Não, o título não é uma miragem. Voltei aos meus fins de semana culturais, e em grande, com um dia que começou às 8h da manhã e terminou às 20h. Como repararão, o título da publicação segue a contagem dos sábados / domingos culturais, interrompidos - não terminados - em Junho. Isto porque não houve um corte verdadeiramente, e sim uma mera interrupção por motivos que expliquei recentemente, salvo erro na revista a 2018.
Farei tal e qual costumava fazer, enumerando os sítios que visitei e, de seguida, falando um pouco sobre cada um deles, e mais o que considerar pertinente. Estive, por esta ordem, na Fragata Dom Fernando II e Glória, no Santuário do Cristo-Rei e, tal como há um ano, precisamente no dia 7 de Janeiro, no Museu da Marinha, para visitar o seu estaleiro, que não vi da primeira vez em que lá estive, neste mesmo dia, neste mesmo mês do ano passado. Hoje, segunda, fui ao Museu do Ar, na cidade de Alverca.
Como comecei por lhes dizer, o dia começou cedinho, com uma neblina espessa. O frio não me demove, como imaginam. Quando me decido a algo, não cedo.
Quer a fragata, quer o Cristo-Rei estão na outra banda, do lado de lá do Tejo, em Cacilhas, concelho de Almada, distrito de Setúbal. O trajecto, para quem vem de Lisboa, não engana: o cacilheiro no Cais do Sodré. Um percurso ínfimo, de dez minutos. Pouco se podia ver, pelo nevoeiro e pelo estado dos vidros da embarcação.
Chegado lá, a fragata encontra-se a uns meros 100 metros da estação fluvial, ou menos. É uma fragata bonita, totalmente recuperada e aberta ao público aquando da exposição universal de Lisboa, de 1998, vulgarmente conhecida por Expo 98. A sua construção data de meados do século XIX, o que justifica o seu nome, em honra do casal real, Dona Maria da Glória, a II de seu nome, e Dom Fernando II. O trabalho de recuperação foi meritório, como observarão. A fragata foi totalmente destruída por um incêndio, em 1963, tendo ficado fundeada no Tejo. Um grupo beneficente apoiou a reabilitação da antiga embarcação, que agora pode ser apreciada.
Gostei bastante da fragata. Vamos pelo seu interior, pelo convés, que tem interesse, pelos conveses de bateria, pelos aposentos da tripulação e dos passageiros... Vale a pena. É uma das mais antigas do mundo, do seu género.
A segunda visita foi aquela de que mais gostei, e gostei realmente muito. Não conhecia o Santuário do Cristo-Rei, e tem tanto interesse. É realmente enorme, um dos monumentos mais altos de Portugal. Tem mais de 100 metros, e a paz, não fosse tanto turista, seria total, aqui tão perto de Lisboa. Subi ao seu terraço. A vista é deslumbrante, equiparável, quanto a mim, àquela que podemos desfrutar desde o alto do Padrão dos Descobrimentos. Não é preciso ir-se ao terraço do Cristo-Rei, contudo - porque se paga; cá em baixo, já no recinto do monumento, também se pode usufruir da vista esplêndida sobre a Ponte Salazar - não resisti à provocação - e Lisboa, lá ao longe, parecendo uma maquete.
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A Capela, no interior do monumento e subindo o elevador que dá acesso ao terraço |
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O Cristo, visto desde o terraço, já no topo
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Em certa medida, custa-me que as pessoas para lá se desloquem apenas pelas fotos. Estão num santuário. Convinha que meditassem um pouco, orassem, se aproximassem mais de Deus. Aquilo é meio uma arena de fotos, o que me incomoda. Eu também as tiro, mas tive os meus momentos na capela superior, já quando se sobe o elevador, lá ao alto. Um pormenor: comprei uma Bíblia Católica, que a que tinha era uma edição comum, e uma imagem linda do Sagrado Coração de Jesus. Um pouco caro, mas valeu muitíssimo a pena. Cá em baixo, e sem nada a pagar, também têm uma pequena capela, onde, inclusive, podem escrever uns pequenos desejos e depositá-los numa urna de vidro.
Da parte da tarde, já depois de um breve almoço no Chiado, fui, pela segunda vez, ao Museu da Marinha. Revisitei-o pelo estaleiro, que não conhecia e do qual só tive conhecimento há uns meses. É maravilhoso. Figura, ex aequo com o Cristo-Rei, e não querendo ser injusto com a fragata e com o Museu do Ar, entre as minhas visitas favoritas do dia. Houve duas embarcações que me encheram a vista: uma galeota de Dom João V e um bergantim real de Dona Maria I, que reproduzirei seguidamente. Também têm uma réplica, presumo eu, da aeronave que transportou Gago Coutinho e Sacadura Cabral na primeira travessia aérea do Atlântico sul, em 1922, pelo centenário da independência do Brasil, ligando, pelos ares, Lisboa e o Rio de Janeiro. Entre mais, claro, muito mais. Deu tempo ainda de revisitar o museu, bem en passant, que o que me levava lá era o estaleiro, e já cheguei pouco mais de uma hora e meia antes do encerramento.
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Bergantim Real (1778) |
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Galeota (1728) |
Hoje, segunda, decidi ir ao Museu do Ar, em Alverca, também um local que andava há algum tempo a querer visitar. Não é deslumbrante, longe disso, mas tem o seu interesse. Aviões, motores, hélices... Já se sabe. Encontrarão também miniaturas de aviões de combate, artefactos vários ligados à aeronáutica, alguns quadros e fotos, insígnias. Não sei se valerá a pena a deslocação propositada, mas, passando-se pela cidade, e sendo uma segunda-feira, é de visitar.
Foi tudo, e não pouco, por este final de semana. Como de costume, já sei onde irei no próximo domingo. Até lhes direi mais: onde irei durante todo o mês, aos domingos. Curiosos? A seu tempo, tudo saberão.
Todas as fotos foram captadas com o meu iPhone. Uso sob permissão.