7 de abril de 2019

A revolução nos transportes públicos.


   Pelo que consta, desde o 25 de Abril que não se via algo tão surpreendente nos transportes públicos de Lisboa e do Porto. A medida já havia sido anunciada há uns bons meses, e resulta do acordo entre o Governo e os municípios. Entrou em vigor no dia 1 do presente mês. Por, no máximo, 40 euros mensais, podemos viajar nos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa. A mim, que desde 2015 moro no concelho de Vila Franca de Xira, deu-me imenso jeito. Eu não ando de carro. Tenho a carta há uns bons anos, contudo não me ajeito a conduzir. Mal de família. A minha mãe nunca conduziu bem, o meu pai idem, e o meu finado avô também não. Enfim. 

   A minha poupança mensal é de 60 euros. O anterior passe, que na verdade eram dois, custava em torno de 100. Poucos cêntimos faltavam. Leram bem, dois passes: um para o comboio e o metro, e outro, porque não havia combinado, apenas para o autocarro, porque da estação da cidade onde moro até ao edifício ainda distam quase dois quilómetros. Além do mais, o passe não me dava para ir a Belém, por exemplo, ou a Benfica, ou à Ajuda, and so on. Estava circunscrito ao percurso normal e às carreiras de uma determinada empresa de transportes. Com este passe, tenho liberdade total dentro da Área Metropolitana. Posso ir ao Carregado, a Mafra, a Setúbal, Sintra, Cascais, enfim. Em todas as empresas de transportes. Sair onde quiser.

  Parece que descobri a pólvora, não? Faz-me diferença no orçamento anual, e a milhares de famílias. A ideia vai ser estendida a todo o país, pelo que li. Embora acredite que isto terá um preço mal o PS ganhe as eleições - porque é uma verdadeira bomba eleitoral em ano de legislativas e europeias -, não deixa de ser uma excelente medida que ajudará à mobilidade, à qualidade do ar na cidade (tirando carros das ruas) e à poupança. Era cansativo depender de bilhetes e carregamentos para ir a qualquer lugar não abrangido pelos respectivos títulos mensais. Perdia-se tempo e vontade.

   Hoje mesmo, fui a Belém, de comboio, e voltei de autocarro. Fui já ao final da tarde, só mesmo para caminhar um pouco. Será uma zona mais explorada por mim a partir de agora, claro está. Entrarei de férias no dia 12, e tenho em vista, talvez, se o tempo e a disposição ajudarem, umas visitas pela área metropolitana.

   Se as pessoas forem sensatas, não darão a maioria ao PS. As maiorias obstam aos consensos e quase esvaziam o conteúdo útil do parlamento: um governo, com maioria, instrumentaliza o parlamento. Sabe que tudo o que sujeitar à Assembleia da República será aprovado. E sabe, por sua vez, que poderá inviabilizar tudo o que venha da oposição. Tem a faca e o queijo na mão, em rigor. Isto supondo que o PS irá ganhar as legislativas. Com o esbatimento do PSD e a dificuldade do CDS em se afirmar definitivamente como força política governativa, creio não restarem grandes dúvidas. Os passes ajudaram.


4 comentários:

  1. Interessante o assunto que hoje o traz por aqui. Já tinha ouvido falar sobre este passe.
    Na pastelaria onde costumo almoçar, havia um sururu intenso há uma semana atrás, pois a meia dúzia de empregados que ali trabalha, vive nas periferias, e discutiam entre si, e de uma forma absolutamente frenética, na forma como este passe se refletiria positivamente nas respetivas economias.
    Congratulei-me, mas pensei logo que esta medida tem "cheiro" eleitoral, mas afinal é para isso mesmo que serve a vida política de um país; se não fossem estes atos de benemerência social, ainda que encapotados de princípios pouco louváveis, a vida das populações seria bem pior. Por isso, como diz o povo (e tive uma avó que vivia destas máximas todas, por isso sei-as de cor) - "enquanto vai e vem o pau, folgam as costas".
    Estou plenamente de acordo consigo quando refere que as maiorias são perigosas e devem ser evitadas cuidadosamente, e espero que os portugueses não tenham a memória curta. Nunca votarei nos socialistas, pois não é opção que me satisfaça, e só espero que nunca tenham quaisquer maiorias! São um perigo, e não me refiro só aos socialistas, refiro-me a qualquer opção política dentro do espectro que hoje temos (deixar-lhe-ei um comentário mais alargado no seu e-mail, pois considero que este espaço não serve para coisas mais extensas – chega de testamentos públicos).
    Espero que tenha um bom final de semana
    Manel

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    1. Quando o Manel disse "as periferias", não pude evitar sentir-me um suburbano. (risos)

      Realmente, moro aqui porque a minha mãe quase me arrastou. Morava no centro de Lisboa, perto de tudo. Não imagina a volta que a vida deu, enfim.

      Olhe, eu estou tentado a votar nulo. Branco não porque temo que votem por mim.

      Já o li, ao seu comentário, e vou responder de seguida. Uma boa continuação de semana.

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