21 de setembro de 2023

Seremos sempre uma eterna promessa.


   É com tristeza que acompanho as notícias que me vão chegando de Portugal. Rendas altíssimas, salários baixíssimos, inflação galopante, alimentação caríssima. É impossível viver-se sozinho. Às vezes penso nos jovens que, como eu, já não têm pais. Como farão? Como se aguentarão sozinhos num país que não dá oportunidades? A única solução é emigrar. 

  Portugal é uma eterna desilusão. Sim, é um país pacífico, sim é seguro, sim é bonito, mas de que vale isso tudo se condena os seus à pobreza? Em Portugal já nem se é remediado; é-se pobre. As pessoas andam a contar os tostões nos supermercados, nas lojas, a fazer das tripas coração para chegar ao final do mês. Pessoas com estudos, pessoas que dedicaram grande parte da sua vida a obter um diploma que depois não lhes vale de nada. Absolutamente nada.

   Seremos sempre uma eterna promessa de bem-estar. Um promessa que não se cumpre nem se irá cumprir.

17 de setembro de 2023

Museu do Prado.


    Na quinta-feira (regressámos a casa na sexta-feira), estivemos em Madrid; a segunda vez na capital do Estado para mim e a terceira para o M., que lá estivera anos antes quando foi escolher a especialidade médica.

   Adoro Madrid. Ainda não conheço Barcelona, porém, em Madrid sinto-me livre, tal como me sentia em Lisboa. Nasci e cresci numa cidade. Nas cidades sou quem quero ser, e nestes meios pequenos sou aquilo que posso ser. Como sabem, vivo desde há três anos e meio em meios pequenos, primeiro numa vila com dois mil habitantes e, de momento, e seguramente pelos próximos anos, numa vila com catorze mil habitantes. Não tão claustrofóbica, ainda assim, com gente do rural, com uma mentalidade de rural, que colide com a minha forma de ser e estar.


A porta principal do Museu do Prado, Puerta de Velázquez 


  Falemos de Madrid. Saímos das Canárias em direcção ao aeroporto de Barajas, na quarta à tarde. Passeámos um pouco pela Puerta del Sol, mas quisemos reservar o dia seguinte para visitar o Museu do Prado, já que no início de 2022 pudemos conhecer as principais atracções da cidade, como o Retiro e a Gran Vía, designadamente. Os museus, todavia, não nos foi possível ver na altura, por uma questão de gestão de tempo.

  Bilhetes comprados com antecedência, online, (ainda nas Canárias), estivemos no Prado desde as 10h até às 19h30, exactamente meia hora antes do encerramento. É, seguramente, uma das melhores pinacotecas do mundo, junto ao Louvre, ao Metropolitan, ao Hermitage, etc, etc. Para lhes ser sincero, o Prado exige dois dias para ver tudo em condições: um dia para cada planta. São duas, enormes, pejadas de salas, e uma terceira, mais pequena, que se vê em relativamente pouco tempo. Estivemos 9 horas para ver tudo… Contem com centenas de turistas, incluindo hordas de japoneses…

      Não lhes poderei passar fotos do espólio do museu uma vez que estão proibidas. Uma parvoíce do seu director. No Louvre, cada um fotografa o que quer. Enfim, deixo-lhes uma foto do exterior. 

     As pinturas de Goya, El Greco, Velázquez, El Bosco, Rubens, e por aí fora, são deslumbrantes. Ir ao Museu do Prado é obrigatório para todos quantos gostem de arte. E também podem contar com uma excelente livraria na planta baixa, onde poderão adquirir vários livros de arte (o que fizemos).

15 de setembro de 2023

Canárias.


     Uma vez mais, decidimo-nos pelas Canárias para estas férias de Verão. O mau tempo abateu-se sobre a península justamente no dia em que fomos, e apesar de não ter chegado ao arquipélago (a depressão DANA), a sua aproximação fez-me temer que nos arruinasse os dias de praia. Não aconteceu. Tivemos dias excelentes, às vezes um pouco nublados, mas sobretudo de muito calor, e geralmente bastante soalheiros.


Eu adoro praia. 


    Ficámos na mesma ilha pela terceira vez. Prefiro jogar pelo seguro e repetir o que já conheço, entretanto, encerro por uns anos a Gran Canaria. Três vezes seguidas é quanto baste. Alojámo-nos em Maspalomas, uma das maiores estâncias gays da Europa, mas o curioso é que não o sabíamos da primeira vez que lá estivemos, em 2021. Foi pura casualidade.


A lindíssima praia de Anfi del Mar.


      O ambiente é fantástico. Há noite há sempre festas, muitos gays, bares de cruising… Nem no Príncipe Real (Lisboa) vi tal coisa. A noite gay espanhola não tem nada que ver com a portuguesa. Estão muito à frente. Até têm um centro comercial totalmente LGBT (Yumbo Centrum).


Muito à frente.


     As praias, já sabemos: água morna. As Canárias são Norte de África. 

      Adorei, como em 2022 e 2021, porém, como disse acima, para o ano que vem irei mudar de ilha (Tenerife ou, mais provavelmente, Fuerteventura, onde dizem estar as melhores praias de todas as ilhas).

9 de setembro de 2023

Por Quem os Sinos Dobram.


   Embora esteja de férias -neste exacto momento, escrevo-lhes desde o meu iPad, na piscina do hotel-, antes de que a memória comece desvanecer-se com as novas leituras, venho falar-lhes de Por Quem os Sinos Dobram, uma das obras imortais de Ernest Hemingway.

    Queria poder dizer que adorei o livro, e não é assim. São 500 páginas de uma guerra de guerrilha na Guerra Civil Espanhola, onde acompanhamos o dia-a-dia duma facção republicana que combate nas montanhas. É um retrato cru da guerra, e das relações que se estabelecem (que se podem estabelecer…) num ambiente tão pouco propício. Dos planos que se fazem e não se cumprem, das desconfianças, da obstinação num propósito, da determinação. 

     Hemingway esteve em Espanha aquando do conflito, e daí terá vindo a inspiração para esta obra que é, antes de mais, a guerra tal como ela é, sem lugar a romantizações, não obstante, sem cair no vulgarismo das piores descrições. 

       E, afinal, as ciganas terão razão no que vêem quando nos lêem as mãos?