30 de junho de 2017

Portugal na Taça das Confederações.


    Quem me conhece e me acompanha, sabe que presto toda a atenção aos torneios da UEFA e da FIFA, primordialmente, muito embora tenha assistido aos jogos da Copa América Centenário, no ano passado. Bom, tudo pertence à FIFA, em última instância, que é o organismo internacional que regula o futebol em todas as suas modalidades - e tem mais membros do que a ONU, o que não deixa de ser uma curiosidade.

    Pois bem, assim foi com esta competição, mirim, talvez, pelo número de selecções participantes. A Taça das Confederações reúne os campeões de cada confederação de futebol, e são vários: da América, da Ásia, de África, da Oceânia, da Europa, mais o país-sede, o campeão do mundo e quiçá outro. Portugal, pela primeira vez na sua história, por se ter sagrado campeão da Europa, participou nesta edição da taça, representando-se não apenas a si mas também ao seu continente.

    Como todos os portugueses que acompanham a selecção, eu depositei fortes expectativas neste conjunto que bateu a França em Paris. Pelo menos chegar à final. Não seria tarefa fácil. Defrontaríamos os campeões de cada confederação. Tivemos uma exibição muito à Portugal, a que apresentámos no Euro: vitórias esforçadas, à tangente, múltiplos empates. Parece que ganhamos e passamos sempre com um bocadinho de sorte. Sorte que desta vez não tivemos, pois desengane-se quem crê que fomos diferentes. É provável que tenhamos jogado com menos garra, e eu fui levado a julgá-los, ao grupo, modificados; entretanto, reflectindo melhor e desenterrando as memórias da prova europeia do ano passado, verifico que o jogo foi semelhante. A sorte, como referi acima, não nos bafejou. Eu já conhecia as equipas mexicana e chilena pela Copa América. Sabia que ambas, particularmente o Chile, dariam luta até ao fim. O México reage bem aos desaires, e o Chile, bom, tem um ataque fortíssimo. É um futebol muito sul-americano, não necessariamente melhor ou pior. Diverge do nosso.

      Não conseguimos marcar no tempo regulamentar, nem sofremos qualquer golo. Vimo-nos arrastados para o prolongamento e para os pontapés da marca de grande penalidade, que são uma lotaria. O Chile tem um histórico favorável de vencer jogos em grandes penalidades, e decisivos: na Copa América e na Copa América Centenário, em 2015 e em 2016, respectivamente, diante da Argentina pelas duas vezes, que perdeu. O que não explica, claro está, a nossa incapacidade em marcar um golo. Falhámos nas três vezes que tentámos furar a baliza de Claudio Bravo. Mérito dele, demérito nosso? Um pouco dos dois, é provável. Não se compreende, aí sim, que Ronaldo não tenha tentado inaugurar o marcador, quando é o nosso melhor jogador. Talvez tivesse acertado e dado outro alento aos colegas, talvez. A futurologia é sempre um exercício interessante, e inútil.

       A Taça das Confederações não é um torneio menor. Não tem o peso de um Europeu, muito menos de um Mundial, todavia tem o seu lugar entre as provas internacionais de selecções. Seria um título que poderíamos ter arrecadado. Envolve, ainda, somas avultadas e prestígio. Resta-nos disputar um não-honroso terceiro lugar com o México, atropelado quase impiedosamente pela Alemanha por quatro bolas a uma.

       Na medida em que acredito na sensatez de Fernando Santos, há que repensar o nosso jogo. Digamos que ele tem trabalhinho de casa, e não serei eu que lho vou ensinar. Esta selecção, que tem o seu valor, que é a campeã da Europa - não vamos agora esquecer os louros de um passado que nem é distante e diabolizá-la - precisa de todo um estímulo, de segurança no modo como actua. A nossa prova de fogo será em 2018, no Mundial que se realizará na Rússia. É aí que residem, no momento, os pensamentos e as preocupações de Fernando Santos. É que Portugal já não se apresenta como aquela selecção tímida à qual o acesso aos quartos-de-final era um luxo. Exige-se mais, tudo, de campeões.

24 de junho de 2017

O patamar.


   Na semana passada, para ser rigoroso no sábado, uns amigos convidaram-me para marchar pela cidade. Uma marcha de orgulho lgbt. Não, não marchei. Entretanto, dei com o final do evento na Ribeira das Naus, junto ao Tejo. Ouvi uns discursos e umas palavras de ordem, vi muita bandeira ondulando, balões multicores. Dezenas de jovens em pé e sentados na relva, confraternizando.

    O activismo por causas nunca despertou em mim o interesse, nem pela afamada causa lgbt. Falar de sexualidade não é tabu, nunca o foi, mas faz parte da minha e da intimidade de cada um, pelo que sempre procurei manter certo recato quanto a esse assunto. No que diz respeito às marchas e às manifestações, estive numa em frente à embaixada da Rússia. Creio que aí há o que fazer. Temos pessoas em campos de trabalhos forçados, tidas como criminosas quando o único delito foi o de amar um ser do mesmo género. É absurdo, transtorna qualquer um. Associei-me por um imperativo de consciência. Já as marchas, não fazem sentido num país cujo ordenamento jurídico prevê leis iguais para hétero e homossexuais, proibindo toda a discriminação em função da orientação sexual. Os transexuais também podem sujeitar-se à operação de redesignação sexual e usufruem de protecção legal. Nessa matéria, estamos evoluidíssimos. Figuramos entre os mais avançados da Europa. As marchas, se tanto aqui, perderam o fulgor. E não se lida com o preconceito assim, no meu entender, mas educando as pessoas. Tão-pouco peço para que se escondam, é evidente, até porque a visibilidade da dita comunidade lgbt é manifesta. Há pessoas lgbt na televisão, na rádio, na imprensa escrita. Não se vêem na política e no desporto, é verdade.

    Amanhã será o dia do arraial. Estarei presente, à partida. Passei por um há uns anos. Estive pouco tempo. Não custa ir e ver. Da mesma forma como não ligo a activismos, não os diabolizo. Encaro como mais uma noite quente de Verão, agradável, num ambiente descontraído, sem imposições ou horas de entrada e saída. Se não gostar, venho para casa, naturalmente. O conhecimento só enriquece.


     Posto isto, eu faria tudo diferente. A opinião é livre e responsável: a sexualidade não deve ser uma bandeira, seja ela qual for, e nem deve ser motivo de orgulho ou de vergonha. Não devemos dar tanta importância àquilo que os outros pensam que fazemos na cama. Já passámos esse patamar de afirmação. A sociedade está cansada de saber que há homossexuais, transexuais (e perdoem-me os mais ais que há, que são muitos; não os conheço a todos). Não será promovendo marchas que lutaremos devidamente contra os obstáculos que se erguem diariamente a quem é homossexual e transexual, quer seja no local de trabalho, na escola ou na família.

      Na lei, tudo está feito. Como referi acima, precisamos educar as pessoas para a diferença na igualdade, para a imperiosa necessidade de respeitar para colher o respeito. Esse trabalho faz-se desde tenra idade. A alguém formatado, e embora acredite que as pessoas possam mudar, o processo será mais difícil, mas igual. Educar, educar e educar. Leva o seu tempo. Portugal avançou substancialmente. Se compararmos à realidade do Estado Novo e mesmo à das duas primeiras décadas após Abril, facilmente verificamos o salto qualitativo.

       Não me alongo mais. Um bom São João, sendo caso disso.

18 de junho de 2017

Pedrógão Grande.


    Nunca fui a Pedrógão Grande. Nunca, felizmente, vivi um incêndio. Todavia, torna-se recorrente, a cada ano, escrever sobre estes flagelos que se abatem sobre o país, e sobre a Europa, sazonalmente. Não estamos em período de rescaldo. As chamas ainda deflagram pelo centro do país, consumindo hectares, ceifando vidas, provocando o caos e a dor. Estamos, todos, perturbados, perplexos, consternados, sobretudo pelo número avassalador de vítimas mortais. Sessenta e duas até ao momento, em dados que são permanentemente actualizados.

    Já sabemos o que pode e deve ser feito. A ladainha repete-se. Ordenamento florestal, pequenos coutos de mais fácil vigilância, cuidados acrescidos com a cultura do eucalipto, limitar a desertificação do interior, numa enumeração não exaustiva. Há estudos, há opiniões. Há, às vezes, culpados que nos transcendem. Fatalidades. Parece ter sido o caso. Temperaturas descomunais, incomuns, superiores a quarenta graus centígrados, uma humidade próxima do zero, ventos fortes, propícios a incrementar os fogos. Fenómenos naturais que não podemos prever.

    Só podemos minorar os danos e chorar as vítimas. Tentar aprender com os erros. Os incêndios repetir-se-ão - o Verão nem começou. Insisto na ideia: ainda que tenhamos sido negligentes com as florestas e que haja muito por mudar na nossa atitude, haverá imprevistos, sempre estaremos sujeitos a condições climáticas desfavoráveis. A busca por culpados é uma tendência irresistível, e compreendo a indignação. Somos muito severos connosco.

    Queria deixar uma palavra de apreço e de profunda gratidão às corporações de bombeiros, àquelas dezenas de homens e mulheres que arriscam as suas vidas pelas nossas. São os verdadeiros heróis, mesmo numa história que talvez, desta vez, tenha como único vilão o tempo. E a nós como cúmplices.

17 de junho de 2017

Feira do Livro.


    Na passada quinta-feira, dirigi-me uma vez mais à Feira do Livro. Ano após ano, sempre que posso acabo por passar por lá. Quando estudava, os descontos da Almedina e da Coimbra Editora eram bastante apelativos. Adquiria livros caríssimos com descontos de encher a vista. Nos anos mais recentes, e deixando o Direito de lado, fui percebendo que os alfarrabistas valiam a pena, enquanto que as grandes editoras praticavam preços exorbitantes para um conceito de feira. Soube - é verdade, foi uma novidade para mim - da dita happy hour, a determinados dias da semana e a um horário específico - com livros a cinquenta por cento de desconto imediato, com o senão de obrigatoriamente a primeira edição remontar a um período superior a dezoito meses. Bom, nenhum problema de maior por aí.

    Cheguei pelas nove e pouco, após ter subido a Avenida, bebi um café e pus-me a vasculhar. Pouco demorei. Muni-me logo de uma obra de Haruki Murakami, tão afamado e de quem nunca li nada, e de um romance histórico de Miguel Real. O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo e A Guerra dos Mascates. Quis comprar algo que envolvesse História, sendo ficção. Ambientado, digamos. Creio que terei feito boas compras. Ainda não lhes peguei. Pretendo começar pelo livro de Miguel Real, porque deposito maiores expectativas na obra de Murakami. E os livros vêm a calhar, uma vez que terminei há dias um dos clássicos de Saramago, que deixei a meio, algures por Fevereiro, por puro e assumido tédio. Venho fazendo uma colecção de livros, que se lêem numa tarde, e portanto tenho tido a mente ocupada.

     Sou muito metódico nos custos. Uns chamam-me forreta. Aceito a crítica, mas não corresponde à verdade. Simplesmente sei poupar e gosto de o fazer. Custa-me, digo-o frontalmente, gastar dinheiro na alimentação e em transportes. Em livros, no cinema, no teatro, numa exposição, em tecnologia que me faça falta e por aí, considero um bom investimento e dou o esforço por merecido. Contudo, divirto-me com conta, peso e medida. Tenho saído várias vezes, jantado fora de casa inúmeras, e não choramingo. Sei, entretanto, o meu limite. Hoje mesmo, para concluir, fui à Mouraria, petisquei, assisti ao bailarico e consegui divertir-me. Tenho um amigo a trabalhar por lá neste período das festas. Foi giríssimo. Só lamento que, por motivos logísticos, não tenha podido adiantar-me para lá da meia-noite - noitadas, como havia dito, não se repetirão de ânimo leve.

13 de junho de 2017

Santo António já se acabou.


    Ontem, e porque não desgosto de arraiais, passei uma noite agradável num dos bairros típicos de Lisboa. A bem dizer, o que me motiva não é a música, como se calcula, nem a confusão; gosto de me inebriar naquele espírito folclórico, tão tradicional e carismático. Os Santos Populares são uma das imagens de marca do país, que fizemos o favor de exportar para o Brasil, nomeadamente.

    Não consegui arrumar uma mesa num dos inúmeros restaurantes. Foi mais divertido assim, porque saciei a fome com uma bifana e duas farturas, numa das barraquinhas alinhadamente dispostas pelas ruelas. Diverti-me imenso. Mais do que em jantares, do que em saídas repetidamente programadas. E tive a melhor das companhias. A noite e a tarde deram, também, para perceber quem quero e não quero na minha vida, quem deixei entrar e de quem me pretendo afastar, porque não me sinto bem quando estou por perto. E mediante que sou um ser solitário, muito auto-suficiente nos afectos (compensando a falta dela noutros), pelo menos sei que estou a salvo da malícia alheia.

     Demorei-me pouco. Cheguei a casa a horas decentes. Não dou os Santos por encerrados, não, porque pretendo repetir. Estamos no mês das festas, e ainda me falta comprar o manjerico.

8 de junho de 2017

A união das coroas de Castela e Aragão.


    No dealbar do século XV, mais concretamente em 1412, invocando-se razões dinásticas e de relação de forças nobiliárquicas e militares, havia-se chegado a um acordo, o Compromisso de Caspe. Através dele, determinava-se que o trono vago de Aragão seria ocupado por um nobre castelhano, Fernando de Antequera, à época regente de Castela devido à menoridade de João II, e desde então, também, rei de Aragão. Esta conjuntura vem sido entendida como um primórdio do que viria a ser a união das coroas castelhana e aragonesa.

    O filho de Fernando de Antequera, I de Aragão, Afonso V de Aragão, preferiu dar preferência aos seus interesses na península itálica. Ao tornar-se rei de Nápoles, deixou-se envolver a tal ponto pela cultura renascentista, que despontava, que não mais regressou à sua pátria. Entretanto, o seu sobrinho, Fernando, e futuro monarca daquela coroa, teria um papel determinante no processo histórico dos reinos peninsulares.

     Os laços de parentesco que uniam as diversas entidades peninsulares eram intrincados. Surgiam movidos pelos recorrentes matrimónios. Assim se estabeleciam alianças políticas. O Reino de Castela, num turbulento processo que não abordarei agora, coube a Isabel, no seguimento da morte do pretendente varão melhor posicionado e de ter sido afastada da sucessão outra candidata, a famosa Joana, a Beltraneja, cuja filiação sempre foi posta em causa e que colhia o apoio de D. Afonso V de Portugal, vencido na Batalha de Toro, em 1476, e que viria a reconhecer, três anos mais tarde, pelo Tratado de Alcáçovas (1479), a realeza de Isabel, casada com Fernando de Aragão. Estes dois monarcas ficariam irremediavelmente ligados à história de Espanha, pois o esboço do que seria a moderna Espanha que conhecemos deu-se por acção destas duas personagens.

     Levantara-se, antes, o problema de saber com quem deveria casar a jovem princesa, uma questão que envolvia os três reinos peninsulares, uma vez que a escolha do esposo equivaleria a unir Castela a Aragão ou a Portugal. Coube, aqui, a habilidade de João de Aragão e dos partidários castelhanos. Isabel aceitou Fernando em 1469. A nobreza castelhana, que ora apoiava Joana, casada com D. Afonso V de Portugal, ora Isabel, casada com Fernando II de Aragão, aquietou-se. Com a morte de Henrique IV, pai de Joana, em 1474, a guerra tornou-se uma inevitabilidade.

     O enlace de Isabel com Fernando, os Reis Católicos, não correspondeu à completa realização da tendência unificadora de Castela, mas a situações que poderiam sofrer alterações. Não havia, de jure, uma unidade. Castela e Aragão, e o mesmo se poderia dizer de Navarra, conquistada e incorporada em Castela três anos antes, mantiveram os seus foros e as suas prerrogativas separadamente. Nesse sentido, o matrimónio não configurou, pois, um remate do processo desencadeado, mas o surgimento de uma fase de unificação histórica, cujo destino dependeria da relação de forças e da vontade política orientada para uma entidade una. Castela, na união, assumiu um papel de preponderância. Possuía maiores recursos e depressa se tornou o epicentro da união. Foi Castela que dirigiu a política externa dos Reis Católicos, sem prejuízo de se considerar também as possessões mediterrânicas de Aragão, e não só os domínios atlânticos de Castela.

     Isabel de Castela revelou uma tenacidade que a levou a conseguir o que jamais algum outro rei castelhano havia conseguido. Munida de inquebrantável vigor, eliminou a desordem que se instalara entre a nobreza, e que tanta inquietação havia trazido ao reino. Ordenou pesadas sanções aos nobres que contra ela se haviam rebelado. Conseguiu até mesmo sujeitar as poderosas ordens da cavalaria, cujas riquezas começaram a servir os desígnios da Coroa, no seguimento do cargo de Grão-Mestre outorgado pelo Papa a Fernando, seu marido. As Cortes reuniam-se progressivamente menos, na política centralista que também se verificava em Portugal com D. João II, que subordinou a grande nobreza à Corte, tendo vencido o duque de Bragança e o duque de Viseu, em 1483 e 1484, respectivamente.

      De extrema importância para a política externa castelhana foi também a introdução, em Espanha, da Inquisição, bem assim como o recrudescimento da intolerância com os judeus e os mouros. Para os Reis Católicos, a religião católica, passo a redundância, representava um elemento fundamental na unificação. Era-lhes insuportável a convivência com o derradeiro reduto mouro na península, Granada, que havia conseguido sobreviver aos outros reinos mouros, muito devido à fragilidade da monarquia castelhana até então.
      A guerra teria uma duração de dez longos anos, até Boabdil capitular diante dos monarcas espanhóis, em 1492. Terminava, assim, um capítulo de oitocentos anos desde a ocupação muçulmana da península. No mesmo ano, Colombo descobria a América ao serviço dos Reis Católicos. Começava a desenhar-se um outro na história da nova potência peninsular, desta feita unificada.

5 de junho de 2017

Jantar de blogues.


    No sábado, realizou-se o jantar anual de blogues, um evento dinamizador da blogosfera. Venho participando desde a edição de 2013. Conheci alguns amigos, curiosamente os que se mantêm, nesse jantar. À distância de sete, oito anos, posso afirmar, com segurança, que alguns houve que recusei por não me sentir preparado. Preparado para me dar a conhecer. Não por temer, como muitos, perder a oportuna protecção do manto do anonimato, mas por não sentir afinidade suficiente para tal. Continuo a sentir-me confiante para abordar qualquer assunto, e o facto de progressivamente falar menos da minha vida pessoal prende-se ao processo evolutivo natural. As pessoas mudam, e a minha vida é pouco estimulante para que encha publicações.

    O jantar teve lugar num restaurante no Príncipe Real, o Frei Contente, a que faço publicidade porque considero um espaço acolhedor, com pessoal simpático e atencioso. A comida é boa, o preço é acessível. Gostei bastante. Já tinha gostado no ano passado.
    Confraternizou-se, revi um velho amigo. Sentaram-me à cabeceira. Foi fantástico, tive uma visão desafogada sobre os presentes.

    Seguiu-se uma visita curiosa, diria eu, ao bar de um hotel, o The Late Birds Lisbon. Não posso dizer que tenha ficado fã, todavia gostei do conceito e do sossego. A ideia, estou em crer, era a de proporcionar o diálogo, a partilha, o convívio. Ficámos comodamente instalados no piso de cima, com direito a música ambiente vinda de um arraial popular. Foi para lá que seguimos, onde estivemos por breves instantes. Um arraial dos Santos Populares, que Lisboa começa a ficar ao rubro. Muita gente nas ruas, pessoal jovem, sobretudo. Muito consumo de álcool, excessivo.

     A noite, pelo menos em grupo, terminou com a ida a uma festa, se é que lhe podemos chamar assim, a Conga. Foi a minha primeira, e seguramente a última, não porque tenha algo contra, nada disso, mas porque sofrerei, avento eu, de uma hipersensibilidade auditiva. Entrei, fiquei nem dez minutos e saí. Eu sinto dor nos ouvidos. Não se trata de não gostar de sons excessivamente altos; trata-se, isso sim, de um profundo desconforto. Felizmente, o segurança percebeu o meu incómodo e aconselhou-me a falar com a menina, que devolveu o dinheiro. Ainda estive uns minutos sentado num parapeito, à entrada, e fui alvo dos olhares indiscretos de um matulão moreno. Nada que deixasse de me fazer sentir como peixe fora d'água. Muito respeito para quem gosta, eu não me identifico. Prefiro barzinhos, cheguei a insinuar um, que não colheu o apoio necessário.

      E por aqui ficou a minha noite, com uns imprevistos pelo meio, que se ultrapassaram.
      Reitero, uma vez mais, que gostei muito, principalmente pela companhia. Diverti-me, e isso compensa. Aprendi umas coisinhas por outras: noitadas, em circunstâncias análogas, não se repetirão.
      Uma palavra ao organizador, o adolescente, que está de parabéns; à leitora Magg, autora do banner, e a todos os que participaram.