Quando soube o que ocorrera, julguei ter recuado a 2001. Julgámo-lo todos, e mais ainda os afegãos, que de pouca liberdade gozaram para, ainda assim, lha tirarem. Os talibãs tomaram a capital, que o país nunca o deixaram de todo, e agora? Vamos ter de novo mulheres proibidas de sair à rua, pessoas açoitadas por usarem uns jeans, homossexuais executados impiedosamente?
Ouço dizer que "os talibãs talvez não venham a ser o que foram". Há quem esteja disposto a reconhecê-los. Parece mentira. Apoiados pelos EUA durante a guerra com a União Soviética, que também se posicionavam por detrás do governo fantoche que estava em Cabul, creio que o menos importante será discutir de que lado se está. Só pode haver um lado aqui: o dos direitos humanos. É esse que me move, é esse o de qualquer pessoa interessada em lutar pelo bem-estar e pelos direitos dos afegãos, das mulheres afegãs, das minorias afegãs.
Se para a salvaguarda desses direitos for necessária uma intervenção no país, que seja decidida pelas Nações Unidas, a única que o pode fazer. O que não podemos é calar, ignorar, transigir, fazer deste caso mais uma moda de redes sociais. Pensemos que podia ser connosco, se tivéssemos tido a pouca sorte de nascer por ali. E pensemos também nas minorias doutros países da região que não desfrutam do alarme social que o governo talibã gerou no ocidente. É que as violações dos direitos humanos estendem-se àquela região do globo, são comuns a vários países, praticadas por vários governos internacionalmente reconhecidos. Evidentemente que derrubar os talibãs é imperioso. É salvar vidas. Não nos podemos é ficar por aí. Como venho dizendo, o respeito pelas religiões e pela soberania dos estados cede perante a defesa dos direitos humanos, da vida, da integridade física, do livre desenvolvimento da personalidade. Sempre.