Irei ser muito conciso sobre estes debates. Aquele que pôs à conversa Luís Montenegro e Rui Tavares foi bastante civilizado. Trocaram-se ideias, muitas repetiram-se. Houve divergências, naturalmente, nomeadamente quanto ao crédito à habitação. Registo que Luís Montenegro referiu, expondo um exemplo, a compra de um apartamento a 100.000€. Não sei em que país vive. Só se for entre as vacas. Tavares ainda lançou umas farpas ao CHEGA, depois daquela luta na lama. Não irei explorar o conteúdo do debate uma vez que me estaria repetindo. Estes debates são telegráficos. Os candidatos levam umas frases feitas que, em 15 minutos para cada um, debitam, e depois exploram superficialmente cada um.
No debate entre Luís Montenegro e Rui Tavares, bem assim como no debate entre Pedro Nuno Santos e Paulo Raimundo falou-se de justiça. Depois do “escândalo” da detenção de 21 dias, que se sucedeu a outros erros do Ministério Público, os partidos têm clamado por uma reforma da justiça que envolva um consenso alargado entre todas as forças políticas. Depois, como é expectável, cada qual faz a defesa dos ideais do seu partido e apela de forma mais ou menos reiterada ao voto útil, ou necessário, como lhe chamou Raimundo, no seu partido. É a caça ao voto. Os problemas estão diagnosticados (ontem mesmo Nuno Santos admitiu que mais do que baixar o IRC é preciso estimular a economia - a economia portuguesa, pouco competitiva, é o maior entrave ao desenvolvimento do país). E foi mais longe: nem todas as promessas são possíveis, porque nos esquecemos muitas vezes de que o dinheiro não é ilimitado. Há que fazer opções, e portanto também aí Nuno Santos vai assumindo uma postura de estadista. Uma última palavra para o PCP e a sua política externa: parece que vivem num mundo irreal, quando, questionado sobre a questão da NATO, Raimundo disse que os comunistas defendem a paz. Creio que todos defendemos. Mas a paz nem sempre é possível. Assumam de uma vez o apoio à Rússia. A política também deve ser feita de honestidade intelectual.
O pior de tudo, e talvez seja esta a razão do desaparecimento gradual do Partido Comunista, é que já ninguém os ouve, eu não, seguramente, nem tão pouco ligo aos cartazes ou às mensagens que veiculam.
ResponderEliminarQuando reparo que um cartaz é da autoria do PC eu nem sequer me dou ao trabalho de perceber o que está escrito, porque sei que nada tem a haver com a realidade, que vivem num mundo muito deles, desligado do presente.
Desaparecerão, claro, e não tenho pena, pois recusaram adaptar-se ao mundo de hoje, que está divorciado do que se pensava décadas atrás.
Terão tido a sua importância, claro, senão não existiriam, mas são elefantes brancos, nem sequer são como a fénix, que renasce das próprias cinzas.
Boa continuação destes debates que estão prestes a terminar
Manel
Manuel,
EliminarO PCP é de facto um partido emblemático pelos seus 100 anos de história e activismo político, mas a sua base eleitoral está a morrer, e com ela a relevância do partido. Eu gostaria que se mantivessem. São emblemáticos.
Se me permite, em tom de brincadeira, acho que o Manel tem uma raivazinha acrescida por essa paixão por um comuna. Eheh
Cumprimentos,
Mark
Nem sabe como!!!!! A paixão que tive na minha idade de homem já feito foi enorme, mas, em minha defesa, já na altura sabia que aquele fundamentalismo todo não era para mim.
ResponderEliminarSou, ou tento ser, de equilíbrios, quando possíveis, e como sei que as pessoas são falíveis, dou "o devido desconto", pois as pessoas não mudam facilmente, a não ser que seja mandatório.
Se gosto de alguém tento ser maleável, em prol de coisas mais importantes, mas é impossível ser maleável com um comunista, ou eu não o consigo ser ... colocam-me "fora do sério". Só peço que usem o raciocínio, nada mais, ainda que permaneçam nas suas convicções, que aceitem os outros como são, ainda que diferentes, em prol de coisas mais importantes, quando elas existem entre duas pessoas.
Na idade em que me encontro não acredito que volte a gostar de alguém da mesma forma ... :-)
Mas a vida é assim mesmo, feita de encontros e desencontros.
Cumprimentos
Manel
Manel,
EliminarJá o dizia Henrique Mendes no famoso programa das noites da SIC nos anos 90, o “Ponto de Encontro”: “a vida é feita de encontros e desencontros”. Olhe, e bem a propósito, foi saneado pelos comunistas após o 25 de Abril, acusado de ser fascista. Autoexilou-se no Canadá, e depois voltou. A verdade é que era um dos apresentadores da grelha da RTP durante o Estado Novo. Um de muitos.
As paixões são vividas com mais intensidade quando se é jovem (digo eu, como se fosse muito velho). Há quem diga que depois da paixão fica, ou não fica, o amor. Eu cá não sei. Não entendo muito dessa filosofia do amor. Só sei do que sinto.
Cumprimentos,
Mark