Houve três debates nesta terça-feira. O primeiro, entre o PCP e o PAN, foi bastante civilizado. Inês Sousa Real foi melhor preparada do que Paulo Raimundo, na senda do seu anterior debate. A porta-voz do PAN tem procurado descolar a imagem do partido de mero defensor urbano dos cães e gatos, imprimindo-lhe uma faceta mais interventiva no quotidiano dos cidadãos, tenham animais ou não, e isso viu-se quando Sousa Real falou dos direitos das mulheres, um pouco ao acaso, diga-se. Raimundo, como bom comunista, foi mais contido, inclusive quando se tocou numa hipotética aliança com o PS para derrubar a direita, e esquivou-se demasiado às perguntas do moderador. Em suma, mais do que procurar as fragilidades do outro, cada um empenhou-se em dar a conhecer as suas propostas.
Diametralmente oposto foi o debate entre Mariana Mortágua (BE) e Luís Montenegro (AD), que desde um ponto de vista ideológico foi o mais interessante até agora. Pareceu, a determinado momento, que estávamos a assistir ao combate entre dois potenciais primeiros-ministros. Disputado taco a taco, Mortágua foi particularmente acutilante nas áreas da saúde e da habitação, sobretudo quando acusou a maioria de direita de querer expulsar os idosos das cidades, ou ainda quando tocou nos vistos gold e, na saúde, das tentativas da direita de destruir o SNS através das más políticas que não evitam a fuga dos profissionais para o sector privado. Mortágua, quanto a mim, foi superior a Montenegro, que inclusive caiu no populismo barato ao associar o BE a Cuba e à Venezuela.
Eu esperava que o último dos debates do dia, entre o CHEGA e a IL, fosse o mais interessante. Não foi, a menos que gostemos de populismo oco de ideias. Dum e doutro lado. De Ventura, já sabemos o que esperar, quando acena com os ricos e as pensões dos mais velhos, prometendo mundos e fundos, aproximando-se, curiosamente, da esquerda. A extrema-direita usou sempre o Estado para se impôr. Foi assim com todos os autoritarismos. Rui Rocha da IL soube aproveitar esse vazio de Ventura para o colar às medidas “socializantes” do PS, nomeadamente quanto à TAP. argumento que caiu pessimamente a Ventura, que não soube esconder o desagrado. Quando a mim, Rocha foi superior a Ventura, contudo, todo o debate foi uma súmula de ideias populistas e perigosas -aventureiras, diria mesmo-, e embora reconheça que Rui Rocha tem surpreendido como orador, cada vez menos me revejo nas propostas da IL, e estes debates, que ainda agora começaram, têm-me ajudado a desvendar possíveis alternativas para o meu voto.
Estes debates servem também para consciencializar os indecisos, como eu ou o Mark, pois, para os que estão afetos a qualquer ideologia, só serve para confirmar o que já pensam e denegrir os que pensam de forma diferente.
ResponderEliminarContinuação de boas jornadas na consciencialização que estes debates providenciam. É este o caminho correto para o cidadão de direito consciente
Cumprimentos
Manel
Olá, Manel.
EliminarSim. Estes debates têm-me ajudado. O modelo de 30 minutos tem sido criticado, porém, há que ver o lado positivo: obriga os candidatos a serem mais concisos.
Para mim, têm sido esclarecedores. O Manel lembrar-se-á certamente de ter escrito que poderia votar na IL. Hoje, ante tudo o que tenho ouvido do candidato daquela formação política e o perigo de termos a extrema-direita no poder, inclino-me mais para a esquerda.
Estou ainda muito indeciso. Só não estou indeciso num ponto: na necessidade de votar. Nunca me abstive.
Cumprimentos,
Mark
Obrigado pela tua partilha e visão das coisas
ResponderEliminarConfesso que sou daqueles que está super indeciso, que votou no IL
Repito o erro, voto no PSD para colocar a direita no Poder ou voto PS e fica tudo como está?! Não sei mesmo em quem votar,
Abraço amigo
Eu assumo que também não sei em quem votar, porém, tenho uma ideia dos partidos em quem não voto.
EliminarUm abraço,
Mark