A árvore de Natal já se tornou um símbolo indispensável entre aqueles que celebram o Natal na sua vertente mais festiva. Eu sou apologista das luzes, enfeites e adornos. O ser humano é atraído pelo belo, pela estética. Sendo o Natal a época em que os cristãos assinalam o nascimento da sua principal figura, Jesus Cristo, naturalmente fazem-no festejando. A decoração de Natal é uma expressão de júbilo pela vinda do Messias. Na Páscoa, se pensarmos bem, nada se faz. É que a Páscoa é a antítese do Natal.
Fixada a árvore como elemento dos nossos lares, impõe-se a pergunta: quando montá-la. E é aí que surgem os primeiros equívocos. Não podemos dizer que haja uma data oficial para se proceder à iluminação das casas, mas há, isso sim, algumas que são de atender. O que lhes quero dizer é que, da mesma forma que temos os Reis como marco do fim das festas, tirar as caixas de enfeites do sótão não deve ser feito de forma arbitrária.
Há, então, duas datas que dividem os cristãos: a primeira delas é o Primeiro Domingo do Advento (que este ano calha a 29 de Novembro). O Domingo do Advento assinala o primeiro de quatro domingos antes do Natal, e é uma data que convida à introspecção e à vigília, preparando-se os cristãos para o nascimento de Jesus. O primeiro domingo do advento é ainda o primeiro período do ano litúrgico. Em suma, os cristãos são convidados a orar, a entrar numa fase de maior contenção e recolhimento. Será o início do período santo.
A segunda data é o dia 8 de Dezembro, Dia da Imaculada Conceição, estabelecido o dogma de que a Virgem Maria nasceu sem ter sido tocada pelo pecado original. Em virtude de ser feriado, este dia tem vindo a merecer mais destaque do que o primeiro domingo do advento, que cai no esquecimento da generalidade dos fiéis.
Sem prejuízo de ser um dia solene para os católicos, não vejo uma correspondência directa entre o Natal e o Dia da Imaculada Conceição. Fará mais sentido, então, quanto a mim, tomar em consideração simbólica os quatro domingos que antecedem o Natal. Há ainda outro motivo a acrescer: o dogma da Imaculada Conceição não encontra acolhimento entre ortodoxos e protestantes, ou seja, não é uma data consensual; os quatro domingos não podem ser ignorados.
Há uma terceira data, o 1 de Dezembro, meramente por ser o primeiro dia do mês, e ainda uma quarta: o terceiro domingo do Advento (este ano a 13), quando, regra geral, se recorda a proximidade da remissão dos pecados pela vinda do Salvador e se monta o presépio. Não devemos ignorar ainda as tradições de cada país: em Portugal e em Espanha, para citar estes dois casos, a árvore de Natal é montada no dia 8.
Da minha parte, sempre montei a árvore no dia 8 de Dezembro. Entretanto, este ano é provável que o faça no Primeiro Domingo do Advento, por três principais motivos: alguma impaciência, necessidade de ter algo que me reporte ao Natal (que onde moro ainda nada está decorado) e a lógica que me parece existir então no primeiro domingo do advento. Algo é certo: tomemos em consideração uma ou outra data, não o devemos fazer de forma arbitrária. Se há uma tradição, e a decoração nela se inclui, é para se cumprir. Tudo o mais são caprichos.
A propósito, e vocês, quando montam a sua árvore?