As aulas recomeçaram na segunda-feira, embora tivesse faltado nos dois primeiros dias. Assumi que os merecia, depois da complicada e cansativa época de frequências e orais. Relativizei a matéria que poderia ser leccionada - e foi - e baldei-me, situação inédita, sem culpas nem remorsos. Aos poucos, a faculdade vai deixando o lugar de segunda casa para rivalizar com a primeira, ocupando cada segundo da vida de muitas almas por ali, sobretudo agora em que se antevê o fim, relativamente.
Terei alguns professores-assistentes novos, no seguimento, também, de algumas disciplinas diferentes. A vontade e a garra presentes no primeiro ano deram lugar ao marasmo. Assistir a determinadas aulas plenárias chega a ser um castigo, culpa de professores que tornam aquelas horas demasiadamente enfadonhas e pouco estimulantes. Alguns limitam-se, como sucedeu no semestre passado, a ler em voz alta os parágrafos dos seus manuais académicos, retirando qualquer utilidade às aulas em si, que deveriam ser dinâmicas. Se compramos os livros e se, à partida, sabemos ler, é um convite explícito à quebra da assiduidade. Faltar torna-se a única solução.
Uma colega convidou-me para uma festa que a faculdade irá organizar, provavelmente regada a álcool e devaneios. Pondero aceitar - e o insólito não deixa de me surpreender. Como sou abstémio e não me sinto bem naqueles ambientes, tenho evitado frequentar as inúmeras actividades estudantis que por lá se realizam, mas desta vez estou convicto em ir. A companhia até é agradável.
Tenho aprendido que só há lugar a arrependimentos quando deixamos algo por fazer. Se o fizermos e não tiver sido do nosso agrado, resta-nos o lamento cru. A curiosidade fica preenchida e revelamos alguma astúcia. Em todo o caso, mantemos a nossa personalidade em qualquer ocasião ou lugar, assim a tenhamos.
Urge viver.