19 de março de 2023

A Baleia.


   Julguei que estaria perante um título pejorativo. Equivoquei-me. Depois verão de que baleia se trata, e do simbolismo que essa baleia adquire na narrativa. Este filme emocionou-me, quiçá pela minha fragilidade -sou frágil, fui frágil-, que se agudizou na actual conjuntura, e embora não seja de chorar com filmes, saí de tal forma comovido da sala de cinema que não consegui segurar as lágrimas, que me inundaram o rosto, caindo sem parar, como numa crise compulsiva.

   A Baleia é uma estória da fragilidade da condição humana, do amor, da redenção. Também da aparente maldade, que poderá não o ser; da fronteira entre a honestidade, a transparência e a maldade. Uma estória de gente desafortunada, por um ou outro motivo. Muito emotivo. Não há enredos complicados (como no desastre Everyting Everywhere All at Once), nem deles precisa, porque nós somos mais comuns do que julgamos. Num simples apartamento, conectam-se traumas e desgraças pessoais, que afinal são as nossas - podem ser as nossas.

   A Baleia entra no meu contido catálogo de filmes preferidos de sempre, e mereceu-me a pontuação 9 no IMDB.






12 de março de 2023

The Fabelmans.


   Um filme que tem muito de biográfico. As interpretações são de excelência, sobretudo de Michelle Williams. Spielberg seguramente saberá destrinçar entre o que há da sua experiência e o que resulta da inegável capacidade criativa a que nos acostumou, transportando-nos aos anos 60 com maestria; a uma família de classe média tão normal nos hábitos, nos “pecados”, nos anseios, nos desejos, incidindo no crescimento de um miúdo entre as câmaras de filmar e um terrível segredo capaz de abalar o núcleo aparentemente tão comum e inabalável, e afinal é-o, comum, porque inabalável, nem tanto. Não há estórias completamente felizes.




10 de março de 2023

Um ano.


   Um ano. Um ano de dor, de adaptação a uma nova realidade. Quando perdemos alguém que esteve sempre presente nas nossas vidas, há que aprender a viver com esse vazio, com essa falta. Cresce-se com o sofrimento. Vejo-o em mim. 

    Se fosse eu que tivesse feito isto, provavelmente faria com que as pessoas crescessem sem ter de sofrer, mas, como não sou, sujeito-me às leis universais.

27 de fevereiro de 2023

Lugo.


   Há umas semanas estivemos em Lugo. O M. já conhecia a cidade, mas eu não. Junto a Pontevedra, era a única cidade galega, das mais importantes, em que nunca tinha estado.

   Lugo é a capital da província homónima. Lucus Augusti, no seu nome romano, está circundada por uma muralha que se pode percorrer por cima, e assim ter uma visão privilegiada pela maior parte do seu perímetro. A muralha tem dois mil anos e mantém-se praticamente inalterada desde então.


A muralha romana de Lugo


    No centro, podemos encontrar a praça composta por uma coluna e uma enorme águia; é a praça do bimilenário de Lugo, construída aquando da comemoração dos seus dois mil anos de história. Li que a águia que decora o topo da coluna, de asas abertas, substituiu a de asas fechadas, transposta para o Parque Rosalía de Castro.


Uma praça que nos remonta a Roma


  O Parque Rosalía de Castro é amplo, luminoso, com um miradouro. Evoca a memória de uma das maiores escritoras nacionais, responsável pelo renascimento das letras galegas. 


Luminoso


   Perto do miradouro está a ponte romana de Lugo, engenho clássico que foi sofrendo inúmeras alterações durante a Idade Média e já mais recentemente, quando passou apenas a receber o trânsito peatonal.


Aqui vê-se um pôr-do-sol magnífico.


    Outro dos atractivos de Lugo é a sua catedral, que embora não seja tão magnânima quanto a de Santiago, é bonita.


Desde o alto da muralha, a catedral al fundo


      Lugo é uma cidade tranquila, entre o rural e o urbano, de gentes amáveis e bastante mais sossegadas do que a generalidade dos galegos, e é tida como uma das mais formosas da Galiza. Gostei bastante.