28 de fevereiro de 2010

Saudades de ti...

Lembras-te de como éramos? Das vezes que falámos sem pensar no amanhã? Lembras-te de como dizias que gostavas de mim? Da nossa inocência e do carinho que nutrias por mim e eu por ti? Ainda me lembro de cada vez que saímos. Tenho saudades de quando me levavas a sítios onde nunca tinha ido. Da vez em que fomos passear pelo Parque das Nações, mesmo junto ao rio. Lembras-te? Lembras-te quando eu te quis dar a mão e tu recusaste? Tinhas medo que alguém visse, que nos julgassem por aquilo que tu tanto temias. Tinhas medo de ser descoberto por algo de que não podias fugir. Lembras-te dos beijos que trocámos atrás das escadas, no colégio? Lembras-te de quando olhavas para mim com aquele olhar terno que nunca irei esquecer? Tenho saudades do teu olhar. Lembras-te de quando passavas a mão pelos meus caracóis bem definidos, que tinha na época? Ainda me lembro de quando deitava a cabeça no teu colo e tu afagavas os pesadelos que viviam em mim. Lembras-te de quando te abraçava e te apertava junto a mim? Ainda me recordo do toque da tua pele. Lembras-te de quando a mãe ou o pai me vinham buscar ao colégio, e eu fazia-te adeus pela janela do carro? Ainda me lembro que preferia andar de transportes públicos, só para estar perto de ti. Lembras-te de quando ouvíamos músicas, as nossas canções? Ainda me lembro de correr junto a ti, ao som de "Losing Grip" da Avril Lavigne. Lembras-te quando, nas visitas de estudo, fazíamos de tudo para estarmos juntos? Ainda me lembro do passeio ao Alentejo em que te sentaste perto de mim, ignorando a tua turma. Lembras-te de quando planeámos as nossas férias? Ainda me lembro da nossa viagem a Vila Nova de Milfontes, num autocarro. Ainda hoje não sei como a mãe acreditou que tinha ido pelo colégio. Lembras-te? Lembras-te de como te apoiei quando a tua mãe esteve doente? Ainda me lembro do brilho dos teus olhos quando me viste entrar no hospital. Lembras-te da época, enquanto a tua mãe recuperava, em que dormiste em minha casa? Ainda me lembro que tinhas pesadelos e acordavas angustiado. Lembras-te de quando "roubei" a tua camisola da sala de aula, enquanto jogavas futebol no ginásio do colégio? Ainda me lembro que o fiz de modo a ter o teu cheiro sempre perto de mim. Lembras-te de quando descobriste? Ainda me lembro que me abraçaste como se o mundo acabasse amanhã. Lembras-te? Lembras-te quando um miúdo, bem mais velho do que nós, se meteu comigo, começando a ofender-me com aqueles nomes feios? Ainda me lembro da forma que me defendeste, sem nunca dares a perceber o que nos unia. Lembras-te do por-do-sol que fomos ver naquele miradouro que desconhecia? Ainda me lembro dos raios finais do sol a baterem-nos nas faces.
Esta poderia ser uma carta que te entregaria. Ou mesmo uma conversa a ter contigo. Mas não é.
Nem sabes que tenho um blogue. Nunca irás ler estas palavras.
Hoje é Sábado. A esta hora os meus amigos (sabes quem eles são) devem estar algures por Lisboa ou Cascais a divertirem-se. Eu não consegui. Estou a escrever estas palavras porque me lembro de ti.
Às vezes vejo-te. Mas não és o mesmo. Falamos, mas nunca como dantes.
Ainda te lembras?
Eu nunca me esqueci.

26 de fevereiro de 2010

Análises Clínicas - Aventura em Lisboa

Hoje de manhã fui fazer as tais análises clínicas que já deveriam ter sido feitas. Era para ter feito na quarta-feira, mas a mãe não conseguiu tirar a manhã devido a uma reunião importante. E eu só gosto de ir tirar sangue com a mãe. A Só e a Ana são muito irónicas e, em vez de me ajudarem, com os risos ainda me enervam mais.
Cheguei à clínica por volta das 9 horas da manhã. Uma senhora, na recepção, foi muito simpática e convidou-me a aguardar. Fui para uma sala de espera muito acolhedora. Estavam lá algumas pessoas, incluindo um rapaz com um fato de treino preto e laranja da Nike. Durante o tempo que lá estive, não tirou os olhos de cima de mim. Dei-lhe alguma atenção, só mesmo para ele se convencer. Quando voltou a olhar para mim, virei-lhe a cara. Lol Tadinho :)
Lá entrei. Uma senhora tirou-me o sangue e eu estava a tremer. Tenho horror a agulhas. Mas, por acaso, foi excepcional. Não doeu nada. Depois de tirar o sangue, à saída, fui marcar os restantes exames.
Era urgente tomar o café da manhã. Fui a uma pastelaria no Marquês de Pombal, muito homofóbica, por sinal. Estavam lá uns idiotas sentados à mesa que começaram a olhar para mim com um ar estranho. Até a empregada era uma idiota. Parecia que me estava a fazer um favor... Enfim, povo imundo. =/
Ontem telefonei ao drºzinho. :) Foi simpático. Agradeci o telefonema que fez à mãe a perguntar pelo meu estado de saúde. Ele disse-me que não precisava de agradecer, afinal foi um gesto normal que todos os médicos deveriam ter. Disse-me também que poderia voltar a ligar, caso precisasse de alguma coisa ou de algum aconselhamento.
Era bom que todas as pessoas fossem assim.
Amanhã já combinei com a Só, com a Ana e com o Di. Vamos sair. Da parte da tarde não sei onde eles quererão ir. Provavelmente shopping. Já sei como é. Mas, quero ir ao cinema, já estão avisados. Tenho de ver o que está em cartaz. Devo de ser das poucas pessoas que ainda não viu o Avatar.
Logo se vê. Hoje, por enquanto, fico em casa a fazer uns tpc's de Psicologia. ;)

25 de fevereiro de 2010

Madeira - a Catástrofe

A ilha da Madeira (do arquipélago homónimo) foi vítima da maior catástrofe natural dos últimos cem anos.
As implicações económicas já se fizeram notar: ruas destruídas, estabelecimentos comerciais arrasados e milhões de euros em prejuízos. Mais do que nunca, o povo madeirense necessita da solidariedade de todos, mas já era altura de repensarmos (enquanto portugueses) o sistema político vigente no arquipélago. E digo sistema político porque a Madeira não respira os mesmos ares democráticos do continente. Até mesmo na divulgação dos números oficiais de vítimas. Com um primeiro balanço que dava conta de 42 mortos, não se percebe muito bem o motivo que levou o número oficial a reduzir 3 vítimas da sua lista. No mínimo incongruente...
Também todos os apelos para uma maior contenção por parte da Comunicação Social falharam. Como é evidente. Os mass-media devem (e para isso existem) revelar o que acontece, seja qual for a dimensão da tragédia. O dever supremo da informação não pode ser preterido em relação a interesses económicos e, neste caso, turísticos. Quem gosta da Madeira continuará a visitá-la. Felizmente, estas tragédias são pontuais e não afectarão em muito a imagem e segurança da ilha para o exterior.
As ajudas monetárias para a Madeira aumentarão. É inevitável. Todavia, torna-se interessante fazer uma análise aos recentes discursos sobre o estatuto (privilegiado, segundo alguns...) da Madeira face às restantes regiões do país. Pedia-se contenção. Pois bem, este discurso pertence ao passado. A Madeira receberá remessas monetárias que permitam a sua reconstrução. É o dever de Portugal. O facto de mantermos regiões com um certo estatuto de autonomia obriga-nos à assunção de certas e determinadas obrigações morais. Tanto a Região Autónoma da Madeira como a R. A. dos Açores aumentam exponencialmente a dimensão da ZEE portuguesa. Retiramos, continentais, contrapartidas económicas dos arquipélagos. São parte integrante do território nacional. As nossas responsabilidades não se limitam apenas às cerimónias de hastear a bandeira, sinónimo de soberania. Também o fundo europeu já foi accionado. Todas estas ajudas permitirão ao povo madeirense a tão ansiada e necessária recuperação.
É altura de ver a Madeira a brilhar novamente. E com ela uma parte de Portugal.

24 de fevereiro de 2010

Lady Gaga / God and the gays



Esta mulher é única... :) Irreverente como só ela sabe ser. E por isso é tão adorada.. :)

23 de fevereiro de 2010

Sopa de Legumes

Estou melhor, felizmente. Apesar de continuar a comer coisas horrorosas como sopa de legumes e outras da mesma família. Não gosto de sopa! Só mesmo de vez em quando, nunca por obrigação.
Amanhã vou fazer os tais exames de que vos falei no post anterior. Vou a uma clínica em Lisboa onde a mãe costuma fazer as suas análises clínicas e exames suplementares.
Ontem fiz o teste de Psicologia. Até nem correu mal, já que estudei nos dias de férias de Carnaval. A parte mais incomodativa foi quando tirei, em plena aula, o inalador para aspirar o pó. Alguns colegas meus ficaram assim a olhar com um ar estranho e admirado. A minha professora de Psicologia disse que podia sair para fazer o tratamento, no entanto, eu preferi ficar. Qualquer um pode adoecer e ninguém deve sentir vergonha por estar doente. E depois, eu já estou habituado aos inaladores, aerossóis e seus familiares. É para mim tão habitual como beber um copo d'água. Lol Houve uma colega minha que perguntou se eu me apercebia do pó a ser aspirado ou se sabia mal. Respondi-lhe que não. Nem me apercebo do pó a ser aspirado, nem o pó sabe mal. Que ideias. Lol
A mãe ligou para o meu alergologista. Como estou doente, ele quer voltar a ver-me em Maio, de forma a prescrever uma outra medicação. Era engraçado ficar doente na altura dos exames nacionais... :/
E, querem saber a melhor? O drºzinho simpático e giroooooo (com 6 "o", mesmo!) ligou para a mãe! Eu nem me apercebi que ele tinha ficado com o seu número de telemóvel. Que atencioso! Ligou para saber se estava melhor. So sweet.. :) Os meus amigos também ligaram todos, incluindo o srº Drº e o Martim... Humm... O Drº ligou mais para a mãe, mas está bem... ;) Antes ele como padrasto, do que o meu padrasto!
Fiquei a pensar no drºzinho... Eu não falei com ele, quem falou foi a mãe. Talvez lhe envie uma SMS, ou melhor, ligo para ele... Temo ser demasiadamente explícito. E se ele não for muito simpático para mim? Pode não gostar. E se atender uma namorada, ou a esposa? Pior ainda. Mas, é o meu dever ligar para agradecer o telefonema. Uma simples retribuição. Foi assim que me ensinaram.
E até pode ser que ele diga que não é necessário comer mais sopa. :)

21 de fevereiro de 2010

Quando o ar falta...

Esta noite que passou foi terrível para mim. Já há alguns dias que andava com falta de ar, mas a noite passada foi angustiante. Desde os oito meses que tenho bronquite asmática e, apesar de ser acompanhado por um dos melhores alergologistas do país, nada evitou que passasse pelo hospital.
Por volta das seis horas da madrugada fui ao quarto da mãe. Já não aguentava mais. A mãe arranjou-se depressa, telefonou ao Pedrinho (meu irmão) e, passada uma meia hora, ele estava em minha casa. Fomos ao hospital. Como é particular, fui logo atendido. Uma enfermeira muito simpática tirou-me a camisola, auscultou-me e levou-me para um inalador de ar, onde me colocaram uma máscara para respirar. Fiquei lá uns vinte minutos. De seguida, fui atendido por um médico. Era novo e simpático. E giro! Era alto, moreno e usava o cabelo com gel, assim espetado. Foi muito atencioso e até brincou comigo. Disse-me que gostava de ter tanto cabelo como eu. De facto, tenho muito. Também respondi, dizendo-lhe que dava muito trabalho a lavar, tratar e que era fantástico se tivesse alguém que mo fizesse diariamente. Uma provocação clara. :) O Pedrinho olhou para mim com uma cara de poucos amigos. Como me aconselhou a não falar muito, o médico perguntou à mãe o que eu tomava e o meu historial clínico. A mãe disse-lhe que tomava o Symbicort e, em caso de crise, o Bricanyl. Disse-me para parar com o primeiro e fazer o segundo. Também me passou uma série de exames (análises clínicas, um ecocardiograma, uma TAC abdominal, etc...) e receitou-me mais um inalador. Para além disso, proibiu-me terminantemente de sair de casa durante dois dias. Mas, em relação a isso, já disse à mãe que não vou cumprir. Amanhã tenho teste de Psicologia e quero fazê-lo.
Se a minha casa já parecia uma casa inabitada (devido à arrumação e limpeza), imagino agora. O meu quarto é limpo e arejado todos os dias. Por vezes, tenho pena da Ana. Até já disse à mãe para lhe dar um aumento. Ela bem merece. Às vezes é entediante. Quero estudar e não consigo com o barulho do aspirador pela casa. É ela de um lado e uma outra senhora do outro.
Tive de ficar em casa todo o dia, apesar de me sentir melhor. E amanhã, para piorar, tenho de levar o inalador para a escola. :S
Terei de fazer o sacrifício. É bem melhor do que ter falta de ar. Já deveria estar habituado à sensação, mas é horrível. Querer respirar e não conseguir. Um drama.
Quando cheguei a casa, fiquei a pensar no médico. Era óptimo que tivéssemos sempre profissionais assim. Não é apenas o atendimento estritamente clínico que conta; a simpatia ajuda a relaxar o doente. No entanto, não quero lá voltar, nem para voltar a vê-lo. Lol
Ter dispneia (falta de ar) é horrível. Sentimos o chão e a vida a fugir um pouco.
É das piores sensações que se pode ter.

20 de fevereiro de 2010

Lady Gaga


A Lady Gaga é, a par de Mariah Carey e Britney Spears, uma das minhas artistas favoritas. Gosto muito dela e nem sei explicar bem o motivo. Gosto. É irreverente, ousada e inovadora, tal como eu gosto de acreditar que sou.
A minha relação com a Mariah Carey começou praticamente desde que nasci. A mãe é uma enorme fã da Mimi, e desde os meus três anos que ouço as suas músicas. São incontáveis as vezes que ouvi Without You e Hero, do albúm Music Box (1993). A mãe colocava este albúm a tocar e eu ouvia, embevecido. Também escutava o seu debut album. A partir daí, a mãe comprou toda a discografia da Mariah. Sinto mesmo que, caso não gostasse da Mariah, provavelmente seria deserdado. :)
Comecei a ouvir a Britney com 9 anos. Lembro-me de que, no meu nono aniversário, a mãe comprou ...Baby One More Time. Escutava o albúm sem parar. Mas não fiquei fã imediatamente. Um dia, quando estava no 9º ano, levei um aparelho que tocava cd's para a escola, junto com o albúm Britney. Como sempre estudei no ensino privado, depois das aulas, os alunos que ficavam à espera dos pais iam para uma sala de estudo. Naquela época, eu ficava sempre, devido aos horários dos pais. Nesse dia, só fiquei eu e um rapaz de nome Luís. Ele era mais velho do que eu uns dois anos (eu tinha 15). Ficámos a estudar na sala. Ele olhava para mim, mas timidamente. Ainda hoje não sei o que me deu, mas coloquei o cd no aparelho, carreguei no play, o som baixinho mas audível, subi para cima de uma mesa e comecei a dançar I´m a Slave 4 U. :) Estávamos em Maio e já estava calor suficiente. Lembro-me de puxar a t-shirt preta para cima, até ao umbigo, dei um nó e puxei um pouco as calças para baixo. Ele ficou a olhar, estupefacto, com uma cara WTF?!! Mas não protestou, nem saiu. Senti que estava a gostar. Dancei descontraidamente sem pensar em mais nada. Ele ficou sentado numa cadeira, enquanto eu dançava para si. Quando a música terminou, desci, ajeitei a roupa e voltei a estudar. Nunca falámos sobre isso...
O ano passado vi-o no médico dentista. O mesmo que o meu, por sinal. Não me reconheceu (ou fingiu muito bem...), mas eu reconheci-o instantaneamente. Estava com a mulher, feia que metia medo ao susto, e com o filho, que deveria ter dois anos. Tive de me conter, mas não consegui evitar um sorriso nostálgico. :)
A Lady Gaga é a minha mais recente descoberta. Mal consigo esperar pelo sucessor de The Fame Monster.
Se fosse hoje, dançaria Lovegame em cima da mesa de aula. Divertir-me-ia muito mais. :)

18 de fevereiro de 2010

Militares de Abril - Casamento Gay

Um grupo de militares de Abril, ou seja, militares que participaram na Revolução de Abril de 1974, irá entregar uma carta de forma a contestar a recente aprovação da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Estes militares, ao todo 25, consideram o casamento homossexual como uma «aberração». Um dos militares diz mesmo que esta iniciativa é tão importante como aquela que restituiu a liberdade aos portugueses, em 25 de Abril de 1974. Ver aqui.
Mais uma vez, as decisões de âmbito político sofrem condicionamentos externos de forma a pressionar o poder legislativo. Depois de todas as pressões religiosas, juntam-se também as pressões militares.
É inaceitável que num Estado de Direito, como é o caso do Estado Português, sejam aceites este tipo de acções que visam sujeitar o poder político a não legislar sobre determinadas matérias. Não se trata apenas de um grupo restrito de militares; agora como anteriormente, alguns militares sentem-se no direito de se imiscuirem em questões legais e jurídicas. Não conheço a fundo a realidade nos outros países onde o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado, mas tenho a sensação de que se trata de uma pressão sem paralelo. A nostalgia que medeia o período entre 1974 e 1982 tem de acabar. Desde a revisão constitucional de 1982, os militares foram definitivamente afastados do poder político, com a extinção do Conselho da Revolução.
Estes revivalismos, para além de serem injustos, são extremamente perigosos porque comprometem a liberdade governamental e o exercício pleno da legitimidade democrática.

16 de fevereiro de 2010

O espectro da Fome

Estes dias para mim são aborrecidos. Sinto falta das aulas e da azáfama do estudo. Contrariamente à maioria dos estudantes, eu gosto de estudar. Gosto muito, por vezes mais do que devia. Apesar de não estudar em demasia, preocupo-me com as aulas, sou metódico, super organizado e estudo, sim, é um facto. No entanto, recompensa sempre. As notas são um importante estímulo.
Estas mini-férias não foram más, de todo. Ajudaram-me a descansar. Apesar de gostar das aulas, como referi no parágrafo acima, confesso que ando exausto. Este ano é o ano decisivo. Exames Nacionais implicam um estudo acrescido. Mas, mesmo estando de férias, existem trabalhos a fazer, estudo, etc. Na sexta e no sábado não estudei nada (o lanche e a festa). Estudei no domingo, ontem e hoje saí. Fui almoçar fora com a mãe, a Só e a avó. Almoço carnavalesco. Depois, ainda saímos a um lugar para nos distrairmos um pouco, mas o mau tempo imperou de vez. A Só fantasiou-se de freira (irónico...); eu e a mãe apenas pintámos as caras, a avó nem isso, mas participou. Nem deu para brincarmos porque a chuva não deixou. Mas, mesmo assim, valeu a pena. Tenho o maior orgulho na avó, na mãe e na Só. A avó pelo seu espírito aberto, apesar de nunca a ter visto perder a postura, a sensatez e a elegância; a mãe, porque é uma senhora, embora jovial e dinâmica e a Só porque me completa. Somos dois pratos da mesma balança: eu, coerente e metódico; ela, aluada e incorrigível.
De tarde fomos a casa da avó. Enquanto a Só brincava com o gato, a mãe bebia o seu digestivo e eu estava à janela, talvez tentando abstrair-me do ruído que elas provocavam com as suas conversas. Num dado momento, observei uma senhora. Estava acompanhada por um menino. Apesar de estar distante, vi nitidamente que envergava umas roupas simples e sujas. Subiu a rua. Quase impelido por um impulso, desci as escadas, abri a porta, depois o portão da entrada e também subi a rua. Segui-os por algum tempo, atravessando umas ruas. Até que vi algo que me chocou: a senhora estava a remexer nuns caixotes de lixo, junto com o menino. Retirava pão de um saco que estava depositado no caixote, colocando-o dentro de um outro saco que trazia. Ao aperceber-se da minha presença, ficou constrangida. O menino tinha um ar faminto e sujo. Apercebi-me, pelos seus traços físicos, que não era portuguesa. Balbuciou umas palavras, provavelmente na sua língua, agarrou na mão do menino e seguiu o seu caminho, em passo rápido. Regressei a casa. Naturalmente, tive de dar um monte de explicações, mas acabei por contar a verdade. A avó não ficou espantada, porque naquela zona, habitualmente, aparecem pessoas a pedirem dinheiro ou comer. Como é uma zona considerada nobre, as hipóteses de conseguirem alguma coisa são maiores.
Fiquei surpreso. Foi uma constatação com um mundo com o qual não estou habituado a lidar. Não vejo nenhum motivo válido que justifique tamanhas assimetrias sociais.
Há fome em Portugal. Fome desavergonhada, que aparece aos olhos dos nossos governantes, sabendo que persistirá ao tempo.
Ainda acredito num mundo melhor.

15 de fevereiro de 2010

Ídolos - A Final

Fiquei um pouco decepcionado com o escolhido pelo público para vencedor. E se é um facto que nada ganho com isso, a verdade é que gostava mais da Diana e das suas performances. Acho-a a melhor rock star feminina portuguesa. E o rock nem é o meu estilo musical de eleição. Simplesmente reconhecia-lhe a garra e o empenho necessários para ser a vencedora. Expectativas frustradas.
Assisti ao programa com a Soraia e ela ficou toda satisfeita com o resultado. Disse que o Filipe mereceu ganhar porque é "giro, humilde e tem uns olhos fantásticos". -"Sorry, olhos fantásticos, eu ouvi bem?". Desde quando ter uns olhos fantásticos é condição essencial para se vencer um programa que tem como objectivo encontrar um ídolo musical? E pensava eu que os requisitos eram outros!... Não digo que o Filipe cante mal; efectivamente, ele tem presença e canta bem (não é o meu estilo). No entanto, se a população votou com base nesses requisitos, votou mal. Aliás, ouvi uma miúda numa entrevista (SIC) a dizer: -"O Filipe tem uns olhos bonitos; a Diana tem presença e canta bem." Acho que este testemunho diz tudo. É a opinião de uma pessoa, mas deve ser generalizada por aí. Não se discutem gostos, mas fico com a sensação de que, sem os olhos fantásticos, o resultado seria diferente. Além disso, parece que só os candidatos masculinos vencem. O Ídolos vai na sua 3ª edição, e mais uma vez ganhou um homem, por sinal com uma voz e um estilo semelhantes aos dos seus antecessores na vitória. Critérios...
Já vi tudo: em Portugal só ganham o Ídolos, rapazes, humildes, de voz rouca, engraçados e de ar profundo. Eis o ídolo português! Ei-lo aí! Meninas, desenganem-se, infelizmente...
Nos outros países, pessoas como a Susan Boyle e o Paul Potts venceram nos respectivos programas a que concorreram. A Susan não ganhou o programa, mas ganhou-o, de facto, em popularidade e respeito. O talento venceu aos atributos. Mais uma vez Portugal é diferente... para pior!
Bom, no meio disto tudo, salvaram-se os GNR e a sua fantástica actuação...
Ah, parabéns ao Filipe. Quem ganha, ganha sempre bem.

13 de fevereiro de 2010

Birthday Party




Cheguei há pouco tempo da festa de aniversário do filho mais novo do srº Drº. Correu melhor do que eu esperava.
Eu e a mãe chegámos à casa do srº Drº por volta das 15,45 h. Já lá estavam alguns convidados, tanto adultos como crianças. Como estamos no Carnaval (!), as crianças foram fantasiadas. À entrada, fomos recebidos por uma mulher, a empregada, muito simpática que nos tirou os casacos e levou-os. A minha atenção recaiu sobre a decoração. Bem como o jardim, também a casa estava enfeitada com balões, serpentinas, umas bandeirinhas às cores e um enorme letreiro a dizer Parabéns. O srº Drº desceu as escadas e veio cumprimentar-nos, educado e satisfeito. Quase que me raptou a mãe, pois passados uns minutos já nem tinha sinal algum dela.
Aos poucos foram chegando mais convidados, amigos do Drº, familiares e coleguinhas do miúdo. Uma das empregadas deu-me um ridículo chapéu em cone para colocar na cabeça, para além de um apito. Reparei no buffet. Estava detalhadamente dividido em alimentos para as crianças e para os adultos. Como é evidente, o Drº contratou uma empresa de catering, tal era a quantidade de serviçais. Contei umas cinco.
Fiquei mais de uma hora a olhar para o nada. As crianças brincavam, os adultos conversavam, riam e bebiam whisky (incluindo a mãe). Tirei um rissol de camarão e estava óptimo. Bem me apetecia mais mas, para além de engordar imenso, há regras de etiqueta a cumprir.
Passado pouco tempo, vejo chegar o Martim. Mas, não mostrei entusiasmo. Veio cumprimentar-me com o célebre shake hands, firme e determinado, a ponto de quase me estilhaçar os ossos da mão. Lol Perguntou se me estava a divertir. Fui sincero: -"Não muito!". Respondeu-me: -"Anda daí!".
Levou-me ao quarto. Subimos as escadas. O quarto dele é o típico quarto-de-rapaz-de-2o-anos-hetero. Uma cama de ferro, uma colcha azul. Na parede, um quadro do Sporting, um poster dos Pearl Jam e um cesto de basquetebol. No chão, a respectiva bola. Numa secretária, o notebook e um boneco horroroso para colocar as canetas... Bom, de facto, era uma boneca com mamas de mola enormes que, ao tocar, abanam e fazem um barulhinho. No ar, um perfume cujo nome não consegui decifrar. Só não desmaiei porque parecia mal. Lol Até nem estava muito desarrumado. Sentei-me na cama. Ele, ligou o notebook e começou a teclar no MSN com os amigos. Nem uma palavra... só depois de uma meia hora. Perguntou-me que sons ouvia. Disse-lhe a verdade: -"Eu? Mariah Carey, Lady Gaga, Kylie Minogue entre muitas/os..." Abanou a cabeça, desapontado. Disse-me que não sei o que é música a sério. Só me apeteceu ripostar, mas calei-me... Perguntou-me se, alguma vez, já tinha jogado basquetebol. Respondi-lhe, usando a sua expressão: -"Só gosto de desportos a sério!". Riu-se, do meu tom jocoso. Atirou-me a bola. -"Joga!" Peguei e, como é óbvio, não consegui acertar. -"Eu mostro-te como se faz..." Atirou, ou lá o que é, e acertou. Depois, deu-me a bola e disse-me: -"Tipo, fica parado." Meteu-se atrás de mim, totalmente encostado ao meu corpo, segurou-me nos braços, fez os movimentos e disse-me para lançar a bola. Bingo! Acertei...
Descemos as escadas. Enquanto descíamos, pensei naquela intimidade de há uns momentos atrás. Que atrevido. No entanto, cheguei à conclusão de que aquilo era normalíssimo para ele. Deve ter tido milhões de situações idênticas.
Cantámos os Parabéns ao miúdo. O jardim estava enfeitado e preparado com mesas mas, devido ao frio, o Drº resolveu que ficaríamos dentro da casa. Quando o miúdo abriu o meu presente, fez uma cara de desdém. Não gostou, paciência...
Ainda comemos, melhor, comeram... Comi uma saladinha de beterraba e duas fatias de carne assada. O Martim comeu imenso. Feijoada (aquela carne medonha e gordurosa...), pastéis, salada, batatas... Também, para alimentar 1,90 m... Parecia que não comia há meses.
Às 20 h, estávamos de saída.
Até que nem correu muito mal. Exceptuando os momentos em que nada fiz, poderia ter sido pior... A mãe adorou. Bebeu (muito), riu, falou... Bom para ela. Ela e aquele Drº... humm, já não digo nada... Ele é divorciado, livre...
Era o que me faltava. Ser enteado do srº Drº.
Ao menos aprendia basquetebol...

12 de fevereiro de 2010

Lanche na Estrela

Hoje fui lanchar com a avó a uma pastelaria na Estrela, em Lisboa. Por vezes faço-o. A avó tem o hábito de, pelo menos uma vez de quinze em quinze dias, ir àquela pastelaria conversar com as amigas e alguns amigos também. É interessante acompanhá-la e ouvir as suas conversas. Algumas amigas da avó conhecem-me desde a minha mais tenra idade e a verdade é que nutro um carinho especial por elas. São umas senhoras bem simpáticas, mas diferentes. São o que povo vulgarmente apelida de "tias". Como sempre lidei com pessoas assim, não noto nada de diferente. A avó também é um bocadinho elitista, e adora o tio Paulinho Portas (ela trata-o por Paulinho, Lol). E as outras senhoras também. :)
Lá tive de lanchar com eles. O cházinho do costume e os scones. No meu caso, preferi a torradinha com pouca manteiga. Pior fica o tio, que leva-nos, volta para a empresa e retorna para nos buscar. Desta vez resolvemos voltar de táxi.
As conversas delas são, basicamente, sobre os problemas de saúde, os filhos, os netos, política e, as mais atrevidas, de alguns velhotes! É verdade. Estava lá uma (soube, mais tarde, que era viúva) a dizer que não se importava de "casar com o srº Rudolfo". Lol São terríveis. :)
Elas adoram-me. Querem que fale da escola, das notas, que conte histórias... A verdade é que tenho um enorme respeito por todas elas, são tão queridas. A mais nova tem 77 anos e o srº Rudolfo tem 90. Mais 70 anos que eu, pouco, pouco... Lol
Os meus primos riem-se de mim. Dizem que jamais aturariam uma seca destas.
Eu gosto. Em primeiro lugar, nem sempre vou. A última vez foi em Novembro. Em segundo lugar, pelo menos aprendo com quem sabe alguma coisa.
Depois de sairmos, fomos de táxi até ao El Corte Inglés. Amanhã é o dia da festa de aniversário do filho do srº Drº, por isso, tive de lhe comprar um presente. O miúdo faz seis anos. Comprei um carro telecomandado. Deve gostar, creio eu. Eu, com a idade dele, não gostaria nada de receber o mesmo, mas isso levar-nos-ia para outro assunto. Lol
Lá terei eu de ir à festa. Isso sim, uma verdadeira seca. A mãe tem umas ideias...
Pelo menos estará lá o Martim. Salve-se alguma coisa. :)

11 de fevereiro de 2010

Vida para além da morte

Um dos temas que mais intriga toda a Humanidade. Em todos os tempos, várias civilizações estabeleceram a crença numa vida além túmulo. Encontramos vestígios dessas crenças, analisando os seus monumentos fúnebres e os rituais de passagem. Os antigos egípcios mumificavam os membros mais importantes da sociedade, de forma a garantir-lhes um lugar junto dos deuses.
Com o aparecimento do Cristianismo, a crença na vida além túmulo ganhou outro impulso. Os deuses foram substituídos por um Deus e, ao lugar dos Deuses, foi dado o nome de Paraíso celeste ou céu (senso comum).
No século XIX, um espírita francês, cujo pseudónimo é Allan Kardec, codificou aquilo a que chamou a Doutrina Espírita. Desde cedo, o pai sempre me falou acerca deste homem e dos livros que deixou publicados. Entre outros do mesmo autor, comprei o Livro dos Espíritos. O livro, segundo Kardec, são ensinamentos dados por Espíritos Superiores aos homens, por intermédio de médiuns. Nele, está explicitado o processo da vida e da passagem para o mundo imaterial.
Não é uma leitura fácil, podendo mesmo ferir a susceptibilidade de pessoas mais sensíveis. Para quem tem medo de espíritos ou "fantasmas" é totalmente desaconselhado por mim.
Li o livro não como crente, mas sim como alguém que se interessa por diversos pontos de vista, assim como já li a Bíblia e quero começar a ler o Alcorão.
A mãe não gostou, quando soube que estava a ler este género de livros. Disse, e com alguma razão, que podem sobreexcitar a minha cabeça. Já o pai achou o máximo (ele acredita na vida além túmulo). De facto, com o Memorial do Convento de José Saramago para ler (programa do 12º ano), bem que o Livro dos Espíritos podia esperar.
É um tema que suscita a minha curiosidade e divide a Humanidade. Em todas as crenças, em todas as religiões e em todos os tempos, milhões acreditaram e acreditam que a morte física não significa nada. Outros tantos acreditam que é o fim de tudo. Há fenómenos físicos inexplicáveis pela Ciência, o que faz a religiosidade ganhar adeptos.
A morte continuará a ser um dos maiores enigmas da Humanidade.

9 de fevereiro de 2010

Shemar Moore

He's amazing, don't you think? :)

7 de fevereiro de 2010

dodó - a ave que não tinha medo dos homens

O dodó é um animal que sempre me fascinou. Representa algo mítico; um animal misterioso que se extinguiu, ou melhor, extinguiram-no por volta do século XVII. Como todos os animais extintos, o dodó ficou para a eternidade como um dos símbolos dos ecologistas que lutam pelos direitos dos animais. Por algum motivo, o dodó é um dos símbolos máximos da causa ecológica.
O dodó era um animal que vivia pacificamente na ilha Maurícia, sem inimigos que o levassem à extinção, até à chegada dos primeiros colonos europeus (portugueses) à ilha, nos inícios do século XVI. Era um bichinho (digo-o carinhosamente) muito sociável, que não tinha medo dos humanos (erro fatal!!!). Deixava-se tocar, apanhar e andava de um jeito muito especial, daí o seu nome "dodó", que no português da época significaria algo como "doido" ou "doudo". O dodó era, por isso, uma presa fácil para os esfomeados colonos da época. Pesava uma média de 16 quilos, sendo muito nutritivo e apetecível... Foi caçado até à extinção. O último dodó morreu em meados do século XVII. De uma forma egoísta e totalmente antropocêntrica, o ser humano extinguiu um animal com a única justificação na sua alimentação, na sua subsistência. Com toda a certeza, a existência do dodó não teve como única finalidade a alimentação humana. O dodó, bem como todos os animais extintos pela acção humana, tinha o direito de viver. E nós, enquanto seres racionais e intelectualmente superiores, tínhamos a obrigação de o defender, proteger e preservar para as gerações futuras. Fizemos (e continuamos a fazer...) o oposto. Destruímos o habitat de vários animais, para além das caçadas intensivas e ilegais que fazemos. É caso para dizer: o Homem não aprende. Longe dos seres humanos, todos os animais estão a salvo. A Natureza deu-lhes condições para sobreviverem por si só.
O dodó morreu por gostar da nossa companhia.

5 de fevereiro de 2010

O Filho do Senhor Drº...

Às sextas não tenho aulas. Costumo ficar em casa a estudar, fazer trabalhos ou simplesmente a descansar. Hoje foi um bocado diferente. Levantei-me cedo (à mesma), porque precisava de acabar uma ficha de História (tenho teste na quarta ^^). De facto, só me faltavam quatro perguntas de nove, por isso não demorei muito tempo. A mãe hoje tirou um dia de descanso e combinámos ir dar uma volta. Acho que nunca o disse por aqui, mas os meus pais estão separados há quatro anos. Desde essa altura, a mãe voltou a casar com um homem horrível (em todos os sentidos), mas aquele casamento também já teve melhores dias...
Hoje, a mãe combinou sair comigo, com um senhor que, por acaso, é um empresário com o qual a empresa tem negócios e com os filhos dele. Depois de ter concluído a ficha, o senhor empresário veio buscar-nos a casa na sua carrinha de nove lugares. Não o conhecia. Bom, é um quarentão charmoso e supé educado. Mas, a melhor surpresa estava para vir. Um dos filhos tem cinco anos e é uma graça, um querido. E o outro... tem vinte anos e é, bom, incrível.
Sentei-me discretamente no carro e ele ficou ao meu lado. Cumprimentou-me com um aperto de mão e foi muito coloquial. Meti logo conversa, enquanto a mãe falava com o pai dele. Perguntei-lhe o nome... "Martim?, Ai, que nome fixe..." Soou um pouco indiscreto, mas não consegui evitar. Durante o caminho, começou a falar de f-u-t-e-b-o-l. Logo comigo, que não percebo nada (nem quero!) de semelhante coisa. É do Sporting.
Fomos a um restaurante fantástico em S. Pedro do Estoril. O srº Drº puxou a cadeirinha à mãe, e eu na esperança que o filho me fizesse o mesmo.. Lol Ficámos na frente um do outro. Ele tem perto de um 1,90 m. É altíssimo, mas encorpado. Soube, durante o almoço, que pratica desporto. Não fala muito, mas foi sempre simpático. Às vezes, olhava para ele a tentar descobrir uma pista, algo que me garantisse o que queria saber.
Soube, mais cedo do que pensava...
"Eu quis trazer a minha namorada, mas ela não pôde vir... ... "
Quase que engolia uma espinha do salmão. Fiquei assim com uma sensação de queda sem pára-quedas.
No fim do almoço, demos uma voltinha por aqueles lados. A mãe e o srº Drº na frente; eu, o Martim e o miúdo atrás. Eu a tentar meter conversa e o miúdo a interromper, o vento a despentear-me todo. Chegou uma altura em que fiquei para trás de todos. Parecia que estava a segurar a vela da mãe e do Drº e dos filhos do Drº...
No caminho para casa, no carro, trocámos os números de telemóvel, porque segundo o srº Drº, nós ainda vamos ser muito amigos. Convidou-nos, caso quiséssemos, para irmos à festa de aniversário do miúdo na semana que vem. Para além disso, o Martim está na faculdade e pode me dar explicações. Só me apeteceu dizer que não precisava! Quando chegámos, despedi-me do srº Drº, do miúdo e do filho-do-srº-Drº-futuro-srº-Drº.
A mãe, quando entrámos em casa, disse-me estar encantada com a educação do srº Drº e dos seus filhos. Disse-me para enviar uma mensagem ao Martim, de modo a estreitarmos amizade. Pior, disse que também vai à festa de aniversário e quer que eu vá.
Pelos vistos, para a semana, vou à casa do filho do srº Drº.

3 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato de Faria

Não sei bem por que motivo, mas fiquei muito triste com a morte desta senhora. Lembro-me de a ver na televisão. Era tão culta e educada. Podia ser minha avó. Partiu com 77 anos. Fico com a sensação de vazio. Até sempre, Rosinha.

2 de fevereiro de 2010

D. Afonso VI - Amizade Homoerótica




Que D. Afonso VI foi um rei com características que o diferenciaram de todos os outros monarcas não é um facto novo. Em todas as épocas, vários historiadores se debateram e tentaram investigar ao pormenor detalhes que pudessem desvendar mais sobre a vida deste rei.
Sempre foi público que D. Afonso VI não teve capacidades governativas; uma febre hemiplégica (provavelmente meningite) deixou-o física e mentalmente incapaz. Tornou-se um jovem rebelde, arruaceiro e diminuído. Gostava de sair à noite pelas ruas de Lisboa com o seu grupo de amigos. Com eles, provocava desacatos e confusões que muitas vezes só eram solucionados graças ao seu estatuto.
No entanto, o facto de ter sido vítima de uma conspiração pelo seu irmão Pedro (futuro D. Pedro II), com vista à usurpação do trono, levou-me a criar um interesse pela vida deste rei. Tenho comprado vários livros sobre D. Afonso VI, e todos eles se referem a uma amizade entre o monarca e um genovês de seu nome António Conti. Este homem era amigo íntimo do jovem rei e são bem conhecidos vários relatos de discussões (algumas públicas) entre D. Afonso VI e a sua mãe, D. Luísa de Gusmão. D. Luísa reprovava esta amizade, considerando-a nefasta para o seu filho. A verdade é que António Conti passou a ser moço da câmara do rei, tendo pleno acesso ao quarto deste, bem como ao ritual do vestir e despir. São conhecidas aventuras do rei e do senhor Conti com prostitutas de rua, mas D. Afonso VI, devido à sua hemiplegia, dificilmente conseguiria concretizar o acto sexual na sua plenitude. Em bom português e correcto, não deveria ter erecção. Também são conhecidos relatos desta amizade algo homoerótica entre o jovem Afonso e o genovês, para além de frequentes encontros do jovem rei com alguns mulatos que, por esta altura, acompanhavam o rei, para desgosto de D. Luísa. Não será difícil imaginar que provavelmente D. Afonso VI tenha tido algum relacionamento com António Conti e com esses amigos mulatos. As suas incapacidades tê-lo-ão levado a exorcizar estes problemas nos braços do seu bom amigo de Génova.
D. Afonso VI casou com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia em 1666, mas pouco tempo depois a Rainha pedia a anulação do casamento por este não ter sido «consumado», ou seja, não tiveram relações que permitissem assegurar a sucessão ao trono. Parecem existir documentos suficientes que atestam a incapacidade do monarca em ter relações de cariz sexual. Mais tarde, D. Maria Francisca casaria com o próprio D. Pedro II, irmão do rei.
D. Afonso foi afastado do trono por D. Pedro, que assumiu a regência, exilado para a ilha Terceira (Açores) e mais tarde para Sintra, onde faleceu em Setembro de 1683.
Da sua vida atribulada e misteriosa, restam as certezas de um reinado injusto e de uma vida pessoal estranha e duvidosa.