Nada mais natural do que começar a publicação com esta evidência: Bolsonaro, o candidato que começou por ser uma piada, que chegou a perder um debate com, veja-se!, Marina Silva, fez-se eleger Presidente do Brasil. Mérito seu, muito, e o PT também lhe deu um valente empurrão. Desgastado por tantos escândalos de corrupção e favorecimentos, o PT, através de Haddad, pensou que colar-se a Lula teria um efeito positivo. Esqueceu-se de que o povo brasileiro está farto de instabilidade, de estagnação económica, de violência, de ver e sentir os seus direitos diariamente atacados e restringidos. Os opositores temem pela sua liberdade, estando longe de perceber que já não a têm: não há liberdade sem paz social, sem segurança, sem tranquilidade.
Bolsonaro, com os votos apurados, ganhou por quase 55 %, ao passo que Haddad se terá ficado por pouco menos de 45 %. Não venceu à tangente, não. Teve uma vitória significativa, ainda que considerando que a sociedade brasileira está totalmente dividida. O que quero dizer é que não foi uma disputa renhida. Bolsonaro ganhou e Haddad perdeu. Uma machadada no PT, sem hecatombe. Haddad, no seu discurso de derrota, não pronunciou nem por uma única vez o nome de Lula. Um momento de viragem no partido, quem sabe.
Agora que a vitória está consumada, começaram os desafios de Bolsonaro. Eu apontaria três imediatos, a concretizar nos seus dois primeiros anos de mandato: primeiro, pacificar a sociedade brasileira, totalmente fragmentada com esta campanha. Houve casais que se separaram, amigos de longas décadas que se deixaram de falar. Este acto eleitoral foi fracturante. A sociedade brasileira está como que dividida em duas partes. Em segundo lugar, Bolsonaro terá de assegurar a governabilidade. Na Câmara dos Deputados, o presidente eleito tem 52 deputados. Muito pouco. Terá de conseguir gerar consensos. Num parlamento com dezenas de partidos, é difícil conseguir-se chegar a um pacto de salvação nacional, a um compromisso. Em terceiro, Bolsonaro terá de mostrar resultados nomeadamente na diminuição da criminalidade, talvez um dos pontos nevrálgicos, com os costumes, destas eleições.
Ouvi os discursos dos dois candidatos. Da parte de Haddad, desde logo tenho a lamentar que não tenha, democraticamente, dado os parabéns ao oponente. Não lhe ficaria mal, muito antes pelo contrário. Os brasileiros votaram em liberdade, repito, em liberdade. Elegeram o seu presidente para os próximos quatro anos, e fizeram-no por uma maioria expressiva de 55 milhões de eleitores. É bom que a esquerda e simpatizantes o interiorizem. Depois, não reconheceu a derrota. Referiu-se a quem o apoiou apenas, como se os demais brasileiros não lhe interessassem, e prosseguiu no discurso de terror que caracterizou o PT e a esquerda brasileira (e internacional) durante a campanha. Já Bolsonaro, por seu lado, e pese embora tenha achado aquele momento de oração meio circense, teve um discurso inteligente e equilibrado, diferente do Bolsonaro que conhecemos. Frisou que quer aproximar o Brasil dos países desenvolvidos. Claramente um piscar d'olho para Donald Trump, que será o seu aliado. Lamento não ter ouvido nenhuma menção a Portugal e aos países de língua portuguesa. Espero que esta ausência / esquecimento não se traduza numa efectiva indiferença com respeito ao povo português, antepassado do brasileiro.
Bolsonaro conseguiu o apoio de 15 entre os 27 governadores eleitos. Nas comunidades estrangeiras, em quase todos os núcleos onde os brasileiros puderam votar, Bolsonaro saiu vencedor. A mensagem do povo irmão é inequívoca: quer uma mudança urgente. Acredito que muitos tenham votado em Bolsonaro sem simpatizar com o militar na reserva. Rejeitam eleger mais do mesmo. O povo brasileiro está cansado de promessas vãs, de políticos que se sucedem no tempo sem que o país melhore efectivamente. Para o presidente eleito, chegou o momento, após tomar posse, em Janeiro, de mostrar trabalho. Os anos de congressista terminaram. O povo cobrar-lhe-á medidas efectivas.
No discurso, Bolsonaro enunciou as linhas mestras, em traços muito gerais, do que será o seu mandato. Foi bem mais conciliador, pacificador. Está já a trabalhar no primeiro dos desafios que lhe apontei acima. Comprometeu-se a respeitar a democracia, e referiu inúmeras vezes a palavra liberdade. Alinhar-se com a esquerda está fora de questão, e bem, a meu ver. O viés ideológico, para o presidente eleito, terminou. Um bom sinal para o Brasil, que se afastará assim, definitivamente, de Cuba e da Venezuela, do socialismo internacional. As bancadas religiosas serão o seu grande suporte. Antes de discursar, quem o acompanhava mencionou os cristãos, evangélicos e católicos, que estiveram sempre na linha da frente de apoio ao então candidato.
O Governo e a Presidência da República já enviaram as felicitações a Jair Bolsonaro. As relações entre Portugal e o Brasil continuarão estáveis. Com a geringonça no poder, não auspicio grandes aproximações. Muito os separa de Bolsonaro. Espero que o impulso, então, parta do presidente brasileiro. Urge aproximar Portugal e o Brasil. Não me contento com as meras relações bilaterais, formais. Essas, estabelecemo-las com qualquer país. O Brasil representa-nos bem mais. Que Bolsonaro seja sensível aos estragos que a esquerda brasileira operou nas nossas relações, através dos discursos de ódio de Lula, e que procure a conciliação. Portugal pode ajudar o Brasil nessa busca pela sua identidade: lusófona, cristã, tradicional.
Para terminar, também eu felicito o presidente brasileiro. Num mundo global, nunca sabemos por quem somos lidos. Estou confiante. Que Bolsonaro seja sensível ao capital de esperanças que milhões, no Brasil e não só, depositam em si.
Ouvi os discursos dos dois candidatos. Da parte de Haddad, desde logo tenho a lamentar que não tenha, democraticamente, dado os parabéns ao oponente. Não lhe ficaria mal, muito antes pelo contrário. Os brasileiros votaram em liberdade, repito, em liberdade. Elegeram o seu presidente para os próximos quatro anos, e fizeram-no por uma maioria expressiva de 55 milhões de eleitores. É bom que a esquerda e simpatizantes o interiorizem. Depois, não reconheceu a derrota. Referiu-se a quem o apoiou apenas, como se os demais brasileiros não lhe interessassem, e prosseguiu no discurso de terror que caracterizou o PT e a esquerda brasileira (e internacional) durante a campanha. Já Bolsonaro, por seu lado, e pese embora tenha achado aquele momento de oração meio circense, teve um discurso inteligente e equilibrado, diferente do Bolsonaro que conhecemos. Frisou que quer aproximar o Brasil dos países desenvolvidos. Claramente um piscar d'olho para Donald Trump, que será o seu aliado. Lamento não ter ouvido nenhuma menção a Portugal e aos países de língua portuguesa. Espero que esta ausência / esquecimento não se traduza numa efectiva indiferença com respeito ao povo português, antepassado do brasileiro.
Bolsonaro conseguiu o apoio de 15 entre os 27 governadores eleitos. Nas comunidades estrangeiras, em quase todos os núcleos onde os brasileiros puderam votar, Bolsonaro saiu vencedor. A mensagem do povo irmão é inequívoca: quer uma mudança urgente. Acredito que muitos tenham votado em Bolsonaro sem simpatizar com o militar na reserva. Rejeitam eleger mais do mesmo. O povo brasileiro está cansado de promessas vãs, de políticos que se sucedem no tempo sem que o país melhore efectivamente. Para o presidente eleito, chegou o momento, após tomar posse, em Janeiro, de mostrar trabalho. Os anos de congressista terminaram. O povo cobrar-lhe-á medidas efectivas.
No discurso, Bolsonaro enunciou as linhas mestras, em traços muito gerais, do que será o seu mandato. Foi bem mais conciliador, pacificador. Está já a trabalhar no primeiro dos desafios que lhe apontei acima. Comprometeu-se a respeitar a democracia, e referiu inúmeras vezes a palavra liberdade. Alinhar-se com a esquerda está fora de questão, e bem, a meu ver. O viés ideológico, para o presidente eleito, terminou. Um bom sinal para o Brasil, que se afastará assim, definitivamente, de Cuba e da Venezuela, do socialismo internacional. As bancadas religiosas serão o seu grande suporte. Antes de discursar, quem o acompanhava mencionou os cristãos, evangélicos e católicos, que estiveram sempre na linha da frente de apoio ao então candidato.
O Governo e a Presidência da República já enviaram as felicitações a Jair Bolsonaro. As relações entre Portugal e o Brasil continuarão estáveis. Com a geringonça no poder, não auspicio grandes aproximações. Muito os separa de Bolsonaro. Espero que o impulso, então, parta do presidente brasileiro. Urge aproximar Portugal e o Brasil. Não me contento com as meras relações bilaterais, formais. Essas, estabelecemo-las com qualquer país. O Brasil representa-nos bem mais. Que Bolsonaro seja sensível aos estragos que a esquerda brasileira operou nas nossas relações, através dos discursos de ódio de Lula, e que procure a conciliação. Portugal pode ajudar o Brasil nessa busca pela sua identidade: lusófona, cristã, tradicional.
Para terminar, também eu felicito o presidente brasileiro. Num mundo global, nunca sabemos por quem somos lidos. Estou confiante. Que Bolsonaro seja sensível ao capital de esperanças que milhões, no Brasil e não só, depositam em si.