7 de fevereiro de 2024

Debates PCP-PAN, AD-BE, CHEGA-IL.


   Houve três debates nesta terça-feira. O primeiro, entre o PCP e o PAN, foi bastante civilizado. Inês Sousa Real foi melhor preparada do que Paulo Raimundo, na senda do seu anterior debate. A porta-voz do PAN tem procurado descolar a imagem do partido de mero defensor urbano dos cães e gatos, imprimindo-lhe uma faceta mais interventiva no quotidiano dos cidadãos, tenham animais ou não, e isso viu-se quando Sousa Real falou dos direitos das mulheres, um pouco ao acaso, diga-se. Raimundo, como bom comunista, foi mais contido, inclusive quando se tocou numa hipotética aliança com o PS para derrubar a direita, e esquivou-se demasiado às perguntas do moderador. Em suma, mais do que procurar as fragilidades do outro, cada um empenhou-se em dar a conhecer as suas propostas.

   Diametralmente oposto foi o debate entre Mariana Mortágua (BE) e Luís Montenegro (AD), que desde um ponto de vista ideológico foi o mais interessante até agora. Pareceu, a determinado momento, que estávamos a assistir ao combate entre dois potenciais primeiros-ministros. Disputado taco a taco, Mortágua foi particularmente acutilante nas áreas da saúde e da habitação, sobretudo quando acusou a maioria de direita de querer expulsar os idosos das cidades, ou ainda quando tocou nos vistos gold e, na saúde, das tentativas da direita de destruir o SNS através das más políticas que não evitam a fuga dos profissionais para o sector privado. Mortágua, quanto a mim, foi superior a Montenegro, que inclusive caiu no populismo barato ao associar o BE a Cuba e à Venezuela.

    Eu esperava que o último dos debates do dia, entre o CHEGA e a IL, fosse o mais interessante. Não foi, a menos que gostemos de populismo oco de ideias. Dum e doutro lado. De Ventura, já sabemos o que esperar, quando acena com os ricos e as pensões dos mais velhos, prometendo mundos e fundos, aproximando-se, curiosamente, da esquerda. A extrema-direita usou sempre o Estado para se impôr. Foi assim com todos os autoritarismos. Rui Rocha da IL soube aproveitar esse vazio de Ventura para o colar às medidas “socializantes” do PS, nomeadamente quanto à TAP. argumento que caiu pessimamente a Ventura, que não soube esconder o desagrado. Quando a mim, Rocha foi superior a Ventura, contudo, todo o debate foi uma súmula de ideias populistas e perigosas -aventureiras, diria mesmo-, e embora reconheça que Rui Rocha tem surpreendido como orador, cada vez menos me revejo nas propostas da IL, e estes debates, que ainda agora começaram, têm-me ajudado a desvendar possíveis alternativas para o meu voto.

4 comentários:

  1. Estes debates servem também para consciencializar os indecisos, como eu ou o Mark, pois, para os que estão afetos a qualquer ideologia, só serve para confirmar o que já pensam e denegrir os que pensam de forma diferente.
    Continuação de boas jornadas na consciencialização que estes debates providenciam. É este o caminho correto para o cidadão de direito consciente
    Cumprimentos
    Manel

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    1. Olá, Manel.

      Sim. Estes debates têm-me ajudado. O modelo de 30 minutos tem sido criticado, porém, há que ver o lado positivo: obriga os candidatos a serem mais concisos.

      Para mim, têm sido esclarecedores. O Manel lembrar-se-á certamente de ter escrito que poderia votar na IL. Hoje, ante tudo o que tenho ouvido do candidato daquela formação política e o perigo de termos a extrema-direita no poder, inclino-me mais para a esquerda.

      Estou ainda muito indeciso. Só não estou indeciso num ponto: na necessidade de votar. Nunca me abstive.

      Cumprimentos,
      Mark

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  2. Obrigado pela tua partilha e visão das coisas
    Confesso que sou daqueles que está super indeciso, que votou no IL
    Repito o erro, voto no PSD para colocar a direita no Poder ou voto PS e fica tudo como está?! Não sei mesmo em quem votar,
    Abraço amigo

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    1. Eu assumo que também não sei em quem votar, porém, tenho uma ideia dos partidos em quem não voto.

      Um abraço,
      Mark

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