21 de fevereiro de 2025

Vila Real.


    Neste último fim-de-semana continuámos pelo Norte. Fomos a Vila Real. É uma cidade que, a meu ver, tem menos interesse do que Chaves, ou até mesmo Bragança. No seu centro histórico, há umas igrejinhas e pouco mais para ver. Pareceu-me, e isso foi-me dito por um natural, uma cidade bastante conservadora. O norte de Portugal é-o.


O encantador Palácio de Mateus 


   O que sim nos apaixonou, a mim e ao meu marido, foi o Palácio de Mateus, que é uma beleza, e que gostei muito mais do que de Versailles. Chamem-me louco, ou o que quiserem. Além de bonito, não tem enchentes de turistas (pelo menos nesta época baixa). Os jardins são simples, porém com muito encanto, e o mesmo se diga do interior do palácio, que há décadas queria visitar, e que a distância face a Lisboa foi tornando impossível. Naturalmente, como sempre acontece, viemos carregados de livros e recordações, embora as melhores estejam na nossa memória.

17 de fevereiro de 2025

Jorge Nuno Pinto da Costa (1937-2025).


   Os meus pais eram portistas. Ferrenhos. A minha mãe por influência do meu pai. Nenhum nasceu no norte. 
     Eu cresci sob a enorme influência do Futebol Clube do Porto. Foi o único clube do qual fui sócio, em pequeno, e o único equipamento que vesti. Em adulto, fiz-me do Sporting, todavia, o carinho pelo FCP existe e mantém-se, pelas recordações de infância e pelos meus pais. 
    Pinto da Costa foi apresentado aos meus pais através de um dirigente desportivo da nossa família. Eu não tive oportunidade de o conhecer. Admirava-o pela ironia, pelo atrevimento em lutar contra o centralismo lisboeta, e também pela devoção ao Porto, clube e cidade. O clube, tinha sete títulos de campeão nacional quando Pinto da Costa chegou à Presidência, em 1982. Hoje tem 30. Com Pinto da Costa, em 1987, o Porto ganhou todos os títulos internacionais. A essa taça dos campeões europeus somar-se-ia outra, em 2004; duas taças intercontinentais e mais um sem-número de troféus nacionais e internacionais. A par de dirigente desportivo, Pinto da Costa encabeçou também uma resistência nortenha ao centralismo de Lisboa, muito embora não tenha jamais enveredado numa carreira política.
    Presto-lhe aqui a minha homenagem, que seria também a dos meus queridos pais.

10 de fevereiro de 2025

Bragança.


   Faço aqui uma paragem nas minhas publicações sobre Paris (que ainda não terminaram) para lhes falar da escapadinha que fiz com o meu marido neste fim-de-semana passado. Fomos até Bragança, cidade que não conhecia. Eu conheço muito pouco do Norte de Portugal. Ao ser de Lisboa, o norte sempre foi uma região relativamente longe para mim. Não ter família no norte tão-pouco ajudou. Das raras vezes que saía de Lisboa, ia em direcção ao Alentejo (onde sim tenho família) ou ao Algarve.


O Castelo de Bragança 


  Agora estou colado ao norte, sobretudo a Trás-os-Montes, porque vivo na Galiza. Bragança está a 130 quilómetros, sensivelmente. Ter começado a conduzir, em Abril do ano passado, mudou radicalmente a minha vida. Antes, quando o meu marido tinha dias livres, ou ficávamos por casa ou estávamos dependentes de transportes públicos, que aqui, ao ser uma zona rural, são escassos. Acabávamos por praticamente não fazer nada, excepto nas férias. Agora não. Para que tenham uma ideia, o M. fez o sábado até às 15h. Fui buscá-lo ao trabalho. Seguimos para Bragança. Às 17h e pouco estávamos lá. Ainda passeámos à luz do dia. Dormimos na cidade. No domingo, levantámo-nos cedo, passeámos mais, fomos aos museus que queríamos, a uma livraria, almoçámos e regressámos. Às 18h estávamos em casa. Uma maravilha.


A principal praça da cidade


   Sobre Bragança. Gostei da cidade. Surpreendeu-me ver tantos pretos. Não contava com isso numa cidade do interior transmontano. Senti-me no Senegal. À parte disso, a cidade necessita de um maior investimento na reabilitação da sua zona histórica. Tem imensos edifícios em ruínas e risco de desmoronamento. Está mal cuidada. 


Um careto 

  O castelo é bonito. Segue a lógica de muitos castelos portugueses, em cujo interior há casinhas e comércio. Além da zona histórica, de museus eu recomendo (muito!) o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, o Centro Sefardita e o Museu Ibérico da Máscara e do Traje. Entretanto, quisemos trazer uma máscara dos caretos para casa. No museu da máscara não aceitavam pagamentos com cartão. Entrámos no posto de turismo e recomendaram-nos um pequeno espaço que, além de servir bebidas e pastéis tradicionais, poderia ter artigos à venda. Assim foi. Chama-se “Marron Oficina da Castanha”, e é um lugar dedicado a produtos artesanais e à castanha. Sim, o fruto. Vendem tudo à base da castanha: patés, doces, até cerveja de castanha. Além disso, tinham uma máscara lindíssima à venda, livros sobre a cultura transmontana e outros itens.

     Estas escapadinhas são deliciosas.

5 de fevereiro de 2025

Almirante Gouveia e Melo? Cristina Ferreira?


   É cedo para se falar de presidenciais, embora em Portugal o tema comece a ser explorado dois anos antes. Aventam-se potenciais candidatos, e há alguns assumidos (Marques Mendes). Já estamos acostumados. Nestas eleições, à semelhança de 2016, creio que são favas contadas para o Almirante Gouveia e Melo, que não me agrada. O lugar dos militares é nos quartéis. Tivemos militares durante o PREC e um militar na Presidência da República de 1976 a 1986 (Ramalho Eanes), e a coisa não correu bem. Eanes era demasiado interventivo, e já ouvi dizer que este é igual. O poder político deve estar entregue a civis. Parece-me claro. Contudo, o Almirante granjeou uma enorme fama durante a pandemia. Não sei muito bem o motivo, visto que já não morava em Portugal. Nas presidenciais, sendo uma eleição personalizada, ganha-se pelo carisma, pelo mediatismo, e foi surpreendente para mim quando, há dias, ouvi falar no nome de Cristina Ferreira por Pacheco Pereira. Segundo Pereira, Cristina Ferreira é a única pessoa com carisma suficiente para enfrentar e, possivelmente, derrotar o Almirante, que seguramente se vai candidatar. 

   A apresentadora e directora da TVI, como qualquer cidadão maior de 35 anos, pode candidatar-se. Não me parece mal que o faça. A hipótese é vista como uma piada, entretanto, rodeando-se de bons acessores, não vejo em que é que a falta de experiência política -que o Almirante também não tem- poderia prejudicar as ambições políticas de Cristina Ferreira, isto é, não é preciso ser-se político nem jurista para se ser Presidente. Convém conhecer a Constituição e os poderes do Presidente, mas disso encarregar-se-iam os ditos acessores. Eu veria com melhores olhos Cristina Ferreira como Presidente do que um militar.