17 de fevereiro de 2025

Jorge Nuno Pinto da Costa (1937-2025).


   Os meus pais eram portistas. Ferrenhos. A minha mãe por influência do meu pai. Nenhum nasceu no norte. 
     Eu cresci sob a enorme influência do Futebol Clube do Porto. Foi o único clube do qual fui sócio, em pequeno, e o único equipamento que vesti. Em adulto, fiz-me do Sporting, todavia, o carinho pelo FCP existe e mantém-se, pelas recordações de infância e pelos meus pais. 
    Pinto da Costa foi apresentado aos meus pais através de um dirigente desportivo da nossa família. Eu não tive oportunidade de o conhecer. Admirava-o pela ironia, pelo atrevimento em lutar contra o centralismo lisboeta, e também pela devoção ao Porto, clube e cidade. O clube, tinha sete títulos de campeão nacional quando Pinto da Costa chegou à Presidência, em 1982. Hoje tem 30. Com Pinto da Costa, em 1987, o Porto ganhou todos os títulos internacionais. A essa taça dos campeões europeus somar-se-ia outra, em 2004; duas taças intercontinentais e mais um sem-número de troféus nacionais e internacionais. A par de dirigente desportivo, Pinto da Costa encabeçou também uma resistência nortenha ao centralismo de Lisboa, muito embora não tenha jamais enveredado numa carreira política.
    Presto-lhe aqui a minha homenagem, que seria também a dos meus queridos pais.

10 de fevereiro de 2025

Bragança.


   Faço aqui uma paragem nas minhas publicações sobre Paris (que ainda não terminaram) para lhes falar da escapadinha que fiz com o meu marido neste fim-de-semana passado. Fomos até Bragança, cidade que não conhecia. Eu conheço muito pouco do Norte de Portugal. Ao ser de Lisboa, o norte sempre foi uma região relativamente longe para mim. Não ter família no norte tão-pouco ajudou. Das raras vezes que saía de Lisboa, ia em direcção ao Alentejo (onde sim tenho família) ou ao Algarve.


O Castelo de Bragança 


  Agora estou colado ao norte, sobretudo a Trás-os-Montes, porque vivo na Galiza. Bragança está a 130 quilómetros, sensivelmente. Ter começado a conduzir, em Abril do ano passado, mudou radicalmente a minha vida. Antes, quando o meu marido tinha dias livres, ou ficávamos por casa ou estávamos dependentes de transportes públicos, que aqui, ao ser uma zona rural, são escassos. Acabávamos por praticamente não fazer nada, excepto nas férias. Agora não. Para que tenham uma ideia, o M. fez o sábado até às 15h. Fui buscá-lo ao trabalho. Seguimos para Bragança. Às 17h e pouco estávamos lá. Ainda passeámos à luz do dia. Dormimos na cidade. No domingo, levantámo-nos cedo, passeámos mais, fomos aos museus que queríamos, a uma livraria, almoçámos e regressámos. Às 18h estávamos em casa. Uma maravilha.


A principal praça da cidade


   Sobre Bragança. Gostei da cidade. Surpreendeu-me ver tantos pretos. Não contava com isso numa cidade do interior transmontano. Senti-me no Senegal. À parte disso, a cidade necessita de um maior investimento na reabilitação da sua zona histórica. Tem imensos edifícios em ruínas e risco de desmoronamento. Está mal cuidada. 


Um careto 

  O castelo é bonito. Segue a lógica de muitos castelos portugueses, em cujo interior há casinhas e comércio. Além da zona histórica, de museus eu recomendo (muito!) o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, o Centro Sefardita e o Museu Ibérico da Máscara e do Traje. Entretanto, quisemos trazer uma máscara dos caretos para casa. No museu da máscara não aceitavam pagamentos com cartão. Entrámos no posto de turismo e recomendaram-nos um pequeno espaço que, além de servir bebidas e pastéis tradicionais, poderia ter artigos à venda. Assim foi. Chama-se “Marron Oficina da Castanha”, e é um lugar dedicado a produtos artesanais e à castanha. Sim, o fruto. Vendem tudo à base da castanha: patés, doces, até cerveja de castanha. Além disso, tinham uma máscara lindíssima à venda, livros sobre a cultura transmontana e outros itens.

     Estas escapadinhas são deliciosas.

5 de fevereiro de 2025

Almirante Gouveia e Melo? Cristina Ferreira?


   É cedo para se falar de presidenciais, embora em Portugal o tema comece a ser explorado dois anos antes. Aventam-se potenciais candidatos, e há alguns assumidos (Marques Mendes). Já estamos acostumados. Nestas eleições, à semelhança de 2016, creio que são favas contadas para o Almirante Gouveia e Melo, que não me agrada. O lugar dos militares é nos quartéis. Tivemos militares durante o PREC e um militar na Presidência da República de 1976 a 1986 (Ramalho Eanes), e a coisa não correu bem. Eanes era demasiado interventivo, e já ouvi dizer que este é igual. O poder político deve estar entregue a civis. Parece-me claro. Contudo, o Almirante granjeou uma enorme fama durante a pandemia. Não sei muito bem o motivo, visto que já não morava em Portugal. Nas presidenciais, sendo uma eleição personalizada, ganha-se pelo carisma, pelo mediatismo, e foi surpreendente para mim quando, há dias, ouvi falar no nome de Cristina Ferreira por Pacheco Pereira. Segundo Pereira, Cristina Ferreira é a única pessoa com carisma suficiente para enfrentar e, possivelmente, derrotar o Almirante, que seguramente se vai candidatar. 

   A apresentadora e directora da TVI, como qualquer cidadão maior de 35 anos, pode candidatar-se. Não me parece mal que o faça. A hipótese é vista como uma piada, entretanto, rodeando-se de bons acessores, não vejo em que é que a falta de experiência política -que o Almirante também não tem- poderia prejudicar as ambições políticas de Cristina Ferreira, isto é, não é preciso ser-se político nem jurista para se ser Presidente. Convém conhecer a Constituição e os poderes do Presidente, mas disso encarregar-se-iam os ditos acessores. Eu veria com melhores olhos Cristina Ferreira como Presidente do que um militar.

31 de janeiro de 2025

Paris VI (Versailles e Museu d’Orsay).


   Como lhes havia dito, no primeiro dia em que estivemos às portas de Versailles, fomos surpreendidos por uma greve geral na cidade que nos garantiram que não afectaria a estrutura. Mentira. Afectou. Eu não queria sair de Paris sem ir a Versailles. Tudo aquilo -sobretudo a alguém com TOC- provocou-me alguma ansiedade. Como também sabem, levo roteiro feito, bilhetes comprados, tudo programado. Tive de fazer ajustes de última hora, cancelar algumas actividades, para poder encaixar Versailles de novo, desta vez sem o perigo de greves!


A entrada de Versailles


A famosa sala dos espelhos


    Versailles é bonito? É. Vale a pena? Creio que sim. Eu repito o que disse na publicação anterior sobre o palácio: não fiquei impressionado. A massificação também não ajuda. Não vi a imponência que esperava. Acontece. Talvez o mau tempo tão-pouco tenha ajudado.


Auto-retrato, Van Gogh (1889)


    Pela tarde, depois do almoço, fomos ao Museu d'Orsay, que merece sem dúvida alguma uma visita demorada. Muito mais pequeno que o Louvre, é igualmente requisitado. Tem obras fundamentais, como as de Van Gogh, Manet, Monet, e uma bela colecção de esculturas. Gostei muitíssimo do Museu d'Orsay, talvez mais do que do Louvre. 


A Origem do Mundo, de Courbet (1866)


   A afluência, a mim, incomoda-me muito. Sei como são estas capitais, porém, tanta gente em espaços pequenos retira-me a vontade e o encanto da experiência. E depois, como se por si só não fosse suficiente, as fotos. Eu também as tiro, mas não o faço exaustivamente, incomodando os outros.

22 de janeiro de 2025

Paris V (Torre Eiffel, Galerias Lafayette e Sacré-Coeur).


   Subir ao topo da Torre Eiffel é uma decisão que cabe a cada um. Há quem ache que vale a pena, há quem se contente com vê-la por fora e tirar a típica fotinha a partir dos melhores ângulos da cidade. Nós quisemos subir, não pelas vistas, mas sim pela experiência de explorar por dentro o famoso monumento construído provisoriamente para a Exposição Universal de 1889. Até hoje.


Copos de plástico, é certo (não nos deram outros), mas o champanhe era Moët & Chandon


    Há várias modalidades de bilhete: até ao primeiro andar, até ao segundo e, por último, ao topo, mesmo lá em cima; depois, a pé (subindo os degraus), ou de elevador. A afluência é muitíssima. Após o Louvre e Versailles, é o monumento mais visitado da cidade. Nós fomos de elevador até lá acima (o bilhete mais caro), mesmo no topo, onde tomámos uma flute de champagne que nos aqueceu o estômago, e a alma!


As famosas Galerias Lafayette


   À tarde, fomos às Galerias Lafayette. Fujam. Não se consegue caminhar lá dentro. É tanta gente. Realmente a decoração é engraçada, mas não vale a pena, a par de que só podemos estar um máximo de 5 minutos na passarela de vidro, e com bilhete reservado com antecedência. 


A basílica, iluminada


    Ao início da noite, fomos à Basílica do Sacré-Coeur, que é imensamente mais bonita por fora do que por dentro. Optámos pela visita guiada, desnecessária, porque imaginávamos que seria um género de Catedral de São Paulo (Londres). Nada mais distante da realidade. A visita guiada dispensa-se, inclusive porque a entrada na basílica é gratuita. Chovia que Deus a dava.

17 de janeiro de 2025

Paris IV (Louvre e Sena).


  No nosso quarto dia em Paris, fomos ao Louvre, inevitavelmente. O Louvre é imenso, tem mais de 35.000 obras, pelo que decidimos fazer a visita com uma guia especialista em arte -para conhecer o fundamental-, e depois, por nossa conta, explorar o que desse. É realmente assim, o que der. A minha recomendação, para quem nunca foi ao maior museu do mundo, é para que faça uma visita guiada e, a par disso, uma selecção das obras a ver, caso o/a guia falhe alguma. Foi o que eu fiz (às vezes ter TOC tem as suas vantagens).


A magnífica Vitória de Samotrácia


     Não é necessário dizer que nos levou o dia inteiro. De manhã, à primeira hora, ao final da tarde. Saí quando comecei a sentir algum esgotamento. Almoçámos por lá, naturalmente. Fica tudo dito quanto ao Louvre porque é sobejamente conhecido. Vale muito a pena. Não desaponta. O pior são as hordas de turistas. Na sala da Gioconda quase não se pode entrar. O perímetro de segurança nem sequer permite que nos aproximemos. A meu ver, há outras obras no museu mais interessantes (e menos cobiçadas).


A Torre vista do barco


    À noite, e uma vez que estávamos cansados, resolvemos ir passear de barco pelo Sena (os bilhetes foram comprados em Espanha, com dia em concreto a determinar por nós). Foi das actividades mais prazeirosas na Cidade Luz, devo confessar-lhes. Fazia muito frio, mas foi tão bonito. Percorrer o Sena, ver a cidade e os monumentos ao longo das margens, até terminar na Torre Eiffel, dignamente decorada. Um encanto. Se forem a Paris, eu aconselho o trajecto de barco, que podem -e devem- comprar com antecedência. Se vão com alguém em plano romântico, é do melhor. É apenas a minha opinião. Cada um faz o que quer.

12 de janeiro de 2025

Adiamento.


   A minha avó materna morreu no dia 1 de Janeiro deste ano. Não necessitam dar-me os pêsames. Não a via há uns vinte anos, e sinceramente não era pessoa do meu agrado. Pouco convivemos. Ela morava no Alentejo; eu, em Lisboa. Via-a na Páscoa e no Natal, e nem sempre. Não foi uma boa mãe para a minha mãe, tão-pouco foi uma boa avó comigo. Era uma mulher difícil, meio bruta, um pouco perturbada mentalmente também (creio). 

  Sucede que a sua morte veio-me baralhar as contas, passo a expressão. Como lhes disse há uns tempos, eu movi um processo judicial contra a minha avó e a minha tia. Tendo morrido a mulher agora, antes do julgamento (que entretanto foi adiado do dia 6 de Janeiro para o dia 20 de Fevereiro por sobreposição de agendas), o mais provável é que a juíza suspenda a instância até se proceder à habilitação de todos os herdeiros, isto é, mais tempo, mais dinheiro e um adiamento do julgamento, o mesmo que dizer, do veredicto que pretendo. 

   Na altura que falei deste assunto não quis entrar em detalhes, e agora também não o farei. Digo apenas que este processo nada tem que ver com heranças ou dinheiro -geralmente as pessoas movem-se por dinheiro-. É uma questão muito antiga, delicada, que na verdade competia à minha mãe ter sido tratada, mas que ela, por displicência, indiferença e desconhecimento, não tratou. Afecta-me indirectamente, tenho legitimidade, e portanto sigo eu, para obter o reconhecimento de um direito, algo que quero muito, que mexe com a minha honra e com outros direitos pessoalíssimos e dos quais não abdico. Irei até ao fim, doa a quem doer, suceda o que suceder. 

4 de janeiro de 2025

Paris III (Versailles, Revolução, Campos Elísios e Arco do Triunfo).


    No nosso terceiro dia, tínhamos programado ir ao Palácio de Versailles, um indispensável numa viagem a Paris, embora não fique exactamente em Paris, senão nos arredores da cidade, quiçá a uns 20 km. Há transportes públicos, designadamente comboio suburbano, mas, ao sabermos da greve, convocada de forma súbita, achámos melhor ir de Uber. Um trajecto que se faz muito bem e não é caro. Para azar nosso, e contrariamente àquilo que nos haviam dito (de que o Palácio não fecharia), sim, estava fechado. Deixaram-nos entrar apenas nos jardins, que também não explorámos muito devido à chuva e ao frio. Convém dizer que arriscámos ir ao Palácio sabendo da greve porque já levávamos os bilhetes comprados desde Espanha -eu planifico tudo-. 


Os famosos jardins de Versailles


     Depois do almoço, fizemos um tour pela cidade onde ocorreu a Revolução Francesa: Paris, naturalmente, mas focando-nos nos locais emblemáticos da Revolução de 1789, por exemplo, a Praça da Concórdia, onde Luís XVI e Maria Antonieta foram executados. 


A Praça da Concórdia com o imponente Obelisco de Luxor



    Terminando o tour, subimos os Campos Elísios e encerrámos o dia no Arco do Triunfo. A semelhança entre os Campos Elísios e a Avenida da Liberdade é tremenda. Os Campos Elísios são maiores, entretanto, a configuração, o  design, das avenidas é igual.


Os maravilhosos Champs-Élysées


    Foi claramente uma inspiração para os obreiros da principal avenida lisboeta. Estavam lindíssimos, decorados de Natal. A quantidade de lojas de luxo é impressionante. Ali, é possível gastar milhões de euros numa única noite.