30 de janeiro de 2024

A Inversão Sexual.


   Não costumo falar dos livros antes de os ler, mas fiquei tão entusiasmado com esta compra que preferi não esperar, até porque tenho tantos em lista de espera para ser lidos que provavelmente demoraria anos a escrever uma palavra sobre eles.

   Hoje mesmo chegaram-me, de Portugal (eu continuo a pedir livros de Portugal, através dos sítios das editoras, pela internet), dois livros que são clássicos da literatura médico-científica sobre a homossexualidade, curiosamente ambos com o mesmo título: A Inversão Sexual; um deles o primeiro livro que aborda a homossexualidade desde um ponto de vista médico-científico em língua inglesa, de 1897, por Havelock Ellis, médico britânico, e o outro, de dois anos antes (1895), por Adelino Pereira da Silva, médico português que também se debruçou num estudo sobre a homossexualidade - o primeiro em Portugal.





     Provavelmente -seguramente- parecer-me-ão leituras antiquadas, contudo, não está mal conhecer a perspectiva médico-científica de então, com todas as suas falhas, preconceitos, imperfeições e juízos de valor enviesados. Sobretudo, há que fazer-se uma leitura descomplexada, tendo sempre em consideração a época em que foram escritos. Hoje mesmo relatei, nas minhas redes sociais, episódios de homofobia que sofri no colégio, no final dos anos 90 do século passado. Imagine-se no final do século XIX. Soube, entretanto, que pelo menos no que concerne ao primeiro, inglês, tem uma abordagem bastante tolerante para a época. Mais, só poderei acrescentar depois de os ler.

    Resta dizer que os comprei através da Amazon, e que são edições da Index eBooks, uma editora LGBT, cujos donos conheço pessoalmente - privei com eles nalguns jantares de blogues, e eram pessoas bastante assíduas, inclusive, aqui na blogosfera. Um deles era o João Máximo.

29 de janeiro de 2024

Ainda não sei bem em quem votar, mas…


    No dia 10 de Março, os portugueses serão chamados às urnas para eleger os seus deputados. Todos os portugueses. Eu também voto, embora não resida em território nacional. Escolho os deputados do círculo da Europa. São dois. Geralmente, um vai para o PS e outro para o PSD. Não votaria nem num, nem noutro. 

     Os debates ainda não começaram, não sei como os irei ver (essa é outra questão; tendo os meus pais falecido, já não consigo ter acesso a todos os canais portugueses, a menos que os subscreva, ou seja, pague, mas isso é outro assunto). Entretanto, mesmo sem os debates, que quero ver (não sei como, mas quero), creio que o meu voto, à partida, está definido, e será na Iniciativa Liberal.

     Não votaria no PS, por todas as razões que o mero bom senso explica. A recém-desenterrada Aliança Democrática (PSD/CDS-PP e PPM) cheira a mofo e tem monárquicos. O CHEGA, nem pensar. Não me identifico com a extrema-esquerda pró-subsídios, pró-Palestina e pró-imigração, portanto, 2 + 2 = 4: ou voto Iniciativa Liberal, ou voto branco. Ou mando-os à merda e voto nulo. Reservo-me o direito de mudar de intenção de voto até lá.

28 de janeiro de 2024

Six Feet Under.


   A Six Feet Under, em português Sete Palmos de Terra, é uma série maravilhosa. Não sei se a viram, ou se tão-pouco gostam de séries. Eu comecei a ver séries poucas semanas antes de sair de Portugal, quando subscrevi a Netflix. Aqui em Espanha, ao não ter muito que fazer, já que vivo num ambiente mais rural, ver séries tornou-se uma rotina das noites sobretudo. Vi muitas. Nem me irei dar ao trabalho de elencar todas (até porque não me lembro). Posso dizer que as minhas favoritas foram Game of Thrones, The Walking Dead e, agora, esta Sete Palmos de Terra. E quiçá alguma mais que me escape.

    As interpretações são brilhantes, mas os textos, os diálogos, são o que tornam esta série tão boa. É realmente boa. Se gostam de séries e ainda não tiveram a oportunidade de a ver, façam-no. Não sei em que plataforma está disponível em Portugal. Aqui em Espanha está na HBO. 





   Considerada uma das melhores séries de sempre, bem assim como o seu final, Sete Palmos de Terra transporta-nos ao quotidiano duma família que gere uma funerária. Cada capítulo começa com uma morte, contudo, há uma história transversal a toda a série, isto é, cada episódio não se esgota em si mesmo. Há uma continuidade.

    Aquela família é esquisita. Louca mesmo, diria. Em todo o caso, são unidos, cada um com os seus dilemas, preocupações, crises existenciais, escolhas…, e recorrentemente vêem-se confrontados com toda essa realidade de angústias, o que os leva a um exercício de auto-análise. E é nesse exercício, a que se somam as interpretações e o texto, que está a qualidade da série.

26 de janeiro de 2024

Activos vs. Passivos.


   É mesmo verdade. Vou abordar isto. Talvez não haja muito que dizer, porém, sou gay, nunca falei disto no blogue, o que não invalida que seja um dos temas mais discutidos entre a comunidade homossexual. Basta acompanhar-se os youtubers gays, ler blogues gays, falar com gays. É um tópico que vem sempre à tona. Activo ou passivo? Top or bottom? Nas aplicações de engate então -que eu, como quase todos os gays da minha geração, utilizei em solteiro- é quase pergunta obrigatória. Às vezes até antes do nome (risos).

   Eu sou activo. Não importa nem ninguém mo perguntou. Quis dizê-lo porque, já que toco no ponto, começo por mim. Se calhar pareço passivo, porque sou mais para o delicado (outro preconceito entre os gays; aliás, a comunidade gay é profícua em preconceitos). Nunca fui passivo. Como diz um amigo meu, que agora é amiga (descobriu que era trans), não tenho fome no cu. Perdoem-me a brejeirada. Não experimentei. Sou capaz de passar a adorar quando experimentar, e nunca o fiz por medo da dor. Sou muito sensível à dor. Basicamente é por medo. Em todo o caso, a minha vida sexual é satisfatória, estamos felizes os dois, eu e o meu marido, por isso não é problema que represente.

    Creio que a comunidade gay se preocupa demasiado com esta velha questão. O sexo é importante, a compatibilidade na cama (ou em cima da máquina de lavar, tanto faz) é importante, contudo, acho que o amor é-o ainda mais. Há quem veja o sexo primeiro, o amor depois (já o dizia a Rita Lee naquele seu sucesso, Amor e Sexo). Eu não o vejo assim. Acredito que, com o amor, encontramos forma de compatibilizar o resto. E depois há quem goste de sexo por sexo, sem amor, o que também está bem. Cada um sabe de si. 

    E acredito ainda que é possível que dois passivos e dois activos, amando-se, consigam arranjar uma forma para que ambos se sintam satisfeitos. O sexo é muito, mas muito mais do que a penetração. Vou mais longe: a penetração é um detalhe. Evidentemente que pensamos no sexo anal quando se fala em passivos vs. activos, embora a questão se coloque também nas demais práticas sexuais. Há muitas formas de se chegar a um bom orgasmo. A dois. Ou até sozinho.

24 de janeiro de 2024

Londres (XI).


   Para encerrar esta leva de publicações sobre Londres, queria antes de mais dizer que adorei a cidade. Londres não se conhece em dez dias. Torna-se necessário (para quem prefere não ir à aventura) fazer um plano, e algo sempre fica de fora. Sofro de TOC, não é novidade, e isso leva-me a ser muito organizado. Vejo-me incapaz de viajar sem um plano de locais a visitar e respectivos bilhetes comprados. Ir às cegas não é para mim. Não conseguiria. Acho que seria tomado por uma crise nervosa qualquer. 

   Quando elaborei o plano, sabia que não conseguiríamos visitar todos os monumentos e locais da cidade. Procurámos fazer o imprescindível, e houve outro tanto imprescindível que não fizemos. Por um lado é bom, porque nos obriga a regressar. Conforta-me saber que, uma vez mais, cumprimos com o plano. O que levámos (e vai escrito e imprimido mesmo), foi feito.

   Além disso, eu distingo o turismo de Verão do turismo cultural. Eu, no Verão, gosto de ir para a praia. Procuro não me comprometer com nada cultural. É para o bronze, é para o bronze. É forma de falar, porque do que eu gosto mesmo é de nadar e contemplar o mar. Isso não significa que, por exemplo, no primeiro ano em que fui para a Gran Canaria não tenha reservado um dia para conhecer Las Palmas, uma das capitais do arquipélago (a outra é Santa Cruz de Tenerife). Já no Inverno, quando geralmente temos mais duas semanas, escolho um destino qualquer para enriquecimento pessoal, e não dou descanso. É a dar-lhe todos os dias, sem parar. Não há cá tempo para dormir muito.

    Londres era uma das cidades que tinha mesmo de conhecer. Mesmo, mesmo. É multicultural, enorme, com um metro que funciona lindamente. Os ingleses são educados, receptivos. Senti-me incrivelmente seguro para uma cidade tão grande e tão densamente povoada. Foi muito bom.

21 de janeiro de 2024

Londres (X).


   Este monumento do qual lhes falarei em seguida, a St. Paul Cathedral, surgiu da necessidade de completar mais uma manhã em Londres, e é altamente recomendável. É absolutamente divina. Catedral, divino. Bastante apropriado. A sua cúpula é bastante distintiva, e a glória que foi ganhando entre os britânicos, a Catedral, levou-a a ser palco de grandes eventos pela positiva, como o casamento do então Príncipe de Gales, hoje Rei de Inglaterra, Carlos, com Diana Spencer, e pela negativa, os funerais, designadamente, de Winston Churchill e Margaret Thatcher.


Extraordinária cúpula 

O famoso púlpito em que discursou Martin Luther King


   A Catedral de São Paulo é lindíssima. O coro, o transepto, a cúpula (desde dentro, impressionante), as criptas e, inclusivamente, o pináculo, onde se pode subir. Através de umas escadinhas de ferro em caracol, empinadas, que amedrontam, podemos ascender ao ponto mais elevado da estrutura, cujas vistas sobre Londres são maravilhosas. O M. não o quis fazer. Tem vertigens. Num primeiro momento, também me neguei, por medo daquelas escadas tão íngremes; depois, revesti-me de coragem e lá fui eu. Àquela altitude, fazia um frio enorme, que me levou a trazer de volta uma constipação valente…


Pormenores


O relógio visto desde o topo


     À tarde, fomos à Tower Bridge. A ponte da torre é uma das várias pontes que unem os dois lados do rio, no entanto, é a mais conhecida. Naturalmente, já a conhecêramos por fora num dos inúmeros passeios que fizemos à beira-rio. Neste dia, fomos ao seu interior. Conhecemos os detalhes da sua construção, e pudemos desfrutar (eu, que o M. teve medo) de uma vistas fantásticas, não só desde as janelas como também de uns vidros fortemente revestidos, no chão, que nos permitem observar o movimento peatonal e automobilístico na ponte. Eu tivera uma experiência semelhante, pisando um vidro, na Ponte 25 de Abril. Subi ao elevador da ponte e andei sobre um vidro resistente. 


A Tower Bridge

A alguns pode-lhes dar medo, como ao meu marido


     Faltou acrescentar que quer a Catedral de São Paulo, quer a Torre da Ponte são monumentos de visita paga.


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.

20 de janeiro de 2024

Londres (IX).


   Novamente num circuito mais comercial, fomos, naquele oitavo dia, ao Madame Tussauds de Londres. Há vários espalhados pelo mundo. São museus de cera, nos quais se retratam personalidades do mundo da música, desporto, política, história. Não é um museu gratuito; pelo contrário, foi o mais caro de todos quantos paguei para ver em Londres. Se vale a pena? É um museu de bonecos de cera. Depende do interesse que cada um tenha neste tipo de actividades. É totalmente mainstream. Tem um comboio que faz um percurso pela história de Londres através do recurso a várias reconstituições históricas. Além disso, têm uma parte dedicada à saga Star Wars e uma outra a Jack, o Estripador e outros criminosos ingleses. Os bilhetes são muito caros, como referi, o que ainda assim não desmotiva as pessoas. São filas e mais filas. A bem dizer, a afluência é comum em todos os pontos turísticos de Londres.


David Bowie. De cera, claro


    Da parte da tarde, tive um encontro extremamente agradável com um amigo que já não via há uns bons anos. Proporcionou-se ele estar por Londres naqueles dias e combinámos ver-nos no Tate Modern, o museu de arte moderna de Londres. Apresentei-o ao M., que ficou com boa impressão do meu amigo. É um excelente rapazito.


Babel, 2001, de Cildo Meireles


O edifício do Tate Modern, às margens do Tamisa


     Não gosto particularmente de arte moderna. Em todo o caso, não quis ir a Londres sem passar pelo Tate Modern. Pareceu-me desperdiçar uma oportunidade, boa ou má. Não deixa de ser enriquecimento pessoal, e até me surpreendeu pela positiva. Gostei de uma escultura, se se pode chamar assim, de rádios. Uma alegoria à comunicação humana. Tanta informação e, não obstante, cada vez menos nos entendemos, tal como a bíblica Torre de Babel, episódio que nos conta que Deus, para impedir que os homens erguessem uma torre com a qual chegassem ao céu, os fez falar línguas diferentes para não se entenderem entre si. O Tate Modern é gratuito e dispensa a aquisição antecipada dos bilhetes. Entra-se e pronto.


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.

19 de janeiro de 2024

Londres (VIII).


   Sabem o filme Notting Hill? Eu conhecia-o de nome. Vi-o já depois de regressar a Espanha. Se não o viram, é um melodrama. Não sei se valerá muito a pena. Isto porque o sétimo dia levou-nos ao famoso bairro de Notting Hill onde foi rodado o filme com Julia Roberts e Hugh Grant. O bairro é bonito, naturalmente, embora seja um percurso mais comercial.


Tem o seu encanto


    O que mais me chateia no meio de tudo, e compreendo que seja comum nas grandes metrópoles como Londres, são as hordas de fotografeiros. Eu chamo-os assim, de forma despectiva, porque realmente são do pior que há. Não se consegue fazer nada tranquilamente, em interiores ou exteriores. Eu também fotografo, se bem que o faço mais para relato do périplo do que propriamente para gozo pessoal.


A livraria onde as personagens de Roberts e Grant se conhecem


   Notting Hill tem aquelas casinhas coloridas simpáticas, e um mercado de antiguidades na avenida principal que aglomera muita gente, e nós, salvo erro, fomos num sábado - o dobro das pessoas.


Notting Hill também é conhecido pelos seus mercados de rua


     Como seria de se esperar, é o filme que atrai toda aquela gente ao bairro. A mim, de certa forma, atraiu-me a atracção que suscita, por dizer assim.


Perante a impossibilidade de lhes poder mostrar melhor a sede do poder britânico, fica uma foto da entrada (já dentro do palácio de Westminster)


  À tarde, regressámos a Westminster, desta feita para ver o parlamento britânico por dentro. Entradas pagas. Fotografias proibidas, excepto nas antecâmaras. Compreende-se. Por razões de Estado, não querem que fotos das câmaras dos Comuns e dos Lordes pululem pelas redes. Retira dignidade ao órgão. Os portugueses, nisso, são menos susceptíveis, e cada um fotografa o que quer em São Bento. Eu agradeci, porque finalmente pude desfrutar dum espaço sem que alguém se atravessasse diante de mim para conseguir um melhor ângulo…


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.

18 de janeiro de 2024

Londres (VII).


  Depois de alguns dias no exterior, no sexto dia em Londres decidimos voltar aos museus, e, claro, faltava conhecer um dos mais famosos, a National Gallery. Eu, devo dizer, fiquei desapontado. Senti-me defraudado. Em termos de qualidade, fica muito aquém do Museu do Prado, em Madrid, que também conheço, e, pelo que me consta, do Louvre.


Matrimonio Arnolfini, 1434, Jan van Eyck, óleo sobre tabla (é um dos quadros mais famosos de toda a galeria)


   E mesmo estando um pouco cansado (Deus me perdoe!) de arte sacra, a parte do museu que mais me seduziu foi exactamente o piso dedicado à pintura religiosa bizantina.


The Madonna of Humility, Lippo di Dalmasio, circa 1390


  A National Gallery, ao ser outro museu gratuito, está repleto de gente. Eu aconselhá-los-ia a, mesmo assim, adquirir o bilhete pela internet. Eu fi-lo e pude evitar a longa fila que contornava a Trafalgar Square. Bem a propósito, convém que o façam em todos os museus gratuitos. Ainda que o sejam, em alguns exigem a aquisição antecipada de bilhete.


Foto panorâmica a um dos recintos 


 Perfeito para um dia de chuva (e os dias molhados são comuníssimos na capital inglesa), a Galeria Nacional levar-lhes-á todo um dia para ver com calma. Desfrutem da fantástica cafetaria, de preços exorbitantes, já se sabe, mas um dia não são dias.


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso son permissão.

17 de janeiro de 2024

Londres (VI).


   Greenwich foi o nosso destino no quinto dia. Pela primeira vez, afastámo-nos ligeiramente da cidade. A localidade não dista muito de Londres. Uns 7km sensivelmente. Apanhámos uma linha de metro de superfície muito eficiente - aliás, o metro em Londres é caótico devido à afluência, mas funciona muitíssimo bem. Muito diferente do de Lisboa, portanto.


O barco-museu Cutty Sark


  Em Greenwich, quisemos ir, naturalmente, ao Real Observatório para ver o meridiano. O meridiano de Greenwich é o mais famoso, uma vez que delimita os fusos horários, e o português é regido por ele, embora a linha imaginária não passe em território português. É uma linha que cruza o planeta de forma vertical, uma de muitas. Contudo, a par do meridiano, há o barco Cutty Sark, que também se pode visitar. Sucintamente, foi um barco que fez a rota do chá entre a Inglaterra e a China. Hoje está transformado em barco-museu.


O local no solo onde está assinalado o meridiano


    Poderão, de igual modo, passar pelo Old Royal Naval College e pelo Museu da Marinha. Nós entrámos neste último de forma muito fugaz.


O Old Royal Naval College



Este relógio foi recolhido do Titanic, e supõe-se que marca a hora do naufrágio


     Da parte da tarde, e de volta a Londres, fizemos o percurso pelos bairros de Mayfair e Belgravia, ou seja, andámos a pé. São bairros famosos por neles residirem personalidades importantes, bem assim como pelas embaixadas estrangeiras que se situam por lá. Uma vez que estávamos na época natalícia, foi bastante agradável ver as belas decorações de Natal de Mayfair e Belgravia.


Uma das ruas 


A Catedral de Westminster 


   Deambulando pelas suas ruelas, deparámo-nos com uma igreja jesuíta -católica, portanto- muito interessante. Entrámos, um pouco depois, na Catedral de Westminster, que não deve ser confundida com a Abadia (de que vos falei ontem). A Catedral de Westminster é um templo católico, o maior de Londres.


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.

15 de janeiro de 2024

Londres (V).


    Quarto dia na capital inglesa. À primeira hora da manhã, fomos ver, por fora, o Palácio de Westminster, com o famoso Big Ben, que na realidade se chama Elizabeth Tower. É talvez um dos maiores ex libris de Londres.


É tão lindo o Palácio de Westminster 


   Como nada sucede por acaso, o que nos levou a Westminster naquele dia foi a Abadia, que visitámos por dentro e cuja entrada é paga. Diminui ligeiramente a afluência, no entanto, sendo um dos monumentos mais cobiçados, também tem bastantes turistas. A Abadia de Westminster é a maior do estilo, anglicana, e lá poderão encontrar vários dos túmulos dos mais conhecidos monarcas ingleses, nomeadamente de Maria e Elizabeth Tudor, últimas monarcas da dinastia, as desavindas irmãs em vida por questões religiosas que, por fim, repousam lado a lado. Por mais uns euros, temos um áudio-guia que nos vai acompanhando ao longo do trajecto, e somos nós que controlamos a “velocidade” da visita.


A Abadia de Westminster 


Túmulo de Elizabeth I


    À tarde, fomos à não menos famosa Torre de Londres. A Torre de Londres (que na verdade é um complexo de torres) ficou conhecida pelo seu lado macabro de prisão política. Henrique VIII, e não foi o único, para ali enviou Ana Bolena e todos quantos quis fazer desaparecer, ele que foi o mais absoluto de todos os monarcas ingleses. A Torre leva bastante tempo a ver (será melhor que reservem uma tarde), porque realmente tem muitas câmaras. Alberga, além disso, as jóias da coroa britânica (sim, as coroas e as jóias que os vemos ostentar nas cerimónias mais importantes). É paga, igualmente. As fotos às jóias estão proibidas.


Ana Bolena, executada em 1536
 

A Torre Branca


    Por curiosidade, conseguimos ver o render da guarda durante a visita. Foi extremamente curioso. Nunca antes tinha visto. Simbolicamente, numa parte do terreno, assinalam-se os nomes dos mais célebres prisioneiros executados, cuja foto reproduzo acima.


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.

13 de janeiro de 2024

Londres (IV).


   O nosso terceiro dia em Londres foi dedicado, pela primeira vez, a explorar verdadeiramente algo da cidade. De manhã, começámos por voltar ao Hyde Park para ver o memorial à Princesa Diana, que contudo estava fechado. Aquilo tem um mecanismo de água, uma fonte, que estava em obras. Contudo, no chão, há um género de sinais, ou placas, que nos avisam da proximidade ao memorial. O memorial não foi o único motivo que nos levou até lá. Quisemos visitar o parque de dia, afinal, é um dos mais emblemáticos da cidade.


Ao longo do parque vamos vendo vários destas placas 


O Hyde Park


   Pouco depois, fomos a Camden Town. Este é um dos bairros mais famosos de Londres, conhecido pelos seus mercados de rua e também por ter sido o bairro de Amy Winehouse. A cantora frequentava-o, trabalhou em bares da zona e, já famosa, continuava a frequentá-los. Não raras vezes a viam por lá, pagando inclusive a conta a alguns clientes. Aliás, é comum ver-se gente famosa em Camden.


Estátua dedicada a Amy Winehouse 


Os mercados de Camden Town


    À tarde, fomos passear pela zona de Trafalgar Square, St. James Palace, Buckingham Palace, enfim, conhecer os imprescindíveis. Naturalmente não entrámos no Palácio de Buckingham. As visitas dão-se no Verão, salvo erro duas vezes, ou seja, o palácio não está aberto todo o ano, embora o Rei continue a não viver lá (deveria, ao ser a residência oficial do monarca, porém, Carlos e Camila ainda não se mudaram; vivem na residência do Príncipe de Gales).


Palácio de St. James



Palácio de Buckingham


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.

12 de janeiro de 2024

Londres (III).


  O segundo dia em Londres foi muito especial. Fomos a um museu que queria realmente conhecer, o British Museum. O Museu Britânico, sucintamente, é o museu das peças furtadas. Os britânicos tiveram, como se sabe, imensas colónias, domínios e protectorados. O Museu Britânico está composto por peças de todo o mundo, com especial enfoque na Antiguidade Clássica e no Antigo Egipto. A Grécia reivindica, há muitos anos, a devolução de tudo quanto lhe foi subtraído, e acreditem que foi muito. Templos inteiros. É natural que esses países pretendam recuperar o seu património histórico e cultural.

  Convém, entretanto, dizer que é um museu enorme, e que como tal está dotado de um espólio vastíssimo de várias civilizações. Seria redutor pensar-se que apenas tem peças do Egipto e da Grécia. Só para que fique claro.


Estátua de Ramsés II


  A colecção do Antigo Egipto é a mais apetecível e aquela à que mais gente conflui. É difícil, em determinados momentos, caminhar por entre tantas pessoas. Uma vez mais, é um museu gratuito e, além do mais, um dos melhores do mundo na sua especialidade. É outro imperdível, e este é-o realmente. 


Monumento à Nereida (410-400 a. C.)


  À noite, demos um passeio pela cidade para ver as luzes de Natal. Andámos por Piccadilly Circus, Oxford Street e outras ruas. Demos uma volta também pelo Hyde Park, embora não nos tenhamos demorado. Em nenhum dia nos deitámos tarde, uma vez que todos foram bem preenchidos, com lugares onde estar a horas determinadas, e isso exigia que nos levantássemos cedo.


O Hyde Park, à noite 


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.

11 de janeiro de 2024

Londres (II).


   O nosso primeiro dia em Londres reservámo-lo para visitar o Natural History Museum, que é o mesmo que se dizer o Museu de História Natural. Uma das vantagens de Londres, que é uma cidade absurdamente cara, é a gratuitidade de quase todos os seus museus, ou pelo menos daqueles que têm maior visibilidade, por isso, ir a Londres sem conhecer o Museu de História Natural, quanto a mim, é uma palermice. Naturalmente que cada um faz o que quer. Eu tenho um grande amigo que não gosta assumidamente de museus e cultura, e que viaja muito, sendo que aproveita as viagens para ir aos parque de diversões. Já conhece todos, até aqueles de escorregas gigantes no Dubai. Cada um faz o que quer.


O esqueleto completo de baleia azul


   Eu não sou um grande fã de história natural, mas, lá está, é talvez um dos melhores museus de história natural do mundo, e quanto a mim é imperdível. É enorme e está à pinha. É praticamente impossível ver tudo com a calma que um museu merece, isto é, apreciar devidamente e ler. Faz-se o que se pode dadas as circunstâncias.


Um exemplar de dodó


   Gostei particularmente dos ossos de dinossauros e, no hall de entrada, do esqueleto completo de baleia azul, o maior animal de sempre -entre os actuais e os extintos- que passou pelo planeta, e não está extinta, felizmente. De igual forma, tenho uma certa predilecção pelos animais extintos, e há uns exemplares do famoso dodó, a ave das Maurícias extinta há apenas uns poucos séculos.


Esqueleto de mamute


     Depois, à tarde, demos um passeio pela cidade; fomos à famosa Tower Bridge, mas falar-lhes-ei melhor da ponte da torre e da cidade noutra ocasião.


Todas as fotos foram captadas por mim. Uso sob permissão.

10 de janeiro de 2024

Londres (I).


   Como o prometido é devido, fiquei, em 2024, de ir publicando periodicamente a minha jornada em Londres. A escolha sobre Londres surgiu por algumas razões: de ordem prática, temos vôo directamente de Vigo; de ordem sentimental, a minha mãe esteve lá e contou-me maravilhas da cidade. 


No aeroporto de Vigo, mas não, este infelizmente não foi o meu vôo. Teria de esperar muito…


    Levantámo-nos bem cedo e fomos daqui da vila até Vigo, de comboio directo, tendo de fazer, contudo, uma paragem em Ourense para mudar de comboio. Já em Vigo, seguimos para o aeroporto, de táxi. Esperámos 8 horas, mais ou menos, no aeroporto. Nunca antes me acontecera algo semelhante. O vôo, salvo erro, estava marcado para as 15h e algo. Começaram por adiá-lo para as 17h e tal. Quando se aproximava a hora, voltavam a adiar mais uma hora, e assim sucessivamente até às onze da noite (23h). Iam-nos dando vales de comida. Eu já desesperava com medo de que nos cancelassem o vôo. A explicação oficial era a de que a pista em Stansted estava cheia de gelo e era perigoso descolar e aterrar. A determinado momento dei a viagem por perdida. O problema, além de um dia perdido, é que eu sou super organizado. Compro os bilhetes dos museus, reservo os tours, faço tudo antecipadamente. Se nos tivessem cancelado o vôo para o dia seguinte, além de um dia de férias perdido, perderia ainda todo o plano para o primeiro dia na capital inglesa.

   Pois perto das 23h, lá chegou o avião. Vibrei de alegria. Chegámos tardíssimo a Londres, era uma e tal da manhã. Havíamos jantado no avião, entretanto. Do mal o menos, apenas perdi o dinheiro dos bilhetes que comprara para o trajecto entre o aeroporto de Stansted e o centro da cidade. O que eu queria era chegar a Londres. Devidamente instalados no hotel, dormimos umas 5h, entusiasmados, então, para o começo das férias…


6 de janeiro de 2024

A Mulher que Há em Mim.


   O título do post podê-los-ia levar a tomar conclusões precipitadas, mas não. Venho falar-lhes do recente livro de Britney Spears, no qual, ao longo de 272 páginas, relata sobretudo a relação abusiva que os seus pais -e o seu pai, principalmente- mantiveram consigo. Durante treze anos, Britney esteve sujeita à tutela legal do seu pai e outros representantes, que, segundo relata, a internaram compulsivamente contra a sua vontade, impondo-lhe todo um estilo de vida: obrigando-a a actuar, determinando o que podia comer, vestir; não a permitindo conduzir ou tomar as rédeas do dinheiro que ganhou com a sua carreira.

   Olhamos para estas celebridades e julgamos que é tudo idílico. Eu lembro-me de ler, em miúdo, naquelas revistas de adolescentes (Super Pop, Bravo, que provavelmente nem existirão mais), a Britney e outros famosos a falarem amorosamente das suas famílias. Anos depois, apercebemo-nos de que tudo é uma farsa para manter as aparências, e até nos congratulamos do nosso anonimato.

   Não sabendo quem fala a verdade -Britney sofre claramente de problemas de saúde mental, e seria interessante conhecer a versão dos pais-, ter conhecimento destes testemunhos é bom. É-nos bom. Percebemos que a nossa vidinha é muito melhor que a desta gente. Ter fama mundial deve ser horrível.

5 de janeiro de 2024

Para variar um pouco.





Porque todos temos um lado mais ousado. Hoje apeteceu-me.

4 de janeiro de 2024

O “caso das gémeas”.


   Poucos dias depois de o Primeiro-Ministro ter apresentado a sua demissão, um escândalo atingiu o mais alto magistrado da nação, o Presidente da República. Alegadamente, participou num caso de favorecimento no tratamento de duas gémeas brasileiras que conseguiram a nacionalidade portuguesa em tempo recorde e um medicamento de milhões de euros, passando assim à frente de outras crianças na lista de espera. Ao que tudo indica, o filho do Presidente está envolvido e, através deste, o pai, Marcelo Rebelo de Sousa.

   A confirmar-se -e espero que a justiça seja célere, cega e eficaz-, só há um caminho para Marcelo: apresentar a sua demissão do cargo de Presidente da República. Aliás, eu iria mais longe: a mera suspeita, que deixou os portugueses desconfiados, bastaria para que se demitisse, aguardando o termo das investigações. Quando o vejo e o ouço, e imagino que este seja o sentimento da grande maioria dos portugueses, paira sobre a sua figura a sombra deste caso. A autoridade, reputação, idoneidade e credibilidade necessárias e imprescindíveis num Chefe de Estado terminaram no dia em que este caso veio a lume.

3 de janeiro de 2024

Permiso de conducción español.


   Eu tenho carta de condução desde 2011. Há anos suficientes, portanto. Sucede que nunca conduzi. A última vez que peguei num carro foi em 2011, precisamente no dia do exame. Conduzo muito mal, mesmo atendendo à inexperiência própria de quem acaba de obter a sua carta de condução. Há uma segurança no acto de conduzir que eu nunca tive, e felizmente tenho essa percepção. Não ponho nem a minha nem a segurança dos outros em risco.

    Acontece que eu vivia em Lisboa. Em Lisboa, não há realmente a necessidade de conduzir. Os transportes públicos são maus, porém, há-os, e vão para todo o lado, isto é, nunca se me impôs ter de conduzir. Estacionar em Lisboa é igualmente um caos. Tudo mudou. Vivo numa localidade pequena, onde os transportes públicos são poucos e escassos. A necessidade de conduzir impõe-se-me pela primeira vez.


A minha carta espanhola. Até fiquei bem na foto


    Nesse sentido, há cerca de um mês, relativamente, fui trocar a minha carta de condução portuguesa por uma espanhola. É um processo ainda algo burocrático. Tive de apresentar inclusive um relatório médico. A bem dizer, segundo li, podia conduzir em Espanha toda a vida com a carta portuguesa, sendo um título da União Europeia, contudo, como li que havia relatos de multas a quem, vivendo em Espanha, conduzia com um título português, preferi mudar. Carta mudada, vem o mais importante: conduzir. Necessito tirar umas lições, porque será como se estivesse a aprender de novo. Eu não sei conduzir. Ponto. Morro de medo dos carros, das estradas, de vir a ter um acidente, de tudo. Não sei sinceramente se hei-de arriscar ou deixar-me estar. Conduzir trar-me-ia uma liberdade imensa, em todo o caso, não quero mais problemas. O que fazer? E, já agora, vocês conduzem? Têm carta?

2 de janeiro de 2024

Dia de Ano Novo.


  Há pessoas que adoram a passagem de ano, o réveillon, em francês, que depois há quem o chame, de forma trocista, “revelhão”. Os meus pais eram bons vivants (segundo galicismo). Gostavam dos pequenos prazeres da vida: de comer bem, fumar, beber, noitadas. Em pequeno, fui por inúmeras vezes passar a passagem de ano em hotéis de Lisboa, no Penta Hotel, no Alfa Hotel… já extintos. E gostava. Com os anos, fui começando a perder o deslumbre. Aliás, creio que os meus pais desfrutavam mais do que eu. Actualmente, é uma noite como outra qualquer. Muda de ano como muda de dia todos os dias. 

   Gosto mais do Dia de Ano Novo, quando vou almoçar fora e faço um programa especial, como por exemplo ir ao cinema. Ir ao cinema tornou-se um programa especial desde que vivo numa vila pequena, que tem cinema, sendo que não vou tantas vezes (nem de perto) como ia quando vivia em Lisboa, além de que não me deixo seduzir facilmente por qualquer filme.


A deliciosa parrillada de marisco como primeiro prato
(os espanhóis comem sempre dois pratos)


  Ontem fomos almoçar fora a um restaurante muito bom e simpático daqui. Comemos aquilo a que aqui se chama parrillada de marisco, que não é mais do que um misto de mariscos grelhados (uma delícia). De segundo prato, secretos de porco; de sobremesa, um doce qualquer de queijo. Delicioso. À tarde, então, fomos ver o filme sobre Napoleão Bonaparte, cuja crítica já publiquei, ontem. Um dia bem passado. 

1 de janeiro de 2024

Napoleão.


   Cheguei há pouco do cinema. Fui ver Napoleão, o novo filme de Ridley Scott sobre o emblemático general francês, nascido em Córsega, que chegou a cônsul vitalício e, finalmente, a imperador. Napoleão é daquelas figuras controversas da História. Há quem o admire como grande estratega militar, e há quem o veja como o homem que provocou o caos na mapa da Europa entre os finais do século XVIII e o início do século XIX.

   O filme narra a ascensão de Napoleão, sem se focar demasiado em nenhum período em concreto. Melhor dito, é uma narração concisa dos momentos mais importantes da carreira política e militar de Bonaparte, embora eu tenha notado a ausência de alguns factos históricos importantes, como a omissão da Guerra Peninsular, que em Espanha se chama Guerra da Independência. Contudo, a vida íntima do imperador não foi esquecida, e inclusive é abordada com bastante minucia, sobretudo a sua relação com Josefina, primeira mulher e imperatriz.


   O resto são factos históricos, que o filme reproduz fielmente. Convém vê-lo no cinema pela grandiosidade das batalhas reproduzidas, que têm outro eco no grande ecrã. Em suma, eu gostei de Napoleão. Não sendo uma obra de arte, é um filme que facilmente revejo quando estrear nalguma plataforma de streaming.