30 de setembro de 2019

Golpe de Sol.


   «As pessoas são más. Mesmo quando bem intencionadas, acabam por fazer o mal.»



    Golpe de Sol é como um daqueles bolos de pastelaria de aspecto apetitoso, mas que, quando provado, desilude no sabor. O filme tem tido uma ampla publicidade. É pena que a propaganda não corresponda com a qualidade. A par de ser demasiado extenso, a narrativa repete-se. Ao fim e ao cabo, só os vemos da piscina para o quarto, "e vamos para a praia ou andar a cavalo", numa sucessão de frases feitas e diálogos totalmente fúteis. 




    Vicente Alves do Ó quis criar ali um argumento aliciante, com um chalé branco, requintado e asséptico como pano de fundo. Quatro jovens que se vêem confrontados com um passado mal encerrado. O problema é que se perdeu na própria claustrofobia da narrativa, a menos que a intenção tenha sido a de criar um filme tão vazio como aquelas personagens, que são um reflexo da adolescência tardia com efeitos ainda aos 40 anos, idade de todas as decisões.

   Esteticamente, e para quem gosta, o filme vale pelos corpos desnudados e atléticos. É como uma brisa de final de Verão. Passa por nós, refresca e deixa pouco. David, o omnipresente David, que nunca chegamos a saber quem é, talvez viesse dar um outro fôlego à história, que o final é tão decepcionante quanto o início e o desenvolvimento. A preocupação e a superficialidade daquelas personagens não combinam. Eles esforçam-se por parecer preocupados, mas eu não acreditei muito neles. O incêndio como metáfora da tragédia que se abateria naquela casa também não funcionou. Um filme totalmente esquecível.

2 comentários:

  1. Excelente análise.
    Parabéns!

    Infelizmente, ainda não vi.
    Abraço.

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    1. Obrigado, mas olha que não perdes muito…

      Um abraço.

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