28 de março de 2025

Bichas… (parte 2).


  Aqui há uns dias fiz uma publicação sobre personagens (no sentido comum e pejorativo do termo) que conheci na blogosfera. Conhecer mesmo. Pessoalmente. Algumas ficaram de fora, nomeadamente uma bicha velha, mais convencida que o convencimento, que conheci em vários jantares e outros meetings. A bicha, setentona, considerava-se o máximo. Organizava jantares, onde tinha de ser a estrela principal. Todos tinham de lhe dizer amém e desfazer-se-lhe em elogios. Arrogante como só ela, o facto mais curioso de tudo isto é que a bicha mantinha um rapaz do leste europeu. Sim, mantinha. Isso mesmo. Mantinha-o (€) para poder dizer que namorava e era amada. Tinham uma diferença de idades de alguns quarenta anos, e um “namoro” totalmente virtual, que escassas vezes se tornou real. 

   Houve outra bicha (esta não conheci pessoalmente, felizmente) que me perseguia. A perseguição durou anos. Tive uma discussão com a ameba no blogue dela (onde ainda se fazia passar por hétera), e a coisa ficou por aí. O blogue desapareceu. Nunca mais pensei na criatura. Anos depois, surge num comentário dum blogue doutra bicha a “arrasar-me”; a dizer cobras e lagartos a meu respeito. Claro que me ri. Foi hilariante. Entre um episódio e outro passaram-se quê? Dez anos? A bicha, ainda amargurada, surgiu do nada, quiçá das catacumbas do Trumps.

    E foi mais um episódio do Bichas (que conheci… ou não).

22 de março de 2025

Estremoz e (in)Justiça.


    Esta quarta e quinta-feiras estive em Portugal, em Estremoz, no Alentejo. Já sabem que vivo no noroeste de Espanha, portanto, fiz 1.200 km. Para nada. Tinha a audiência de julgamento marcada para o dia 20 (quinta). Fui um dia antes para fazer a viagem tranquilamente, descansar, e poder estar no Tribunal de Estremoz às 9h45 do dia 20. Chego ao tribunal, estou dentro do tribunal, vem o meu advogado e diz-me que a instância foi suspensa devido à morte da minha avó no dia 1 de Janeiro deste ano, isto é, há que habilitar os herdeiros para continuar com o processo.

    Quando o tribunal teve conhecimento da morte da minha avó, a juíza decidiu manter o processo, ou seja, apesar de o Código de Processo Civil prever que, com a morte de uma das partes, se suspende o processo até se proceder à junção aos autos da habilitação de herdeiros, uma vez que a audiência estava marcada, e dada a excepção da lei relativamente a audiências marcadas, a juíza emitiu um despacho onde decidia que sim, que o julgamento era para manter. No dia 20, outra juíza pegou no processo e decidiu o contrário: que o julgamento não é adiado apenas quando se trata de falecimento de uma das partes estando o processo em tribunais superiores, ou tendo já começado a audiência oral. Vou resumir para leigos: uma juíza pegou no processo e anulou a decisão da colega, porque não lhe apeteceu fazer o julgamento naquele dia; porque provavelmente pegou no processo no dia anterior e não esteve para se chatear, sei lá porquê. Sei que me fez fazer 1.200 km de carro, fez o meu marido pedir dois dias no trabalho (um médico, com responsabilidade de médico), além de todos os gastos inerentes a uma viagem desta envergadura. Para nada.

   Naturalmente, o meu advogado vai pedir uma indemnização pelo incómodo e por todos os gastos, mas o que eu queria mesmo, a apreciação da causa, é adiado mais uma vez. Já o tinha sido por sobreposição de agendas, e agora por um motivo totalmente fútil, uma vez que a minha avó, embora sendo parte do processo (ré), nem sequer ia depor. Se eu soubesse que a velha ia morrer no decorrer do processo… Agora é que é caso para dizer: se a minha avó não tivesse morrido, ainda hoje era viva. Nunca um ditado popular fez tanto sentido.

17 de março de 2025

Marinha Lucence.


   Eu não sei se vocês conhecem a costa norte da Galiza, também conhecida aqui como Mariña Lucence. A Galiza tem quatro províncias, a saber: Pontevedra, Ourense, A Coruña e Lugo, e é precisamente no norte da província de Lugo que está a costa lucence. Aproveitando mais um fim-de-semana, decidimos ir a Foz e a Ribadeo, que distam da minha residência quase 200km. São ambas cidades costeiras.


As nossas sombras na Praia da Rapadoira


O pôr-do-sol em Foz


  Em Foz, além da sua magnífica praia (Praia da Rapadoira), fomos àquela que é conhecida como a catedral mais antiga de Espanha, que começou a ser construída em torno do século XI, e que há uns anos, devido a essa condição de mosteiro mais antigo, ganhou a dignidade de basílica atribuída pelo Papa Bento XVI: a Basílica de São Martinho. É um conjunto arquitectónico singelo, dada a sua antiguidade, que convém visitar exactamente por isso: sabemos que estamos num local com história.


A Basílica de São Martinho


    À tarde, passámos pela Praia das Catedrais, a cerca de 15km de Foz. É uma praia belíssima, cujo nome advém dos famosos arcos das grutas, que se assemelham aos das catedrais. Atrai dezenas de turistas pela sua singular configuração. Nos meses de Verão, é necessário reservar a visita com antecedência.


A indescritível Praia das Catedrais


O Farol de Isla Pancha


    Já em Ribadeo, visitámos o porto, o centro, entrámos numa loja de artesanato e comprámos várias peças (da Regal, que são umas cerâmicas exclusivas, isto é, quem as faz não as faz de modo industrial, portanto, nenhuma peça é igual à outra). Finalmente, para terminar, fomos ao Farol de Isla Pancha, cuja paisagem dispensa comentários. Passear e conhecer lugares novos é vida.

12 de março de 2025

SPA.


   Este fim-de-semana, aproveitando a folga do M., fomos a um SPA. A última vez fora há mais de dois anos. Eu adoro piscinas interiores de água tíbia, chorros de água, sauna, banho turco, tratamentos a gelo, massagens, etc. E tudo isso fizemos. Ficámos comodamente alojados num hotel 5 estrelas, a cerca de 75 quilómetros de distância. Um espaço muito tranquilo, acolhedor. Deu para relaxar. Deixo-lhes uma foto do magnífico pequeno-almoço na sala de refeições.



5 de março de 2025

Anora.


   Já há imenso tempo que não ia ao cinema (mudam-se os tempos, mudam-se as oportunidades; fiz uma adaptação livre). Longes vão os dias em que, quando morava em Lisboa, ia ao cinema dia sim, dia não. Ontem fui, para ver o filme que, na última edição dos Óscares, arrecadou, entre outros, Melhor Filme, Melhor Direcção e Melhor Actriz Principal, num total de cinco estatuetas.




   Reduzi-lo a um filme sobre trabalhadoras do sexo é falta de intuição, inteligência e perspectiva. Anora é mais do que isso. É uma estória de carência afectiva e ilusão. A cena final, sublime, vem acrescentar ainda a frustração, a desilusão, o cansaço, o sentimento de objectificação, tudo junto, que culmina assim. Um filme que, só pela derradeira cena, quanto a mim arrebatadora, merece a pena.

3 de março de 2025

Bichas...


   Na blogosfera, conheci do pior da natureza humana. Não me desiludi, porque não esperava muito melhor. Nós, humanos, somos o que somos. Às vezes dou por mim a pensar na bicha que tinha a mania que era importante, que julgava que fazia eventos (que inclusive me roubou uma ideia), e rio-me. De igual forma, penso na tipa dos gatos, intriguista, estranhíssima. Rio-me. E ainda houve uma bicha, com quem me cruzei uma única vez, e a quem tracei imediatamente o perfil. Meio careca, pretensiosa, fez-se acompanhar dum rapaz jovem, que, coitado, imaginou que terá visto ali um daddy ou algo que o valha. Tive pena do rapaz, e no fundo tenho pena da bicha, que não consegue segurar ninguém a seu lado. Ao mesmo tempo, admiro-lhe a capacidade de continuar a acreditar que é possível que alguém lhe ponha e tire a arrastadeira daqui a uns anos. O importante é não perder a esperança. E também me rio.

2 de março de 2025

Dignidade.


   Creio poder dizer que o país foi apanhado de surpresa com esta polémica em torno de Luís Montenegro. Aquela cara de trafulha nunca me inspirou confiança, e parece que enganado não estava. Continuar a angariar clientes para a empresa “familiar” e a receber avenças sendo Primeiro-Ministro é inadmissível. Nestes momentos, a atitude digna a ter é só uma: apresentar, ante o Presidente da República, a demissão. O que é que o tipo fez? Foi lacónico na declaração ao país e passou a bola, passo a expressão, para o parlamento. Não tem dignidade, nobreza de carácter, nem honra. Um homem tem de saber ser um homem particularmente nos momentos mais difíceis e decisivos, e neste caso não se trata tanto de empurrar o país para novas eleições, senão da idoneidade de um Primeiro-Ministro, e da confiança que perdeu junto do povo. Além disso, o Presidente da República dispõe de mais mecanismos sem ter de recorrer necessariamente a eleições.