29 de fevereiro de 2024

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   Soube deste filme belga através de uma publicação no Instagram, e despertou-me a curiosidade, sobretudo pela cena que vi, dum miúdo a chorar, sendo que o fazia com tanta maestria e convicção que me levou a pesquisar acerca. Foi aí que tomei conhecimento de que abordava a relação de amizade entre dois rapazes que acabavam de entrar para o secundário. A relação de ambos era marcada por muito carinho, ternura, olhares e atitudes cúmplices, se bem que a nenhum momento nos é dado a entender que fossem namorados. Eram amigos. O realizador quis trocar-nos as voltas com as típicas relações de amizade entre rapazes, nas quais não há lugar a carinho, a fragilidade, a ternura. São relações muitas vezes de disputa de força, de afirmação de egos. Os homens ainda têm dificuldade em demonstrar fraqueza, em chorar, e neste filme eles choram, eles são meigos uns com os outros. Sabemos que na vida real não é assim. É normal vermos um miúdo a deitar a cabeça no colo de outro mesmo que não sejam namorados? 





     Em relação ao filme em si, a fotografia é lindíssima. Vemos as planícies coloridas pelos tons das flores. Um dos rapazes, o Léo, ajuda os pais, nos tempos livres, numa indústria que parece estar relacionada com o comércio de flores. 

     É uma estória triste, solitária, comovedora, que põe os homens em situações de fragilidade a que não estamos habituados. Desconstrói o machismo e a masculinidade. As interpretações são bastante boas. O filme esteve inclusive nomeado para, entre vários prémios, o Oscar de melhor filme estrangeiro.

4 comentários:

  1. É verdade no que publica, pois também vi o filme e achei-o muito poético, por um lado, mas demasiado cru e dramático por outro.
    No entanto é um belíssimo filme sobre as relações que se podem estabelecer entre crianças/adolescentes, que não se conseguem categorizar da forma como estamos habituados a fazê-lo.
    Mas porque é que tudo tem de ser colocado em "gavetas bem definidas", porque não podem as coisas serem o que são, algo indefinidas e que existem em planos que são aquilo que são, desde que tragam relações de prazer entre os intervenientes?
    No entanto os ambientes escolares, e de relação entre adolescentes (dificilmente encontramos pessoas mais cruéis que os adolescentes entre si, sobretudo quando se relacionam em meios sociais/escolares) são terríveis e podem ter consequências absolutamente inesperadas e dramáticas.
    Deixo-lhe aqui a sugestão de um filme que também me encanta, o qual vi já há algum tempo atrás, mas que me deixou forte impressão, e que tem a ver com o que lhe escrevi: "Uncle Frank" de 2020, que, em parte, tem lugar no mundo tradicional e claustrofóbico do Sul dos E.U.A.
    Cumprimentos
    Manel

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    1. Manel,

      Sim, demasiado cru, solitário. Este miúdo, o Léo, aparentava uma extraordinária frieza, até que caiu em si e viu o que fizera. É um filme bonito, não sendo nenhuma obra de arte. Mais do que nos mostrar os sentimentos “descaradamente”, procura que os busquemos nos olhares, nas palavras, nos silêncios.

      A quem o diz… Está perante uma vítima de bullying durante anos. Eu próprio tive um amigo (não nos moldes do Rémi e do Léo); um amigo rapaz -o único que falava comigo- e com quem me dava bem. Também ele não aguentou a pressão de se relacionar comigo e se afastou. Chamava-se Cláudio.

      Obrigado pela sugestão. Irei apontar!

      Cumprimentos,
      Mark

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  2. Tinha ouvido qualquer coisa, depois do teu post fiquei com curiosidade de ir ver
    Obrigado pela Partilha
    Abraço amigo

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    1. Vê, e depois diz algo.

      Um abraço,
      Mark

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