Quiçá estejamos perante o melhor filme de 2019. Esta longa sul-coreana foi a melhor surpresa do ano, após um amigo ma recomendar. Torci o nariz, que a minha experiência com filmes asiáticos não é a melhor. É, acima de tudo, uma majestática sátira à sociedade capitalista da aparência, estratificada, do deslumbramento, com sucessivas referências aos Estados Unidos e ao ocidente através do estilo de vida da classe alta da Coreia do Sul, tão alheio da realidade das populações menos favorecidas, confinadas a guetos superpovoados e insalubres. Atingir um patamar de riqueza e bens materiais, de ostentação, numa sociedade desenvolvida como o é a Coreia do Sul, torna-se numa febre capaz de gerar todo o tipo de actos irreflectidos. O modo engenhoso em que o argumento foi elaborado, com tamanha maestria, não nos faz surpreender a aclamação universal (em Cannes, arrecadou a Palma de Ouro).
Não menos interessante é perceber que o filme conjuga vários elementos dos filmes mainstream. Tão depressa passa da comédia como ao drama e ao terror. O que parece, à primeira vista, tratar-se de uma história de quatro vigaristas familiares, capazes de todo o tipo de patifarias e esquemas sórdidos, daí o parasitas, revela-se, afinal, um retrato social corajoso e original, totalmente subversivo, capaz de despoletar várias das nossas emoções, da lástima ao riso, à piedade e ao horror, particularmente no seu terrível e inusitado final.
A vida troca-nos as voltas. É o que ali sucede. Tão depressa estamos rodeados de iguarias raras, desfrutando de luxos, como, num ápice, nos vemos arrastados em ruelas. E para quê fazer planos quando somos confrontados com verdadeiros vendavais que arrastam atrás de si todos os nossos sonhos?
O cheiro impregnado nas roupas daqueles quatro perdidos, o bêbado que lhes urinava à porta e o próprio cenário de inundação, naquela cave imunda, ajudam a completar o quadro de degradação. A degradação moral aliava-se às más condições em que viviam, e entretanto pouco procuravam fazer para, licitamente, mudar para melhor. Escolheram o caminho mais fácil, sem olhar a meios, sofrendo as devidas consequências. E pesadas que foram.
A vida troca-nos as voltas. É o que ali sucede. Tão depressa estamos rodeados de iguarias raras, desfrutando de luxos, como, num ápice, nos vemos arrastados em ruelas. E para quê fazer planos quando somos confrontados com verdadeiros vendavais que arrastam atrás de si todos os nossos sonhos?
O cheiro impregnado nas roupas daqueles quatro perdidos, o bêbado que lhes urinava à porta e o próprio cenário de inundação, naquela cave imunda, ajudam a completar o quadro de degradação. A degradação moral aliava-se às más condições em que viviam, e entretanto pouco procuravam fazer para, licitamente, mudar para melhor. Escolheram o caminho mais fácil, sem olhar a meios, sofrendo as devidas consequências. E pesadas que foram.
Resenha muito bem feita. Não assisti o filme ainda.
ResponderEliminarGostei do blog. Estarei por aqui agora.
Bom fim de semana!
Até mais, Emerson Garcia
Jovem Jornalista
Fanpage
Instagram
Obrigado pelas palavras.
EliminarUm bom fim-de-semana. :)
Aprecio muito os filmes orientais ...
ResponderEliminarEste, particularmente, é excelente.
EliminarFiquei com curiosidade
ResponderEliminarabraço
Ainda o podes ir ver. :)
Eliminar