Embora viva longe (e vai entre parêntesis porque a distância é relativa, sobretudo nos dias que correm, com os meios de informação de que dispomos), continuo a acompanhar a actualidade social e política em Portugal. A sensação que me dá é a de que tudo vai muito mal. No governo, os casos de corrupção sucedem-se abruptamente, perante a parcimónia do Chefe de Estado e dos cidadãos. O custo de vida aumenta a um ritmo impressionante, a especulação imobiliária também. A gestão das finanças torna-se o mais difícil dos desafios. Há fome. Há frio. Muitos não conseguem aquecer as suas casas pelos valores exorbitantes das facturas da luz. Aonde iremos parar? Não há prazer algum na vida das pessoas. Procuram ultrapassar cada dia da melhor forma sem daí retirar nenhum proveito. É por isso que compreendo a euforia com vitórias desportivas, citando. Realmente há que encontrar um escape para uma realidade diária tão complicada. Uma ilusão. Algo que faça com que cada um se evada dos seus problemas.
Os portugueses não são pessimistas, tristes e melancólicos por que queiram; são-no porque não têm motivos para sorrir. Venderam-lhes sonhos que não se concretizam. Os avanços e as conquistas são tão lentos e escassos que não originam nenhuma satisfação. Olhamos para trás e constatamos que melhorámos, mas a comparação temos de a fazer não relativamente ao nosso passado, senão àqueles que nos servem de referência, e que já nesse passado gozavam de melhores condições do que nós naquele então. Teremos sempre de nos contentar com o poucochinho, quase nada, com o espólio e o engano?