25 de janeiro de 2023

Que futuro?


    Embora viva longe (e vai entre parêntesis porque a distância é relativa, sobretudo nos dias que correm, com os meios de informação de que dispomos), continuo a acompanhar a actualidade social e política em Portugal. A sensação que me dá é a de que tudo vai muito mal. No governo, os casos de corrupção sucedem-se abruptamente, perante a parcimónia do Chefe de Estado e dos cidadãos. O custo de vida aumenta a um ritmo impressionante, a especulação imobiliária também. A gestão das finanças torna-se o mais difícil dos desafios. Há fome. Há frio. Muitos não conseguem aquecer as suas casas pelos valores exorbitantes das facturas da luz. Aonde iremos parar? Não há prazer algum na vida das pessoas. Procuram ultrapassar cada dia da melhor forma sem daí retirar nenhum proveito. É por isso que compreendo a euforia com vitórias desportivas, citando. Realmente há que encontrar um escape para uma realidade diária tão complicada. Uma ilusão. Algo que faça com que cada um se evada dos seus problemas. 

    Os portugueses não são pessimistas, tristes e melancólicos por que queiram; são-no porque não têm motivos para sorrir. Venderam-lhes sonhos que não se concretizam. Os avanços e as conquistas são tão lentos e escassos que não originam nenhuma satisfação. Olhamos para trás e constatamos que melhorámos, mas a comparação temos de a fazer não relativamente ao nosso passado, senão àqueles que nos servem de referência, e que já nesse passado gozavam de melhores condições do que nós naquele então. Teremos sempre de nos contentar com o poucochinho, quase nada, com o espólio e o engano?

19 de janeiro de 2023

Uns fazem inimigos; outros, amigos.


   Eu não sei se a canção está a ter algum impacto em Portugal. A Shakira lançou um tema no qual arrasa com o ex-companheiro, pai dos filhos, Piqué, e com a sua actual namorada. Em Espanha, não se fala doutra coisa, e já está a bater recordes no streaming. Estas “coisas” incomodam-me, ainda que como espectador. Creio que as querelas se devem resolver civilizadamente. Até há crianças no meio, e eu sei o quão doloroso pode ser um processo de separação (não era criança, tinha vinte anos, mas sofri como se fosse).

   Enquanto aqueles dois se matam, estes dois, o Goku e a Mia, tornam-se amigos inseparáveis. Quem disse que cão e gato não se podem dar bem?




16 de janeiro de 2023

O Balneário de Mondariz.


    Eu adoro termas e águas medicinais. As minhas primeiras termas não foram em Espanha (e vivo na província das termas), nem em Portugal, senão na Hungria. 

    Já há meses que queríamos ir ao Balneário de Mondariz, vontade que não se concretizou por todas as peripécias do ano passado e também (talvez o principal motivo) pelo trabalho do M., que raramente dispõe de dois dias livres (excepto quando tira férias). Este fim-de-semana foi uma excepção, e depressa nos propusemos a fazer as tais ansiadas termas em Mondariz. Desde já, um aviso: a afluência é muita, pelo que os aconselho a reservar com antecedência. Eu reservei na antevéspera (com o trabalho do M., nunca podemos fazer planos antecipados) e quase que não conseguia uma vaga. 


A Fonte de Gándara, cuja água, com uma concentração elevada de bicarbonatos, é utilizada no tratamento da pele e de distúrbios digestivos, sobretudo


  O Balneário de Mondariz é o mais afamado de Espanha, considerado em 2012 o melhor spa do país, entre numerosas outras menções honrosas. Por lá encontrarão várias instalações, reformadas em 2020, dedicadas ao ócio termal. O que esteve na origem deste balneário foi a descoberta em 1872 da Fonte de Gándara, uma fonte de água medicinal. O Balneário entrou em funcionamento em 1873 e depressa se converteu num ponto de referência, epicentro da vida social e medicinal da região. Cem anos depois, justamente em 1973, um incêndio de enormes proporções destruiu-o, sendo que a actividade termal foi retomada apenas em 1993.


Um dos três edifícios que compõem o Balneário de Mondariz, com 194 quartos no total


    A par de toda a oferta, eu recomendar-lhes-ia duas actividades: o Circuito Celta [que consiste em: 1) duche com efeito peeling; 2) banho interior com jactos de água; 3) sauna celta; 4) jactos a pressão com efeito de choque e, por último, 5) banho de contraste ao ar livre, ou seja, numa piscina de água quente no exterior] e o Palácio da Água (composto por piscina de spa, jacuzzis e várias saunas). Não necessitam levar toalhas, que o Balneário fornece-lhes robes e até chinelos (quanto a estes últimos, pela qualidade, será melhor que levem os seus). 


As recordações que trouxe: um livro sobre a história do Balneário, um conjunto de fotos antigas do conjunto termal, um sabão dermatológico e um gel de banho composto por água mineral medicinal


    O Balneário dispõe de alojamento próprio e de dois restaurantes, um dedicado à gastronomia galega e o outro de comida italiana. O último serve refeições até às 0h, pelo que poderão estar no spa até às 23h (última hora), subir ao quarto, tomar um duche e ir jantar (foi o que fizemos). A partir das 21h, não podem entrar crianças na piscina. Das 21h às 23h é o horário ideal para quem não tem miúdos.


10 de janeiro de 2023

O saque de Roma, perdão, Brasília.


  As imagens das invasões populares aos órgãos de soberania brasileiros são impressionantes. Independentemente dos motivos. Lembraram-me o saque de Roma pelos bárbaros. Admiro sempre quando um povo se mobiliza, e o uso deste verbo não deve ser mal-interpretado. Admirar não significa que apoie ou condene. Admiro a coragem. Condeno os motivos, neste caso, e os modos. A imagem que passa é a de selvajaria, desordem total, descontrolo, de democracia em fanicos. Agora repare-se: segundo o meu pai (eu não vou a Portugal há quase um ano), o tempo de espera por lá nos hospitais públicos é de vinte horas, há cerca de 10.000 (em numeração assusta mais) pessoas a viver na condição de sem abrigo e metade da população portuguesa está em risco de pobreza. O pais bateu no fundo. Só que ali não há colhões para fazer o mesmo em São Bento e arredores.

7 de janeiro de 2023

I Wanna Dance with Somebody.


   Nunca tinha vivido tão perto de um cinema, que me lembre. E há tantos anos que não podia ir à sessão das 22h. Recuperei un petit peu das minhas rotinas urbanas. O filme é que… meh. É um argumento fraco, embora Naomi Ackie tenha estado francamente bem. A vida de Whitney Houston não deve ter sido tão aborrecida, e ela tão desinteressante. São duas horas e meia de um enredo superficial e entediante. Salvam-se os velhos clássicos de uma geração e a mímica da actriz.