22 de novembro de 2022

Mundial 2022.


   Começou anteontem o Campeonato do Mundo de 2022. É sabido, eu gosto de acompanhar estes torneios entre nações, muito embora este ano não esteja, pelas circunstâncias, tão entusiasmado como em anos anteriores. Em todo o caso, muni-me da minha revista oficial, vejo os jogos todos, e tão-pouco as polémicas em torno dos direitos humanos me demoveram. Independentemente das opções da FIFA e dos costumes do Qatar, que repudio, o que me motiva são as disputas entre nações, sobretudo, que partidas de clubes não me seduzem tanto. Naturalmente, condeno as violações sistemáticas dos direitos humanos no Qatar e na esmagadora maioria dos países do Médio Oriente (para não dizer todos), porém, torno a dizer, as escolhas da FIFA no que respeita ao país anfitrião que escolhe em cada campeonato não devem retirar a beleza do espectáculo e a sua importância para os aficionados. Quem gosta dos Mundiais, irá continuar a vê-los. O activismo, podemos e devemos continuar a levá-lo a cabo, em contexto de realização de grandes torneios e fora deles. O Qatar já desrespeitava os direitos humanos e continuará a desrespeitá-los quando nos despedirmos deste Mundial 2022.

13 de novembro de 2022

Nova Casa.


   Há uma semana, eu e o M. mudámo-nos. O M. conseguiu, finalmente, o seu posto fixo como médico, tendo escolhido um município a cerca de 40km de onde vivíamos. Estamos numa cidade, temos todos os serviços à nossa disposição, o que não sucedia na vila onde passámos os últimos dois anos e meio das nossas vidas. Comprámos um apartamento espaçoso mesmo em frente ao rio e ao passeio fluvial. Disponho agora de um amplo espaço para passear o cão. É uma nova vida. Profissionalmente, o M. tem estabilidade, uma vez que pode exercer como médico aqui para sempre. Onde estava, era interino. Aos 34 anos, é médico com posto fixo, o que muitos médicos com mais vinte anos em cima ainda não conseguiram. Desengane-se quem pensa que a vida de um médico é fácil. Com a instabilidade laboral dos nossos países, há gente que consegue ter mais segurança no seu emprego sem uma licenciatura do que o contrário. O tempo dos empregos seguros passou há muito.


Mesmo em frente à nossa casa


    As mudanças são sempre uma tortura, e eu infelizmente tenho feito muitas por vicissitudes da vida. Em Março, fomos a Portugal buscar os meus pertences e os da minha mãe aquando da sua morte, e menos de um ano depois já fizemos uma mudança. Os cerca de 40km da vila onde vivíamos em nada diminuíram  ou amenizaram o nosso trabalho. Tivemos de empacotar tudo, e imagine-se o que é fazê-lo quando, como eu, se é de acumular coisas. Centenas de livros, dezenas de camisas, calças, casacos, louças, mais coisas minhas de infância... foi uma trabalheira. Para que possam fazer uma ideia, enchemos duas vezes uma carrinha, e na quarta-feira última ainda tive de voltar à arrecadação do antigo apartamento para buscar os meus pertences de infância e outros que tais que depositámos ali. Depois, há que arrumar tudo na casa nova, deitar fora o que não presta, e isso levou-nos mais uma semana. Naturalmente, o M. continuou a trabalhar. Somente pediu dois dias de mudanças. O que houve, sim, foi coordenação da nossa parte. Como sabíamos de antemão que a convocatória estava a chegar, fui empacotando a casa atempadamente. Chegado o dia da mudança em si, procedeu-se apenas (como se fosse pouca coisa!) ao transporte. Estamos esgotados, porém, animados pelo trabalho concluído e com a nova fase que se inicia.