Sentimentos mistos com esta segunda sessão do MOTELX. É um drama and disaster movie. Não creio que se justifique num festival de terror. Dois terços do filme são de se morrer de tédio, e o final é incoerente e, sobretudo, pouco crível - desta vez, safou-se não o herói americano, mas o norueguês - o filme é escandinavo, e a sessão contou, inclusive, com a presença do realizador, John Andreas Andrersen, que pôde responder a perguntas da audiência no final. Em Portugal, somos mui lambe-botas de tudo o que é estrangeiro.
A parte dramática é boa, não se justificando naquele contexto particular. Arremata quase todo o filme. Os efeitos especiais, sim, são fantásticos. Vemos Oslo destruída computorizadamente. As cenas em que os edifícios tombam são, de facto, sufocantes desde o prisma do espectador. De igual forma, aquelas no elevador, quando duas das personagens principais procuram evadir-se dali. Neste The Quake, a tecnologia e as cenas de acção salvam-no do aborrecimento total.
Não consegui deixar de pensar em Lisboa. A Noruega, segundo informações adicionais ao filme, antes dos créditos, é um país altamente sísmico. Sabemos que Portugal também o é e que Lisboa já passou por inúmeros terramotos, entre eles o catastrófico de 1755, que arrasou com a cidade.
It Comes. Se julguei eu, do alto da minha ingenuidade, que teria aqui um bom filme, fui leviano. É terrível, e o facto de ser extenso e de o realizador não ter sido competente, sabendo quando terminar, leva a que seja sofrível. A sinopse prometia ao menos algo razoável e a primeira parte do filme não fazia prever que o final seria tão desastroso. Quando abordam temas tão naturais como o espiritismo, porque é que se perdem em fantasia, sangues e mortes completamente desnecessárias? São mundo à parte: um é o do sobrenatural, do espiritismo, e outro é o dos monstros, dos vampiros etc. Não os misturem como se fossem um só universo.
Interessante para nipo-fanáticos ou nipo-curiosos, foi a minha primeira banhada no MOTELX deste ano.
Quase para compensar o desastre que foi o It Comes, esta sexta-feira 13 pude assistir a um filme de terror que não se perdeu em fantasias supérfluas: o The Hole in the Ground. Sucintamente, gostei da abordagem subtil, mas presente, do fenómeno da violência doméstica e das marcas que pode deixar numa mulher, neste caso, e numa criança. Sarah vivia no limiar entre a paranóia e a necessidade de cuidar de um filho que ficou a seu cargo, desempenhando quase o papel de mãe solteira.
As mães são as pessoas que melhor nos conhecem. Sarah não teve dúvidas em afirmar que aquela criança que ali estava não era o seu filho. Veio-se a verificar, mais tarde, que uma entidade sobrenatural, que nunca vimos a saber qual, tomara o lugar do pequeno Christopher.
O filme conjuga momentos de ternura entre mãe e filho com o suspense próprio de filmes de terror, com a diferença de que neste há todo um envolvimento que o torna mais ou menos verosímil. Houve contenção na hora de se abordar o fenómeno da paranormalidade. De núcleo reduzido a duas personagens principais, resultou um filme que consegue assustar sem necessidade de floreados.
No final, a simpática e disponível actriz principal, Séana Kerlaske, de origem irlandesa, respondeu a perguntas feitas pela audiência. O bom destes festivais é que também podemos contar com o elenco, em algumas sessões.
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