Quem me conhece e me acompanha, sabe que presto toda a atenção aos torneios da UEFA e da FIFA, primordialmente, muito embora tenha assistido aos jogos da Copa América Centenário, no ano passado. Bom, tudo pertence à FIFA, em última instância, que é o organismo internacional que regula o futebol em todas as suas modalidades - e tem mais membros do que a ONU, o que não deixa de ser uma curiosidade.
Pois bem, assim foi com esta competição, mirim, talvez, pelo número de selecções participantes. A Taça das Confederações reúne os campeões de cada confederação de futebol, e são vários: da América, da Ásia, de África, da Oceânia, da Europa, mais o país-sede, o campeão do mundo e quiçá outro. Portugal, pela primeira vez na sua história, por se ter sagrado campeão da Europa, participou nesta edição da taça, representando-se não apenas a si mas também ao seu continente.
Como todos os portugueses que acompanham a selecção, eu depositei fortes expectativas neste conjunto que bateu a França em Paris. Pelo menos chegar à final. Não seria tarefa fácil. Defrontaríamos os campeões de cada confederação. Tivemos uma exibição muito à Portugal, a que apresentámos no Euro: vitórias esforçadas, à tangente, múltiplos empates. Parece que ganhamos e passamos sempre com um bocadinho de sorte. Sorte que desta vez não tivemos, pois desengane-se quem crê que fomos diferentes. É provável que tenhamos jogado com menos garra, e eu fui levado a julgá-los, ao grupo, modificados; entretanto, reflectindo melhor e desenterrando as memórias da prova europeia do ano passado, verifico que o jogo foi semelhante. A sorte, como referi acima, não nos bafejou. Eu já conhecia as equipas mexicana e chilena pela Copa América. Sabia que ambas, particularmente o Chile, dariam luta até ao fim. O México reage bem aos desaires, e o Chile, bom, tem um ataque fortíssimo. É um futebol muito sul-americano, não necessariamente melhor ou pior. Diverge do nosso.
Não conseguimos marcar no tempo regulamentar, nem sofremos qualquer golo. Vimo-nos arrastados para o prolongamento e para os pontapés da marca de grande penalidade, que são uma lotaria. O Chile tem um histórico favorável de vencer jogos em grandes penalidades, e decisivos: na Copa América e na Copa América Centenário, em 2015 e em 2016, respectivamente, diante da Argentina pelas duas vezes, que perdeu. O que não explica, claro está, a nossa incapacidade em marcar um golo. Falhámos nas três vezes que tentámos furar a baliza de Claudio Bravo. Mérito dele, demérito nosso? Um pouco dos dois, é provável. Não se compreende, aí sim, que Ronaldo não tenha tentado inaugurar o marcador, quando é o nosso melhor jogador. Talvez tivesse acertado e dado outro alento aos colegas, talvez. A futurologia é sempre um exercício interessante, e inútil.
A Taça das Confederações não é um torneio menor. Não tem o peso de um Europeu, muito menos de um Mundial, todavia tem o seu lugar entre as provas internacionais de selecções. Seria um título que poderíamos ter arrecadado. Envolve, ainda, somas avultadas e prestígio. Resta-nos disputar um não-honroso terceiro lugar com o México, atropelado quase impiedosamente pela Alemanha por quatro bolas a uma.
Na medida em que acredito na sensatez de Fernando Santos, há que repensar o nosso jogo. Digamos que ele tem trabalhinho de casa, e não serei eu que lho vou ensinar. Esta selecção, que tem o seu valor, que é a campeã da Europa - não vamos agora esquecer os louros de um passado que nem é distante e diabolizá-la - precisa de todo um estímulo, de segurança no modo como actua. A nossa prova de fogo será em 2018, no Mundial que se realizará na Rússia. É aí que residem, no momento, os pensamentos e as preocupações de Fernando Santos. É que Portugal já não se apresenta como aquela selecção tímida à qual o acesso aos quartos-de-final era um luxo. Exige-se mais, tudo, de campeões.