17 de janeiro de 2009

As afirmações do Cardeal Patriarca de Lisboa

Foi com algum espanto e pesar que li as polémicas declarações do senhor Cardeal Patriarca, Dom José Policarpo. Não é que não tivesse a certeza relativamente à tão comum hipocrisia católica, mas é lamentável que um homem com as responsabilidades que este senhor tem, possa dizer arbitrariamente aquilo que lhe vai na alma. Não me parece ser o melhor caminho para o diálogo inter-religioso, afirmar que o casamento entre raparigas católicas e jovens muçulmanos é um problema enormíssimo para a Cristandade. Também acusou o Islão de não estar aberto ao diálogo; mas haverá religião mais dogmática que a Igreja Católica, com as suas verdades únicas e inquestionáveis? Recuso-me a comentar a forma verdadeiramente infeliz com que usou a palavra "Alá".
Não sou propriamente um defensor do Islão, criticando até vários usos primitivos e condenações chocantes para qualquer ocidental, mas um homem que é tão somente a figura máxima da Igreja Católica em Portugal não pode ter este comportamento, fazendo-me lembrar as Guerras Santas do séc XII, adaptadas à realidade dos nossos tempos.
Numa altura em que o fanatismo religioso assume proporções imparáveis um pouco por todo o lado, estas declarações insensatas tem de acabar para que não se volte a repetir a infelicidade destas palavras que só promovem o ódio e o desrespeito pelas convicções e religiões das outras pessoas.

11 de janeiro de 2009

Acordo Ortográfico: Sim!

O Acordo Ortográfico é verdadeiramente imprescindível para os países lusófonos, de modo a terem uma língua unida, coesa e, sobretudo, forte no panorama internacional. A triste situação da 6ª língua (já li 5ª) mais falada do mundo e 3ª no mundo ocidental ter dupla grafia tinha de acabar. Para quem não sabe, existia até então a ortografia brasileira e a ortografia europeia ou portuguesa, que era também seguida pelos PALOP. Estas duplas grafias eram aceites internacionalmente, dificultavam a aprendizagem da língua no plano internacional e comprometiam seriamente a sua afirmação. É necessário referir que o português ainda não foi aceite como língua oficial da ONU precisamente por este problema. O alegado interesse maior por parte do Brasil é infundado, na medida em que todos ficamos a ganhar. Se tal não fosse feito, não consigo imaginar as consequências; mas poderia acontecer uma verdadeira ruptura entre o Brasil e Portugal, o que seria destrutivo para a nossa língua comum. Pessoalmente, pouco me importa escrever "ação" e "ótimo", dando estas palavras como exemplo... Apenas fica para trás a herança latina que ainda existia. O medo que paira de um "abrasileiramento" da língua apenas me faz rir. Afinal, não é o Brasil com os seus 180 milhões de habitantes que "conduz o carro" da Língua Portuguesa? Esquecem-se, porém, que o Brasil também fez alterações, nomeadamente a supressão do trema (¨), entre outras.
Foi com algum regozijo que li que as alterações já entraram em vigor no Brasil. O mesmo tem de acontecer em Portugal muito rapidamente. Da minha parte, vou tentar aplicar de hoje em diante as novas regras.
Num mundo cada vez mais global, em que a internet desempenha um papel fundamental, a Língua Portuguesa tem que evoluir de modo a responder aos novos desafios e necessidades.

"Uma Casa no Fim do Mundo"

"Uma Casa no Fim do Mundo", é o nome do último livro que comprei hoje mesmo. Embora o tenha folheado ainda antes de o adquirir, confesso que ainda não o li, nem uma única página. A estória (ou história, não vão pensar que cometi um erro...) suscitou-me algum interesse, e creio mesmo que é algo precipitado comprar um livro sem ter a absoluta certeza de que é bom. Decidi correr o risco, afinal um livro será sempre um livro. O autor, Michael Cunningham, também não me diz nada, perdoem-me os fãs. Li na contra-capa que o livro foi adaptado para filme, o que garante, em parte, a sua qualidade. Uma crítica do The New York Times Book Review despertou-me a atenção, e decidi pela compra. Irá ser uma boa companhia nestes dias de verdadeiro frio. Retrata um triângulo amoroso entre dois homens e uma mulher e as conturbadas relações afectivas nos centros urbanos.
Bom ou mau, um livro é cultura.

2 de janeiro de 2009

Israel & Palestina

O conflito armado israelo-palestiniano tomou proporções gigantescas, com um número de mortes palestinianas a ascender as 4 centenas. É claro que por motivos pessoais não tomarei partido de nenhuma parte, mas sim das vítimas civis, que apesar da sua total inocência neste conflito, continuam a ser as mais prejudicadas. O número de crianças que já pereceram choca e é com total repúdio que condeno estes actos bárbaros.
Depois de uma frágil trégua, o ódio entre os dois povos que já perdura há 60 anos, ganhou uma força inimaginável sendo esta a pior intifada de sempre. A resposta israelita não se fez esperar e o resultado está bem visível: uma mortandade sem precedentes.
Os esforços da comunidade internacional são louváveis, mas até esta data, todas as propostas de cessar-fogo foram rejeitadas por Israel que persiste no desmantelamento e ataques a alvos estratégicos do Hamas.
É do senso comum que o problema palestiniano tem de ter uma rápida resolução, mas muito sinceramente não acredito num fim à vista. As condições para a criação de uma Estado soberano na Cisjordânia e na Faixa de Gaza devem ser criadas o mais rapidamente possível, de modo a minimizar os ódios existentes entre os dois povos.
Da minha parte, espero que a diplomacia e o bom senso imperem.
Feliz Ano Novo