a prejudica sobremodo na expressão oral, na capacidade de se comunicar e fazer entender. Eu pude ouvir a sua primeira intervenção no parlamento, e aquele momento foi doloroso de se assistir.

   Se a deputada se vale do seu problema para se fazer eleger,  não sei. Não tivemos parlamentares que fizeram campanha com a família? Nos EUA, é comuníssimo que os políticos e o eleitorado se valham de características pessoais, profissionais, familiares na vida pública e política. Se foi a estratégia de Joacine, os meus parabéns. Conseguiu-o. O que mais me incomoda nesta senhora nada tem a ver com a sua gaguez, a sua alegada vitimização, os proveitos que tira dela ou, eventualmente, como vem sendo acusada, de exagerar, ou seja, de representar, de tornar o seu "problema de expressão" pior do que ele é. O que me incomoda é o seu discurso perigoso, extremista, manipulador. Historiadora de formação, Joacine sabe bem que a História não tem uma única face. Tem várias. Sabe bem que o que nos deve importar é o rigor científico. E sabe também que não devemos ser juízes de um passado que não vivemos. 

  Joacine, que tanto clama contra a campanha de ódio dirigida a si, é ela própria um agente de propagação de ódio ao querer criar uma cisão na sociedade portuguesa entre aqueles que ela considera os bons, os seus, as tais minorias, e os maus, os homens brancos, masculinos, que ela atira para um mesmo saco. Quem não está com ela, é contra ela. Não, eu não quero que Joacine ponha o seu lugar à disposição. Eu sei que quando não quero ler uma notícia, não a leio. Quando não quero ouvir alguém na televisão, mudo de canal. Quando não quero ser confrontado com determinado conteúdo nas redes sociais, bloqueio. 

  Joacine é mais do que uma deputada. É a porta-voz de uma ideologia e um programa político claro: diabolizar os portugueses, Portugal, a nossa história, o nosso passado. Vai fazer questão de nos lembrar permanentemente de quem fomos, do que fizemos, procurando talvez que nos penitenciemos. Será quase uma inquisidora, de instrumento de tortura nas mãos, neste caso as redes sociais, sempre disposta a acusar e atacar. Os problemas dos portugueses e do país não lhe importam. Importam-lhe, qual segregacionista, os problemas das minorias que protege e às quais dá cobertura. Nesse sentido, não sei se a sua gaguez não será uma bênção para todos nós.

8 comentários:

  1. Este mundo de hoje está muito difícil de ser compreendido e de ser suportado. Penso que meu prazo de validade está vencendo!

    Beijão

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  2. O Zé Maria está de volta na versão feminina, negra e gaga... O Poder Negro está a subir neste país, onde já aparecem a dizer que ganham 1 200 euros de RSI. Onde anda a Ministra da Justiça e o que Joacine tem a dizer a isto?!
    Vergonha amigo, vergonha

    Abraço amigo

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    1. O mais caricato é um vídeo de Janeiro deste ano onde ela surge a discursar sem gaguejar. Certamente que os terapeutas da fala e os médicos terão uma explicação qualquer, porque eu desconheço-a…

      Um abraço.

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  3. Só gostaria que alguém me dissesse o que passa na cabeça destes políticos e das pessoas que os elegem, para colocarem uma pessoa com esta disfunção numa posição onde o discurso é fundamental.
    Quando a senhora vai a meio da segunda palavra já não me lembro qual foi a primeira, e o discurso da senhora esvai-se num mar de escombros e vagas alterosas de ideias perdidas e pretensões vãs.
    Percebê-la é algo que vai fazer perder a paciência aos mais santos, e não creio que a assembleia se distinga por esta qualidade de pessoas.
    E quando a senhora se percebe, é péssimo, pois é um chorrilhos de dislates segregacionistas e obtusos, mal intencionados, que, dado o milagre de termos uma cambada de néscios e preguiçosos, talvez passem despercebidos.
    Ainda bem que o Mark não pertence a esta categoria, senão o desastre seria total.
    Continuo sem perceber esta política à portuguesa que só consegue "dar tiros no pé".
    Não sei se não prefira o Trump!!!! E tenho um desagrado especial por este homenzinho imbecil e caricato!
    Uma boa semana
    Manel

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    1. Olá, Manel! Bons olhos o leiam!

      Quanto à primeira parte, eu tendo a discordar. Ouvi recentemente um comentador político na SIC com a mesma opinião do Manel e também não pude concordar, porque, apesar de reconhecer que a fluência oral é imprescindível num político, temos de dar as mesmas oportunidades a todos. Não podemos dizer a alguém: "olha, não podes ser deputado porque gaguejas". É verdade que se torna incomodativo e prejudica a compreensão, mas aí creio que temos de ser tolerantes.

      O meu problema com esta senhora prende-se àquilo que o Manel refere na segunda parte: o seu segregacionismo e o seu discurso odioso. Será mais um cavalo de tróia e uma anti-portugalidade na casa de todos nós.

      Uma continuação de excelente semana. :)

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  4. Um bem haja pela sua tolerância, eu já perdi a capacidade e não tenho a paciência.
    Mas ainda bem que existem pessoas como o Mark, senão seria um mundo de Velhos do Restelo, que é naquilo em que me estou a transformar
    Manel

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    1. Eheheh, eu diria que com a idade vamos ficando menos susceptíveis aos filtros. Deixamos de fazer "fretes". :D

      Uma boa semana!

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