Esta semana foi lançada a polémica obra de José Saramago, Caim. Obra essa que ainda não tive a oportunidade de ler, não podendo, por esse facto, fazer uma crítica fundamentada. No entanto, mais uma vez, José Saramago ousou enfrentar os padrões culturais ocidentais, mais concretamente a Igreja Católica. Acusou a Bíblia de ser um "manual de maus costumes", e eu não poderia estar mais de acordo com ele. Basta lermos umas breves passagens bíblicas para nos apercebermos que o ódio é uma constante, bem como a existência de um Deus que de sentimentos só conhece a cólera e a vingança.
É manifestamente claro que a Igreja Católica está a atravessar o seu pior momento e continua a perder fiéis incessantemente. As suas doutrinas medievais não se coadunam com as exigências dos tempos actuais, e a verdadeira crise de valores reside nessa instituição, que mais se preocupa com o controlo do nosso corpo e sexualidade do que propriamente pela salvação da nossa alma. Nessa instituição está bem patente o carácter imperialista, em que existe um líder máximo exalando poder e uma continuidade de senadores imperiais responsáveis pela manutenção de tão vasto império. Nem poderia ser de outra forma, afinal, a Igreja Católica é a sucessora de Roma. Martinho Lutero é actualíssimo e cada vez mais. Não reconheço nem nunca reconhecerei a Bento XVI e a seus sucessores o direito de intermediarem a minha relação pessoal com o que se poderá apelidar de Deus. Já estou como o Saramago; Bento XVI nunca bebeu café com Deus, conhecendo-O tanto como qualquer outro mortal.
Comunista, idoso e um pouco decrépito, mas "o homem" tem valor e a prova disso mesmo é o reconhecimento da Fundação Nobel, com a atribuição do Nobel (primeiro da Língua Portuguesa em literatura). Se não fosse uma voz demasiadamente incómoda, até Bento XVI gostaria dele.