Finalmente, após marcações e desmarcações, o M. conseguiu a sua tão almejada (e merecida) semana de férias. Desde logo pensámos em Estocolmo, na Suécia, um plano que saiu gorado dadas as circunstâncias em que nos encontramos. Sair de Espanha poder-se-ia revelar perigoso, e tememos que fechassem o espaço aéreo e mais não-sei-o-quê; eu, por mim, teria ido, mas a situação profissional do M., de enormíssima responsabilidade, não lhe permitia dar-se ao luxo de ficar retido na Escandinávia.
Decidimo-nos, então, por Bilbao (Bilbau em português), a capital de Euskal Herria, o mesmo que se dizer do País Basco. Indecisos entre esta cidade, Santander e San Sebastián, considerámos que melhor seria começar pela capital, que além do mais dispõe de um museu de reputação internacional, o Guggenheim de Bilbao. Assim foi.
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A Ponte Zubizuri e a Ria de Bilbao
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Bilbao é uma cidade que tem muitíssimo para ver. Tivemos 5 dias e todos eles foram preenchidos. Chegámos na segunda-feira pelas 1h30 e, no dia seguinte, percorremos a cidade, o seu núcleo antigo, o Casco Viejo, com aquelas ruas tradicionais que nos fazem lembrar, em certa medida, Lisboa. Por lá, não deixem de entrar na Catedral de Santiago. Antes disso, e uma vez que o nosso hotel ficava defronte à ria de Bilbao, caminhámos pelas suas margens, apreciando as pontes que as unem. Fomos também ao Miradouro de Artxanda, com as melhores vistas sobre a cidade. Para lá chegar, apanha-se um funicular de percurso íngreme. No mesmo dia, visitámos a deslumbrante Basílica de Nuestra Señora de Begoña, de acesso difícil, ao alto de uma extensa escadaria, a Via Crucis, e o Museo Vasco.
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A Basílica de Nuestra Señora de Begoña
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A terça-feira, reservámo-la para Portugalete e Getxo, duas localidades a norte de Bilbao, acessíveis por metro, e que são de visitar. Por lá, além do Museu da Indústria (Bilbao é uma região altamente industrializada, como de resto todo o País Basco), fizemos a travessia pela Ponte de Vizcaya, que une as duas localidades. A ponte é Património Mundial da Unesco. Em Getxo, visitámos o Moinho de Aixerrota e o respectivo miradouro, a Paróquia da Santíssima Trindade e todo o percurso do Paseo Muelle de las Arenas. Antes, em Portugalete, passámos pela Basílica de Santa Maria, pelo Ayuntamiento e pela Torre Salazar. Em Getxo, percorremos as ruas tradicionais, redutos do velho nacionalismo basco, a julgar pela quantidade de bandeiras da região e de símbolos independentistas que verificámos nas paredes das tradicionais casas bascas.
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A Ponte Vizcaya
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Na quarta-feira, fomos conhecer a zona mais moderna da cidade, onde estão situados inúmeros museus. Desde logo, uma passagem pelo Parque Doña Casilda é obrigatória. Encontrámo-lo em remodelações, todavia, mantém grande parte das fontes de água activas. É conhecido também como o jardim dos patos. A meio, relativamente, está situado o Museo de Bellas Artes, que nos ocupou o resto do dia. À noite, como de costume, fomos comer os famosos pinchos espanhóis no Mercado de la Ribera. Não deixem também de visitar o edifício do Teatro Arriaga. Ao final da tarde, fomos até ao Azkuna Zentroa, um edifício cujos pilares, 43, têm todos eles formas e cores distintas. Curioso.
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Vistas sobre a Torre Iberdrola desde o Parque Doña Casilda
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Acerca do museu de belas artes, reservem uma tarde inteira. Tem tanto para ver... Eu, como apreciador que sou de arte, gosto de me deter ante cada obra; apreciá-la, ler os informes, com serenidade. Consequentemente, levo tempo. Há quem prefira passear-se pelos museus como o faz numa avenida. São opções respeitáveis, claro, mas que não me servem.
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O Outono em Bilbao
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Na recta final da nossa estadia em Bilbao, fomos ao Guggenheim, claro está, o grande ex-libris da cidade, que visitei desconfiado, por não gostar de arte moderna, regra geral, mas expectante, por se tratar do meu primeiro grande museu de reputação internacional. Adorei-o. Mil vezes adorei-o. Põe a um canto, passo a expressão, qualquer museu de arte moderna português. Quando lá forem, não se esqueçam de descarregar a aplicação à entrada, que lhes permite efectuar a visita recorrendo à ajuda de um áudio-guia indispensável à compreensão da história e estética do edifício e das obras de arte que alberga. Reservem igualmente uma tarde para ver tudo com a calma e a exigência que o museu merece.
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O plátano morto e o Guggenheim atrás
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Na sexta-feira, antes do regresso passámos pelo Museo Marítimo e despedimo-nos da cidade com uma última ronda.
Gastronomicamente, degustei o bacalao al pil pil, basco, que deixou muito a desejar, o txipipulo encebollado, de que gostei, e a costilla de euskal txerri com duxelle de champiñones de Paris, estes últimos no galardoado (com estrela Michelin) e prestigiado restaurante Los Fueros. De sobremesa, é imperdoável sair-se do País Basco sem provar a deliciosa pantxineta.
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Um pecado de calorias! |
Como tanto eu como o M. gostamos de arte, adquirimos alguns volumes: Picasso, Frida Kahlo, Lee Krasner, um livro de entrevistas de Andy Warhol e uma obra que nada tem que ver com arte, mas que comprámos igualmente no museu de belas artes, sobre Filipe II de Espanha (I de Portugal).
Bilbao vale a pena conhecer. A cidade é bonita, e o Guggenheim é um daqueles museus que convêm visitar.
Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.