1 de fevereiro de 2024

Mea culpa.


   Mea maxima culpa. É um género de pedido de desculpa, não ao PS, não a António Costa, mas a todos os que me lêem. Em política, convém alguma contenção naquilo que se diz. O que é certo hoje, poderá não o ser amanhã. 

  Vamos al grano, como dizem os espanhóis. Quando surgiram as suspeitas sobre a honestidade de Costa, eu vim aqui ao blogue, numa publicação, crucificá-lo. Costa demitiu-se. Até hoje, não foi nem sequer constituído arguido. O Governo caiu, vamos a eleições. Também não sei se fui justo ou não. O tempo o dirá. Precipitei-me, é certo. Costa fez mais do que lhe seria exigido. Demitiu-se quando nem sequer fora constituído arguido. Depois disso, soubemos de erros graves do Ministério Público na condução do processo. Neste momento, e repito, neste momento, parece que Costa não tinha nada que ver com aquilo de que o “acusaram”, e ponho entre aspas porque não chegou a ser formalmente acusado de nada. Isto não invalida que o seu último governo estivesse profundamente fragilizado, após tantas substituições e o escândalo Galamba, a que se somou o do seu chefe de gabinete. Porém, quanto à idoneidade de Costa, está intocável.

  Viajamos até à Madeira. Temos um Presidente do Governo Regional formalmente constituído arguido que não se quer demitir, e tem de vir o PAN a ameaçar fazer cair o governo regional caso Miguel Albuquerque não se demita. E temos ainda um líder do partido, Luís Montenegro -que bem assim como Miguel Albuquerque-, se apressou a pedir a demissão de Costa, e se remeteu ao silêncio quando um dos seus braços direitos se viu em mãos com um escândalo de corrupção. Dois pesos e duas medidas. É por isto (e por muitas outras coisas) que o PSD nunca me inspirou confiança. Quando se tem telhados de vidro, convém não atirar pedras ao telhado do vizinho. A lei do retorno não falha.

4 comentários:

  1. Foi a Justiça que foi sendo criada ao longo dos anos, onde só morde os pés descalços dos pobres. Os Políticos e Ricos, roubam e não são obrigados a devolver... Como foi o caso agora do outro amigo https://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/pedro-nuno-santos-recebeu-203-mil-euros-em-subsidio-de-deslocacao-apesar-de-ter-casa-em-lisboa. Tudo a roubar neste país... Caso para perguntar? Não há Honestos?!
    Quanto à Madeira e à Postura do PSD é de lamentar de tão vergonhoso que é. De facto, Portugal é mais Corrupto do que aquilo que se pensa
    Nem sei como ainda fazemos parte da UE que pauta pela transparência e luta contra a Corrupção... Onde anda a Gente Séria deste país?!
    Abraço amigo

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    1. São todos e em todos os partidos. Convém ter cautela quando pretendemos atingir um partido com determinado escândalo com um dos seus dirigentes, porque, se for preciso logo no dia a seguir, temos conhecimento dum escândalo no partido adversário.

      Um abraço,
      Mark

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  2. É o que gosto em si, é frontal e tenta ser íntegro e neutro.
    Um bem haja.
    Mas o governo liderado por Costa estava fragilizado e cheio de corruptos, e isso é importante que um chefe de governo saiba, pois ele é o último responsável. Tem de saber, pois se não sabe o que se passa em sua casa, então quem deve saber.
    Costa pode não ser corrupto e teve uma atitude exemplar, concedo, mas isso não o desculpabiliza.
    Tanta polícia secreta e nenhum foi capaz de o avisar? Ou é inexperiente (o que não me parece), ou não ligou, o que é igualmente mau.
    Cumprimentos e um bem haja pelo texto que apresentou, pois mostrou a sua integridade
    Manel

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    1. Manel,

      Muito obrigado. Eu procuro ser justo.

      E concordo consigo. É um excelente ponto de vista. Era o seu governo, e por isso, com tantos escândalos, ele até fez bem em demitir-se, afinal, a responsabilidade é sua, em última instância. É o cabeça do governo.

      O PS perde a cabeça quanto tem a maioria absoluta. E provavelmente o PSD também, não sei. Era muito pequeno no tempo dos governos da múmia Cavaco Silva. Por isso defendo um entendimento parlamentar. Uma geringonça, ou algo parecido. Parece-me que o país ganha quando os partidos se vêem obrigados a negociar, a conceder.

      Cumprimentos,
      Mark

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