12 de fevereiro de 2024

Debates AD-PAN e BE-PCP.


    O debate entre Inês Sousa Real e Luís Montenegro começou, uma vez mais, com a porta-voz do PAN numa postura ao ataque. Desta vez veio à tona o parceiro fraco da Aliança Democrática, o PPM, Partido Popular Monárquico, que surge na coligação recuperando o espírito da AD de Francisco Sá Carneiro, mas que Luís Montenegro pretende esconder o máximo possível. Dêem-se ao trabalho de escrever, no Google, Gonçalo da Câmara Pereira mulheres, e lerão declarações terrivelmente machistas e marialvas sobre as mulheres. É indecente que um partido de responsabilidade como o PSD se deixe associar a Gonçalo da Câmara Pereira. Necessitarão tanto assim dos 260 votos do PPM?, além da questão das touradas, bandeira do PPM, a que Inês Sousa Real aludiu, e bem. Montenegro quis defender-se dizendo que o PSD foi pioneiro na primeira lei que visava proteger os animais e o ambiente. Não convenceu, decididamente. Lembra-me um ditado: “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”.

    O resto do debate foi um atropelo contínuo de Montenegro, que tão-pouco consegue disfarçar o seu machismo. Interrompeu sucessivamente Sousa Real como já antes o fizera com Mariana Mortágua. Um senhor é um senhor, e Montenegro demonstrou que não o é, e não me refiro a uma postura condescendente perante as mulheres, senão a uma postura na vida, e na política, de respeito e educação, atributos que Montenegro revelou não ter.

  O segundo debate da noite opôs Mariana Mortágua a Paulo Raimundo. BE frente a frente com PCP. Na realidade, como chegou a dizer Raimundo a determinado momento, foi uma “troca de ideias”. Não acho que seja negativo que se entendam alguns debates assim. Nem tudo tem de ser uma discussão de faca e alguidar, e eu creio mesmo que se deve evitar ao máximo cair nessa armadilha. Ambos, BE e PCP, disputam o mesmo eleitorado, e é verdade que nem Mortágua nem Raimundo fizeram muito no sentido de levar os eleitores a decidir-se por um ou outro. O alvo foi sobretudo o PS e o apelo de Nuno Santos ao voto útil. Quando confrontados com as diferenças, Mortágua frisou o apoio do PCP ao regime russo, mencionou ainda a lei da eutanásia -que o BE apoia e o PCP não- e uma eventual aliança europeia no campo da defesa, substituindo-se à NATO. Aí ganhou pontos. É sobretudo na política externa e nalguns aspectos que o BE e o PCP se distinguem. No âmago, têm as mesmas ideias na defesa dos direitos das pessoas. Foi um debate sem interrupções, o que portanto permitiu a troca de ideias de forma civilizada. Assinalo a homenagem que Raimundo fez a Odete Santos e a Nelson Mandela, uma vez que ontem se assinalou o aniversário dos dezassete anos sobre o referendo da interrupção voluntária da gravidez (Odete Santos foi uma grande defensora da IVG) e outros tantos sobre a libertação de Nelson Mandela.

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