15 de setembro de 2019

The Golden Glove.


   Optei por escrever uma crítica a este filme à parte. É o mais horripilante a que alguma vez assisti. Certamente que se recordarão (os mais atentos) de um filme que vi no início de Janeiro, The House That Jack Built, de Lars von Trier, que na altura considerei de uma violência gráfica enormíssima. Pois bem, este supera-o em larga medida.

  The Golden Glove é a história de um psicopata alemão, que existiu realmente, dos anos 70. Um homem de aspecto repelente, alcoólatra, que se movimentava nas ruas escuras de uma Hamburgo segregada, atraindo mulheres de baixa estirpe para sua casa, onde as matava friamente, esquartejando-as e guardando os corpos numa divisão da casa. O filme é nauseabundo. É o melhor adjectivo que encontro para o qualificar. Esse carácter pútrido é-lhe dado pelos cenários insalubres, pela atmosfera decadente dos espaços e pela caracterização e guarda-roupa das personagens. Neste filme, esqueça-se o alemão sadio e pujante. É, na realidade, a sua antítese.




   Honka não parecia matar por puro prazer. Antes, parece-me que a frustração, seguramente aliada ao transtorno de personalidade, fazia com que não conseguisse lidar com o facto de não ser capaz de atrair as mulheres que desejava - a colegial loira bombástica, que paira nos seus sonhos macabros. Via-se com aquele rosto disforme, assustador, incapaz de suscitar interesse até em muitas das mulheres de má vida que frequentavam o Golden Glove, bar daquele bairro degradado, e que inspirou o título do filme.

  Esta longa assusta pela crueldade, pelo sadismo, pelo desrespeito absoluto pela condição humana. Golden Glove, o bar, é um polo onde todas as mágoas se reúnem em torno do álcool, onde restos de gente procuram fugir à inevitabilidade de uma existência dolorosa. Um dos grandes méritos está na caracterização dos actores e nas interpretações. Na caracterização, comparo o trabalho com Jonas Dassler, o actor que encarna Honka, com aquele que fizeram em Charlize Theron, no Monster, de 2003.

   Pouco recomendável aos mais sensíveis, não deixa de ser uma viagem pelas mentes mais doentias que a nossa espécie compreende.

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