« - I don't understand this kind of slave / master relationship. »
« - It's about the same as your relationship with dad. »
Muito confuso, muito hardcore para mim. Em boa verdade, nem sei o que me terá levado a optar por um documentário sobre sexagenários sado-masoquistas para o serão de quarta-feira do Queer. Vendo o programa do festival, talvez porque não houvesse nada melhor.
É-nos dado a conhecer o dia a dia de um grupo de gays que partilham casa em Chicago e têm entre si uma relação em que uns se sujeitam a ser mestres e outros escravos. E nós vamo-los acompanhando nas suas tarefas domésticas e na intimidade, à medida em que vão procurando explicar em que é que assenta aquela família, se é que lhe possamos chamar assim, quais as regras e limites.
Cada um faz com o seu corpo o que quer. É um princípio elementar. A partir do momento em que as sevícias e humilhações são consentidas, em que todos participam livremente, sem qualquer tipo de coacção, resta-nos respeitar. E eu respeito. Respeitar, porém, não se confunde com entender. Eu até posso conceber que haja quem goste de levar uma palmadas de quando em vez, mas andar-se de coleira pela casa é algo que me provoca alguma consternação, bem assim como tatuar-se slave numa parte do corpo. Retirar-se prazer da dor, que chega a provocar lesões na pele, como tão bem vemos, não me parece saudável, normal, equilibrado. Há ali, na minha opinião, alguma perversão que pedia acompanhamento médico. Ao menos, parecem ser felizes à sua maneira. E não é isso que importa?
Fora isso, é profundamente entediante. Torna-se aborrecido. Duas horas de molas no pénis, chicoteadas, cenas na cozinha e na máquina de lavar não se justificam. Nem sequer pareceram espontâneos no sexo. Aquilo pareceu ser mau e bem pouco prazeroso. Dei Muito Mau no boletim de voto para Melhor Documentário.
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