8 de fevereiro de 2024

Debates IL-LIVRE e BE-LIVRE.


   Rui Tavares, líder do LIVRE, estreou-se neste modelo de debates que surgiu, é curioso dizer-se, em 1999, quando António Guterres quis debater com todos os adversários. É um modelo de debate de todos contra todos que não existe em mais nenhum país.

    Ontem defrontaram-se, então, LIVRE e IL, e desta vez as coisas não correram muito bem a Rui Rocha. O outro Rui, Tavares, se me permitem, deu-lhe uma valente coça. O programa da IL é um experimentalismo, e depois Rui Rocha continua ser conseguir explicar como vai aplicar o choque fiscal de 9 mil milhões de euros. Tavares disse-lhe mesmo: a IL é um partido da banca, dos grandes interesses financeiros, da gente rica, e não das pessoas que querem chegar ao final do mês com as contas pagas, medicamentos comprados e, já agora, uma alimentação decente. Tavares dominou o debate e entalou, passo a expressão, o outro Rui com uma evidência: o liberalismo sem controlo daria mau resultado.

    Hoje mesmo, pudemos assistir ao debate entre Mariana Mortágua (BE) e Rui Tavares (LIVRE). Rui Tavares foi eurodeputado pelo BE. Desfiliou-se numa ruptura difícil entre si e o partido, ou seja, foi um debate de duas pessoas da mesma família política, com ideias parecidas (para não dizer quase iguais). Diferem, por exemplo, na habitação: Mortágua defende que se proíbam os não-residentes (os tais ricos do Dubai, como lhes chama) de adquirir casas de luxo em Lisboa, o que só inflacciona os preços das casas, ao passo que Tavares, europeísta, diz que tal medida violaria os tratados europeus, preferindo antes taxar bem essas aquisições. Foi uma conversa morna, sem exaltações, talvez o debate menos conseguido. Nenhum explicou como poria o país a crescer.

    Duas breves notas: Mortágua não conseguiu explicar a questão da avó que invocou no debate com Montenegro (onde disse que a avó tinha recebido uma carta do senhorio avisando-a dum aumento substancial da renda, nos tempos da chama Lei Cristas, de Assunção Cristas). Confrontada com algumas incongruências, esquivou-se a esclarecer o assunto e, assim, encerrá-lo. A segunda nota é para a recusa de Luís Montenegro de debater com o LIVRE e o PCP, optando por dar a vez a Nuno Melo do CDS, isto é, segundo parceiro da Aliança Democrática. Compreendo que lhe queira dar voz, porém, não foi o acordado aquando da feitura dos debates. Parece-me, se não cobardia, falta de palavra, além dos problemas legais que Ricardo Costa, director de informação da SIC, aventou, ao ser o CDS, neste momento, um partido sem representação parlamentar e, por isso, excluído à partida deste modelo de debates entre partidos com representação parlamentar.

4 comentários:

  1. Eu confesso que não tenho tanta paciência para ver estes debates todos. Lá vejo um ou outro que mais me interessam.
    Mas acho que o Mark é que tem a forma correta de conduta.
    Ao lê-lo vou colocando as peças do puzzle que me faltam.
    Um bem haja por este trabalho. Acaba por diminuir o meu, e como confio na sua imparcialidade sou eu que fico a ganhar.
    Cumprimentos e vou continuar a seguir os seus relatos para colmatar as falhas que vou tendo
    Manel

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    1. Manel,

      Eu adoro estes debates. Vejo-os a todos. Inclusive, assinei a SIC e a TVI (paguei, portanto) para poder vê-los. Interessam-me muito. As análises enquadram-se na minha vertente opinativa, de comunicador, e ainda bem que lhe são úteis. Já sabe que estimo muito a sua opinião.

      Cumprimentos,
      Mark

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