5 de janeiro de 2019

Precisaremos de um novo Salazar?


   Eu considero normal que se discutam estes assuntos. E louvo a TVI por isso. O problema do nosso país é que ainda não ultrapassámos o complexo de esquerda, que nos persegue há mais de quarenta anos. Podemos ponderar se levar um indivíduo à televisão como Mário Machado será adequado. À partida, um sujeito que cumpre a pena que foi submetido salda a sua dívida com a sociedade. Se lá estava, presume-se que já não tem contas a ajustar com o povo e o estado portugueses. Nesse sentido, não há nada que o impeça de expor as suas opiniões através de qualquer meio de comunicação. Só acredita nelas quem quer. Só as perfilha quem quer. Vivemos num país livre, e é engraçado que é em nome da liberdade que se quer censurar uma pessoa. Ponto número um.

  Salazar foi um monstro, um tirano? Salazar foi um homem do seu tempo. Não o culpemos pelo atraso de Portugal, que lhe é mui anterior. Salazar não era um democrata. Não era. Era um patriota, um nacionalista. Era um homem que, entre inúmeros defeitos, como todos, qualidades também as tinha. É inegável que defendia os nossos interesses como nenhum outro o fez pela história. Livrou-nos dos horrores da II Guerra Mundial, e não nos poupou da Guerra Colonial, como muitos dizem, porque considerava aqueles territórios como nossos. Podemos também ponderar se houve culpas do regime no processo. Sim, de certo modo. A solução não era militar, e sim política. Em todo o caso, o conflito não foi desencadeado por nós, e a guerra estava ganha em Angola e em Moçambique.
  Economicamente, conhecemos um superávide, único na nossa história recente, durante o Estado Novo. Terá sido tudo mau durante aqueles quarenta anos tão ressentidos? Não. Indiscutivelmente que não. Como Caetano profetizou, com a perda das províncias ultramarinas deixámos de ter qualquer voz na comunidade internacional, passando a depender de outros países para tudo. Razão ninguém lha pode negar. Assistimo-lo diariamente. As crises vão e vêm. Portugal dificilmente sairá do marasmo, e porquê? Porque é um país ínfimo, que subsistiu às marés da História pelo Atlântico e graças ao Atlântico. Perder o oceano implicou anularmo-nos. A nossa vocação é universal. Não fomos talhados para viver neste pequeno rectângulo do ocidente europeu, não. A nossa alma extravasa as nossas fronteiras. Sempre foi assim. Ponto número dois.

   Precisaremos de um novo Salazar? Em patriotismo, em coragem, em ponderação, em determinação, não tenho muitas dúvidas quanto à resposta. Não se falava de direitos humanos quando Salazar chegou ao poder. Menos ainda de estado social. Salazar nasceu num Portugal já convulso, cresceu no fim de um regime e no início de outro. Viveu os tempos da I República. Nós somos - venho-o dizendo de sempre - o produto das nossas circunstâncias. 
   Não precisamos de um Salazar. Precisamos, isso sim, de alguém que reúna o melhor de Salazar no contexto em que vivemos, de democracia, com todas as liberdades que conhecemos e das quais, evidentemente, não estamos dispostos a abdicar. Eu vivo da palavra, da palavra escrita, sobretudo, e prezo-a muito.

11 comentários:

  1. Não, não necessitamos de qualquer Salazar, e sou peremptório nesta frase!!!!
    Este homem teve a sua época, foi benéfico no contexto em que subiu ao poder, concluindo a 1ª República, mas teve o defeito de não conseguir perceber quando devia deixar a cena.

    Vejamos um pouco da nossa história em "vol-de-oiseau": a 1ª República teve grandes vantagens: definir de vez a separação do Estado e da Igreja (nunca nada foi tão positivo como esta medida!!!); reforma do ensino e o investimento fulcral neste domínio com a criação de estabelecimentos de ensino primário (a escolaridade obrigatória teve início neste período, pois o regime eleitoral monárquico era absolutamente desadequado, e só era possível dada a elevada percentagem de analfabetismo), reforma do ensino técnico e criação de universidades em Lisboa e Porto; uma constituição que deu aos poderes portugueses novas regras para a governação, por forma a criar igualmente uma identidade como povo de um estado livre e de direito; uma legislação social que beneficiou em muito o mundo do trabalho, que passou de uma quase "escravatura", para um regime mais humano (na altura foram instituídas as 48 horas de trabalho semanal, o direito à greve e a criação de legislação que servia como proteção na doença e na velhice).
    Como seria de esperar, este período teve também as suas facetas amplamente negativas, acentuados pela incongruência da entrada do país na 1ª Guerra (nem os aliados pretendiam a nossa participação!!!!), a inflação castrante e condutora a uma insatisfação generalizada, as crises políticas acompanhadas da instabilidade económica e social, insegurança em todos os campos (golpes, assassínios e guerras civis instauram uma insegurança atemorizadora) e, quando nada mais faltava, as ações da Monarquia do Norte minaram os campos de credibilidade de um regime que se encontrava em falência.
    Não seria pois para admirar que, de toda esta situação insustentável, surgisse a Ditadura Militar de 1926, com Gomes da Costa e, sequentemente, em 1928, a entrada de Salazar no cenário catastrófico vivido à época.
    Terá sido alguém que, surgido deste caos, consegue um equilíbrio nas contas públicas, e, não é para admirar igualmente que seja visto como o "Salvador da Pátria", e tê-lo-á sido, não discuto este ponto!
    Teve uma ação que considero benfazeja, equilibrada, rigorosa e fez aquilo que deveria ter sido feito à época.
    Mas o poder corrompe, e demasiado tempo a conduzir uma nação de uma forma autoritária é contraproducente a todos os níveis.
    O seu lema, o do Estado Novo, ainda hoje me causa calafrios, não pelos termos em si, que são inócuos, mas pela sua subversão e pelos exageros a que conduziram: "Deus, Pátria, Família, Autoridade, Hierarquia, Moralidade, Paz Social e Austeridade".
    A reinclusão da Igreja Católica como poder interventivo nos negócios do estado é algo que considero como retrocesso e absolutamente insustentável!
    A “Censura” foi uma arma cerceadora de tudo o que queremos incentivar num estado de direito!!! Não a pior, mas má suficiente.
    Outro dos excessos a que o regime de Salazar se permitiu, e que eu tenho dificuldade em lhe perdoar (ele não necessita do meu perdão, sei!), foi a criação de uma "Polícia Política" com poderes excecionais, à semelhança da Stasi, KGB ou Gestapo, noutros países. E a criação de Milícias de defesa e combate ao comunismo, e mesmo de uma "Mocidade Portuguesa" (eu fui obrigado a pertencer, claro, como todos os rapazes da minha idade, com uniforme e tudo), com regimes pouco claros e castrantes, em termos de ideologia praticada e inculcada, à semelhança do que Hitler tinha igualmente feito na Alemanha Nazi.
    Uma política nacionalista do "estamos orgulhosamente sós", ou a utilizada no colonialismo, conduziu-nos a um isolamento internacional que nos manteve na cauda da Europa em todos os campos.

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  2. Claro que se pode afirmar que os outros países teriam inveja, mas isso seria a forma mais simplista de pensar, pois dentro do contexto europeu e mundial, tal forma de ver as coisas já não funcionava, e, pelo lado social e militar, foi, como sempre acontece, a população portuguesa que o pagou com a vida de milhares e milhares de homens e taxação suplementar para fazer face a este esforço de guerra.
    E, a longo prazo, conduziu a uma cena internacional catastrófica de descolonização sem "rei nem roque", feita de uma forma atabalhoada e desigual, e, mais uma vez, quem o pagou, foi a população portuguesa.
    Os que vieram das ex-colónias, que se viram de um dia para o outro no meio de nada e com um monte cheio de nada, e os habitantes do Portugal europeu que, inseridos numa crise social e económica excruciante e terrível, resultante do esforço de viver num país pós revolução, foram obrigados e assimilar mais de meio milhão de pessoas (confesso a minha admiração por esta nação que conseguiu fazer um esforço, que, à altura, se apresentava hercúleo). Não admira que os portugueses europeus lhes tenham querido tão mal, mas sem que os que vieram tivessem qualquer culpa.
    E, não para terminar, porque a enumeração poderia prolongar-se indefinidamente e os casos de má gestão política, económica e social são gritantes, a criação de regime de Partido Único, a "União Nacional", de má memória.
    Claro que a repressão exercida sobre indivíduos com outras ideologias é ferozmente reprimida por todos os meios possíveis, e não me satisfaz salientar que fui testemunha disso.
    Por outro lado, afirmar que Salazar, como indivíduo, fosse corrupto, talvez não o fizesse (é lendária a sua forretice e a forma rigorosa e escrupulosa como geria os seus negócios e os de sua casa), mas fez pior: permitiu que tal regime fosse imposto a todo um povo, e isso, mais uma vez, não lhe perdoo, e não quero de forma alguma que algum dia se venha a reincidir num personagem deste calibre num país que eu habite.
    Reconheço-lhe, entre muitos outros factos, algo de muito positivo: não deixou que Portugal "embandeirasse em arco" aquando da II Guerra! Permanecemos neutros e isso foi o melhor que poderia ter acontecido a Portugal.
    Como vê, por meios diversos, cheguei à mesma conclusão :)
    Um bom final de semana, que hoje não fui para o Alentejo, estou cansado
    Manel

    Peço desculpa por todo este arrazoado, mas não me consegui conter, e tive de dividir o comentário em dois :(

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    1. Olá, Manel.

      Ora essa! Obrigado eu pelo(s) seu(s) comentário(s). Vê-se que comentou de forma apaixonada, provavelmente porque viveu aqueles tempos. É sempre diferente. Eu só conheço o Estado Novo do que li e do que ouvi.

      Para mim, Salazar teve virtudes e defeitos. Já falei das virtudes no post. Era isso que se pretendia, pois, para os defeitos, já temos todos os detractores que povoam as nossas TVs, rádios, etc. O maior erro de Salazar, quanto a mim, foi fazer da austeridade quase uma obsessão. Isso levou-o a negligenciar a educação, a saúde, o saneamento, etc. Se pensarmos numa casa, ele seria aquele que comia restos a semana toda para não ter de comprar nova comida. Rosbife, jamais; uma sopinha e olhe lá. O Estado Novo não é o tempo da sardinha para três? Pois então. O desenvolvimento foi ficando para trás. Ele era avesso a grandes gastos. Demorou imenso até se decidir a dar o aval para a construção da travessia lisboeta sobre o Tejo. O metropolitano foi outro enorme problema… Enfim.

      O resto, como o Manel fez questão de recordar, já conhecemos. O 25 de Abril também não foi bom, que nos levou à bancarrota por duas vezes, fora a questão dos retornados, na qual o Manel também tocou. Tudo feito à pressa, que as condições não eram nenhumas.

      Eu gosto da I República, por todos os avanços que trouxe, mas também não podemos fechar os olhos à instabilidade. Era altamente instável. Esse factor ajudou à ditadura militar e, mais tarde, ao Estado Novo. Os regimes fascistas ou próximos ao fascismo, como o Estado Novo, surgem sempre enquanto respostas a crises económicas, sociais, etc.

      Depois, também já sabemos o que se passava quanto às liberdades individuais, que evidentemente cederam num regime tão autoritário.

      Desculpa de quê? De contribuir para um debate tão rico? Ora, obrigado! Só tenho a agradecer-lhe!

      Um bom domingo, Manel. Procure descansar!

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  3. Precisamos é de um Sistema Democrático onde funcione bem a Justiça e a Educação...

    Mas com um povo como o nosso?! Enchem Estádios e Wortens.... Tudo dito...

    Abraço amigo

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    1. É isso. :)

      Enchem estádios e centros comerciais. Já se vão vendo nos museus e monumentos, é verdade. Só é pena que levem crianças pequenas. Um dia destes são os cães e os gatos.

      um abraço, amigo.

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  4. "Dá-me trela" e eu invado-lhe o blog!!!!!! Sei que talvez não se importe e até aprecie, mas eu é que não me sinto sempre à vontade.
    Mais uma vez vou pedir-lhe desculpa, a si, e ao seu comentador, por esta intervenção, pois a resposta que deu, e onde toca neste aspeto que vou referir, não era para mim, mas gostaria de partilhar consigo algo que me admirou profundamente.
    Há décadas atrás, passeava-me eu pela National Gallery, e depois reparei que o mesmo sucedia em muitos outros museus das grandes cidades europeias, havia bandos de petizes com 5, 6, 7 ou 8 anos, que, em tempo de aula, se encontravam sentados, ou mesmo deitados no chão a elaborar textos ou a desenhar a partir da observação de obras primas da arte europeia.
    Claro que se tratava de fichas pré-elaboradas, que constavam de duas partes, uma destinada a ser escrita e outra, desenhada, e com certeza já dirigidas para a observação de pormenores ou regras de composição, cromatismo e linhas organizadoras do espaço e sei lá que mais - quanto mais diversificada melhor! Espero que depois, em aula, estas fichas não ficassem nisso mesmo, um exercício estéril de escrita e desenho, mas que dessem origem a uma troca de ideias que conduzissem ao esclarecimento da mente extremamente curiosa da criança! Dificilmente se será mais curioso e aberto nas idades sequentes do espírito humano.
    Fiquei completamente ensimesmado e mesmo entusiasmado com esta abordagem, que considerei perfeitamente adequada a uma formação estético/artística perfeitamente compreensível e até desejável.
    Creio que é desde as idades mais tenras que a criança pode, ou não, desenvolver o gosto pela arte e pela história. Por vezes é algo inculcado pela família, e bem hajam, outras, pela formação escolar, e bem hajam de novo, outras ainda pela própria curiosidade natural da criança, que a leva de uma forma quase instintiva a desenvolver estas componentes na sua formação.
    A forma como nós vemos os nossos museus não é de todo conducente a estes aspetos, e é pouco recomendável para uma formação artística do indivíduo.
    O espetador médio observa a obra, se é que se o faz, durante mais ou menos 30 segundos, com um ar distraído, displicente (nos indivíduos mais responsáveis, com a satisfação complacente de "tarefa cumprida"), mexe-se no telemóvel, para ver se há alguma coisa de novo, e passa-se a outra coisa qualquer (normalmente não há seleção prévia do que se vai ver, daí o cansaço físico e psicológico, até ao embotamento dos sentidos, com que as pessoas ficam nos grandes museus), de forma igualmente distraída, e o museu está visto!
    Não há preocupação de enquadramento histórico/artístico, comparação com outras obras do pintor, ou mesmo de outros mestres contemporâneos deste, integração na fase da obra da vida ativa do artista, e depois, ainda mais importante, o fruir da obra, com base na observação dela mesma, e perceber o que desperta em nós, porque é que gostamos ou não. Consciencializá-la dentro de nós mesmos! Aquisição de uma consciência crítica.
    A culpa não é toda do vulgar cidadão, pois, quando o devia ter feito, não foi levado a desenvolver qualquer capacidade crítica esclarecida sobre o que vai ver/fruir, mercê da falta de conhecimento. Infelizmente, o mais próximo que se chega é à infame frase: "GOSTOS NÃO SE DISCUTEM"; nunca vi coisa mais ignorante e perfeitamente anacrónica. Gostos discutem-se sim, claro, mas com gente que adquiriu consciência crítica e uma base sólida de conhecimentos para o fazer de forma construtiva e esclarecida.

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    1. Os povos do norte da Europa já têm sistemas de ensino diferentes. A Finlândia é um exemplo.

      Bem a propósito, Manel, eu noto isso en cada museu que vou. Os pais passeiam-se com os filhos naquela do "deixa lá levá-los a ver qualquer coisinha cultural". Parecem bois a admirar um palácio. Hoje, num dos museus em que estive, desataram a mexer nas peças do avião. E falavam alto, quase aos berros. Os miúdos corriam. É uma canseira.

      Contra mim falo: eu tiro imensas fotografias para publicar aqui, no blogue, e nas redes sociais, uma vez que tenho quem me acompanhe, em tempo quase real, nas visitas. Sinto-me quase nesse dever de facultar alguma informação. Contudo, desfruto imenso do que vejo, procuro ler toda a informação que disponibilizam - reparo que nunca lêem as plavas informativas, procuro igualmente deter-me o tempo suficiente para apreciar os pormenores das obras, sejam pinturas, esculturas, artefactos vários.

      Os portugueses conseguem cansar-me tanto.

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  5. A formação artística nas nossas escolas é má e a teoria anti-historicista era a mais praticada no ensino das várias disciplinas, não sei se continua a ser assim.
    Pergunte ao cidadão médio alguma coisa sobre história e verá o nível absolutamente espantoso da ignorância. As respostas raiam o anedótico!
    E já não falo da história da arte, que, aqui, a ignorância assume contornos fora de tudo o que poderia ser considerado normal!
    Claro que os museus não estão adequados, nem predispostos, a desenvolver estes aspetos da cultura histórico/artística na vida dos cidadãos.
    Alguns afloram esta preocupação, mas não há um verdadeiro investimento neste sentido.
    Os folhetos informativos, os auriculares que se alugam, ou a forma como informação é apresentada ao vulgar espetador não é de índole a que seja atraente, neste nosso mundo do "ready-made", da procura pelo prazer instantâneo, da virtualidade onde tudo se lê pela metade (na melhor das hipóteses), onde se procura que o espetador frua, mercê de um feedback automático, sem que "mexa uma palha".
    É o preço que teremos de pagar? Talvez.
    Isto cria uma sociedade feita por pessoas com uma formação/cultura seletiva, com base nos interesses desenvolvidos com base naquilo que a sociedade considera importante, e a arte ou a história não constam destes!

    Claro que para o amante da arte, ir a um museu com crianças aos berros ou a mexerem em tudo, que não se interessam por nada, é horrível, mas isso será a próxima etapa dos museus e das gerações que entretanto vão surgindo.
    Os museus ganhariam se passassem a ser mais interativos, a constar nos roteiros normais das próprias escola - as obras de arte têm de estar a recato e bem defendidas dos vandalismos, é verdade, é necessário criar o respeito pela obra, da importância do "único" que ela constitui em si mesma, da sua representatividade da nossa cultura e história, como veículo das nossas tradições, mas acessíveis o suficiente para tudo isto se desenvolva na idades próprias, quando a criança começa a desenvolver caraterísticas que o permitam. Eu já nem me desculpo, não vale a pena...
    Um bom domingo
    Manel

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    1. A formação artísticas nas escolas, a julgar pela que existia no meu tempo, limita-se a uns quadradinhos nos livros de História. Temos um ensino péssimo. Hoje mesmo, num dos museus, nos mesmos que tocaram na asa do avião, perguntava um miúdo ao pai, quando este lhe disse que estavam perante o compartimento de trabalho do rei no paquete: "Os reis trabalhavam?" Repare. Os miúdos nem conseguem dominar todas as acepções do verbo trabalhar. Trabalhar, para eles, envolve apenas esforço físico. Nos livros que disponibilizam às saídas, para que deixemos algumas sugestões, elogios, seja lá o que for, um miudito escreveu algo como "Gostei muito dos barcos, mas a madeira cheira mal". É nestes "pormenores", reveladores da maior ignorância e falta de sensibilidade, que reparam. Madeiras com trezentos anos, estava à espera do quê?

      São miúdos, pois é, mas de pequenino se torce o pepino, já diz a voz do povo. Estes miúdos não têm qualquer preparação. Qualquer.

      É curioso, porque os comentários do Manel quase que vieram ao encontro da minha experiência de hoje.

      Quanto a escrever: Manel, escreva sempre. É tão bom. Dou-lhe corda, claro que sim. :) É bom lê-lo, interagir consigo, trocar ideias. Aprender.

      Cumprimentos, e uma boa semana!

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