O chá é um dos elementos mais marcantes da minha infância e, presentemente, da minha vida. De entre as pessoas com as quais convivo, o chá é parte integrante de uma tarde bem passada com amigos em amena e simpática conversa. Os tiques populares, ao nível dos nossos hábitos, ainda não nos atingiram.
Bom, esta pequena e breve introdução para vos dizer que nem tudo são cactos espinhosos e, na minha faculdade, tenho encontrado pessoas fantásticas, verdadeiras rosas crescidas em mato grosso. Uma dessas pessoas é uma colega fantástica com a qual foi nascendo uma amizade, tímida, devido à sua prematuridade, mas uma amizade que vai crescendo. Sou sempre muito cauteloso nestas avaliações.
Ela é linda, para começar. Fantástica. Verdadeira portadora de uma beleza estranha no Portugal corriqueiro de banal. Uma pele alva, uns olhos verdes cintilantes e um cabelo louro e longo que lhe desce selvaticamente pelas costas delgadas. Depois, é a verdadeira elegância de pessoa, de uma educação admirável e de uma postura rara nas nossas idades. A verdadeira metade da minha laranja, não fosse eu portador de uns condicionalismos externos à causa ( ahahahahah :) ).
Conversa para aqui e para ali e o que eu descubro? Que a piquena é filha de um dos advogados da firma que colabora com a mãe. O mundo é realmente piqueno. Ora, foi o suficiente para nos venerarmos e adorarmos reciprocamente. Temos hábitos em comum, gostos em comum, visões da vida em comum, enfim, é realmente uma empatia saudável.
Hoje, da parte da tarde, ficámos na faculdade a estudar. Ao lanche, pedimos um chá com umas torradas com pouca manteiga. Foi o suficiente. Mais valia termos ido beber o chá a outro local. Ficou meio mundo a olhar para nós como se fôssemos estranhíssimos. Senti-me um verdadeiro alienígena no meio do planeta Terra ou como a minha amiga disse, «a elegância no meio da vulgaridade». Realmente, a vulgaridade existe em larga quantidade em Portugal. Este provincianismo é de bradar aos Céus.
Já vos tinha dito que na minha faculdade há o hábito de rotularem as pessoas. O nosso grupo é conhecido pelo epíteto fantástico (?) de «clube dos tios», mas há o «clube das Barbies» (as louraças gostosas), o «clube dos marrões» (os que estudam até cair para o lado), o «clube dos gravatas» (os que andam sempre de fato), etc. Tantos que nem eu os sei todos. Ah, sim, também há (já ouvi dizer...) o «clube dos pa--------». É horrível, eu sei, mas fazer o quê? Olhem do que escapei! Ahahahahah.
A minha amiga não se identifica com essa designação horrível e muito menos eu. Desde quando a elegância, o bom nome e o glamour são confundidos com essas terminologias? Tios por bebermos chá ao lanche, por vestirmos bem, por falarmos baixo e por sermos reservados e educados. Eis a explicação. Todavia, assumo, diverte-nos um pouco. Agora, recordei-me de que na blogosfera já houve quem se queixasse de que eu sou muito elitista. Oh, oh, deveriam ver um dos membros do meu clube. Também é rapaz e aquilo é mesmo do pior (no bom sentido). Tem o ego tão elevado e uma arrogância tão snob que se esticar o pescoço aposto que chega à antena da Tour Eiffel. Ahahahahahah.
Sei que provocamos algum alarido, mas não pensem que é inteiramente bom. As pessoas têm uma ideia pré-concebida que não corresponde, de todo, à verdade. Temos defeitos como todos, alguns até podem parecer estranhos, mas não viramos a cara a ninguém. Subjectivamente - e num carácter bem mais pessoal - o meu bom dia tem o mesmo carinho para a empregada como para o empresário influente.
As pessoas são bem mais do que o que possuem.