17 de fevereiro de 2024

Debates PS-BE e CHEGA-LIVRE.


   O debate entre o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda antevia uma enorme expectativa. Pedro Nuno Santos negociou os acordos da chamada geringonça, e Mariana Mortágua já dissera anteriormente que queria fazer um acordo pré-eleitoral com o PS - o que só lhe fica bem. 

     As pessoas são naturalmente anti-poder. É comum dizer mal do governo, mas um governo que deixa boa memória aos portugueses é justamente o de 2015, que derrotou a direita de Passos Coelho e Paulo Portas e repôs todos os cortes financeiros ideológicos que foram inclusive além do memorando de entendimento com a troika. A memória colectiva é curta, mas essa gente chegou-nos a tirar os feriados. 

      O tema da Madeira foi invocado. Nuno Santos procurou corrigir o que dissera dias antes, quando, perante Ventura, afirmou que a justiça estava a funcionar bem. Bom, se entendemos que é normal alguém estar detido 21 dias sem ser presente a um juiz de instrução criminal…
     Na banca, Mariana Mortágua quer que a Caixa Geral de Depósitos possa fixar limites ao spread do crédito à habitação, ou seja, um intervencionismo estatal bastante presente no banco público, o que vai contra a linha programática de Nuno Santos. Mortágua, todavia, estava mais interessada em falar sobre a saúde. Quer um regime de exclusividade dos médicos no SNS, a que Nuno Santos contrapôs com o actual regime de dedicação plena. O programa do BE está bastante mais à esquerda, ao passo que o do PS, em todas as matérias, é mais moderado.

    Pedro Nuno Santos, ontem, assumiu uma postura de primeiro-ministro. Não fez aquele discurso típico do BE que, por exemplo, defende as nacionalizações a torto e a direito. Foi contido. Propôs medidas que se adequam a um futuro líder. Ambos estiveram bem, contudo, as ambições de Nuno Santos são outras, daí a postura bastante mais responsável.


    Bastante distinto foi o debate de André Ventura com Rui Tavares. Aliás, aquilo não foi um debate. Não sei definir o que foi. Perderam-se quinze minutos a discutir em que colégio estudam os filhos de Tavares, se no público ou no privado. Contextualizando, surgiram umas fotos nas redes sociais de Tavares com um dos filhos ao colo, num colégio caríssimo de Lisboa. Alegadamente, essas fotos foram divulgadas por membros ou simpatizantes do CHEGA para demonstrar a hipocrisia do líder do LIVRE, que defende o ensino público e na volta educa os filhos no privado. Isso foi trazido para a televisão. Tavares exaltou-se -tocaram-lhe na família-, e naturalmente que Ventura, no terreno onde se sente bem, o confrontou com esses dados. Tavares explicou que a mulher é diplomata, daí que os seus filhos estudem numa escola internacional privada, não conseguindo, entretanto, desviar sobre si a nuvem dessa “hipocrisia”. Os minutos que sobraram de esse grande nada foram usados para se falar da Rússia de Putin, do Brasil de Lula, da Hungria de Orbán, com acusações populistas de ambos. Tavares quis chafurdar, passo a expressão, no lamaçal de Ventura, e perdeu. Ventura foi eficiente, a tal ponto que até sobre mim fez pairar a suspeição sobre Tavares. Eu diria que o estado de graça de Tavares -aquela figura simpática para o eleitorado, que diz coisas bonitas e leves- acabou, e acabou às mãos de Ventura.

2 comentários:

  1. PS pode aliar-se ao BE. Em 2015 estávamos a pagar as dívidas deixadas pelo amigo Socas... Quantos anos dura o processo?! Justiça à PS ou de Esquerda. Ainda vamos pagar indemnização ao menino e com sorte ele ainda será presidente deste país... Como ele disse e bem: As dividas não se pagam, gerem-se o povo adora Não Pagar... Num país de Corruptos, é o que ainda iremos ter um Bloco Central com PS/PSD
    Vamos a apostas?"

    Quanto ao Livre, mais do mesmo... Defendem o público mas vão ao Privado porque tem dinheiro para pagar... Creio que na Rússia e nos países Comunistas é igual... e a Justiça só se aplica aos pobres

    Obrigado pela tua análise
    Abraço amigo

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    1. O LIVRE desiludiu-me. Estava a simpatizar com Rui Tavares, mas a questão do colégio privado dos filhos caiu-me mal.

      Um abraço,
      Mark

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