Luís Montenegro deu um passo atrás e voltou a participar nos debates. Ontem fê-lo desde os estúdios do Porto, à distância. Uma encenação? Quiçá. Foi um debate civilizado com Paulo Raimundo do PCP, que esteve melhor preparado e veio mais combativo, com outra atitude. Apresentou uma proposta de aumento extraordinário, já em Abril, das pensões dos idosos em 70 euros, uma medida que me parece benéfica, mas aquém das legítimas expectativas das pessoas. Os idosos foram um tema central num debate curto. Aliás, este modelo de debate é escasso para as ideias que se querem expor. Raimundo confrontou várias vezes Montenegro com os tempos da troika, em que se verificaram os maiores cortes salariais e de pensões de sempre.
Foi um debate ideológico, naturalmente, ao estarem ambos em polos opostos. Verificou-se, por exemplo, quando Montenegro defendeu a baixa do IRC para as empresas, por forma a atrair investimento e, assim, gerar riqueza que permite posteriormente o aumento de salários, medida que Raimundo interpreta de outra forma: como um favorecimento aos grandes grupos económicos. Montenegro leva a razão neste aspecto: não é o Estado que cria riqueza; são as empresas. Empresas que pagam muitos impostos não se fixam no país, mas aqui, lá está, colidem as duas ideologias antagónicas. Vê-se a mesma questão por prismas distintos.
O segundo debate entre Inês Sousa Real do PAN e Pedro Nuno Santos do PS foi igualmente civilizado e, quanto a mim, um dos melhores debates. Abordaram-se vários temas, houve poucas interrupções, as ideias fluíram. Sousa Real recuperou desta vez o discurso mais ambientalista-animalista, designadamente quando se falou da exploração de lítio e do seu impacto ambiental. Tornou a defender a transferência dos milhões que são investidos nos combustíveis fósseis para os passes sociais. Quanto a mim, e embora seja uma medida benéfica para o ambiente, revela algum desconhecimento da malha de transportes públicos em Portugal, que no interior praticamente não existe e que inclusive nas grandes áreas metropolitanas funciona mal.
A localização do próximo aeroporto -discurso que se arrasta há anos e sobre o qual eu, pelo menos, já não tenho paciência- foi outro dos temas em debate, com o secretário-geral do PS a defender a solução Alcochete, ao passo que a porta-voz do PAN prefere rentabilizar o que já existe em Beja, o aeródromo, e eu concordo com ela. Melhora-se o que ali já existe e constrói-se uma linha ferroviária directa que una Beja a Lisboa. Poupa-se dinheiro e põem-se de lado os projectos megalómanos. No debate, a única acusação, se se pode chamar assim, que existiu foi quando Nuno Santos confrontou Sousa Real com a família política do PAN. É de esquerda, é de direita? Ninguém sabe ao certo o que é. Sousa Real referiu-se como de centro-esquerda. Foi o melhor debate de Pedro Nuno Santos até ao momento e um dos melhores de Inês Sousa Real.
Cada vez os oiço, fico a sensação que só existe o PS ou o Chega como opção. Mera Opinião minha. BE, PCP, PAN, Livre querem se aliar ao PS, porque não votar logo no PS?! Eheheheheh Até o PSD já tomba a se aliar ao PS
ResponderEliminarAbraço amigo
Não acredito num Bloco Central. Isso foi nos anos 80, quando havia o perigo de os comunistas chegarem ao poder. Agora corremos o mesmo perigo com o CHEGA, mas quer o PS quer o PSD já reafirmaram que não se juntariam.
EliminarUm abraço,
Mark
Claro que os idosos (como eu), são uma percentagem muito grande em Portugal, e são praticamente todos VOTANTES, como não lhes dar visibilidade e atirar-lhes migalhas???? Se pensarmos bem, constituem uma fatia muito grande do bolo, daí o aliciamento, mas, passadas as eleições, são colocados na prateleira dos esquecidos outra vez, de onde saem só nas vésperas de outras eleições. Estes idosos só ficam bem na foto nas vésperas das eleições, e para beijocar nas saídas à rua de políticos fogosos e oportunistas. Nunca me esqueço do "Paulinho da Viola" (o famigerado Paulo Portas) que beijocava tudo o que era peixeira, idoso ou criança, no apelo ao voto, mas que rapidamente se esquecia deles ... aí preferiria beijocar os bons rapagões no escuro de uma viela (não o culpo deste último gosto, eu também o preferiria, mas dispensava a hipocrisia das outras situações).
ResponderEliminarQuanto ao Passos Coelho de má memória, em que perdi uma percentagem significativa do meu ordenado (fui obrigado a arranjar um segundo emprego para me aguentar), perdi dias de férias (que bem necessárias me eram, à altura), perdi dias feriados (que tão necessários são para a nossa saúde mental), perdi a minha posição no emprego, regredi de forma que tive que fazer novas formações em período pós laboral, pois acabava estas formações normalmente pelas 10 da noite, para poder ascender ao que eu tinha alcançado a duras penas, enquanto a classe dirigente vivia à "tripa forra" à minha custa.
Nunca perdi tanta coisa com um partido destes no governo. Com Cavaco perdi imenso, mas não tanto como com Passos Coelho - se bem que igualmente me tiraram regalias com o governo de Sócrates, enquanto ele, corrupto, amealhava milhões para gastar em Paris e no edifício Heron, onde principescamente habitava .. e não só, pois continua a viver muito bem à beira-mar, com o pôr-do-sol lindíssimo da Ericeira em fundo, com o muito que deve ter roubado e colocado em contas quiçá na Suíça, ou num paraíso fiscal sediado numa república das bananas.
O tema do aeroporto pode "enjoar", mas é algo muito importante. Beja está a quase 200 quilómetros de Lisboa (mais de 2 horas de caminho!!). Não creio que seja o local mais indicado. Com tanto terreno mais próximo, sobretudo a norte de Lisboa (porque para sul, implica a criação de uma terceira ligação sobre o Tejo!, que tornaria a obra dispendiosa), porquê não ir por este caminho?
Já nos finais dos anos 60, início dos 70, com Caetano, a mudança do aeroporto era tida como prioritária. Passou mais de meio século, e continuamos na mesma.
Algum destes dias acontece uma catástrofe (oxalá que não, e que seja eu a fazer de "Velho do Restelo", oxalá!) e a culpa morre solteira, como sempre, mas o mal fica feito.
Enfim, queixas e mais queixas, mas não me lembro de coisas boas no meu passado laboral. Cumprimentos
Manel
Manel,
EliminarObrigado pelo testemunho. A vida de professor não é fácil. Não sabia que a sua classe tinha sido tão castigada pelos sucessivos governos. É lamentável. Uma actividade tão importante na formação das crianças e dos jovens e tão maltratada pelos governantes e muitas vezes pela sociedade, pelos pais. Quantas vezes os professores os substituem na tarefa de educar, quando a que lhes compete é ensinar. Os valores têm de vir de casa.
Quanto ao aeroporto, falou-se também de Alverca. Eu vivi em Alverca durante 5 anos (o meu “padrasto” vivia ali com a minha mãe, e quando ficámos numa situação financeira delicada tive de ir viver com eles). Antes de surgir o aeroporto da Portela, usava-se um aeródromo em Alverca, até meados dos anos 40 do século passado. Alverca é conhecida como a cidade da aviação. Agora, naturalmente, nada me puxa para essa solução. Na altura, sim, porque traria muito comércio e vida à zona, que é uma cidade-dormitório.
Beja, com uma linha de alta velocidade, seria um destino a ponderar. O país é pequeno. Não acho que com o TGV ficasse assim tão longe de Lisboa, digo eu, que não percebo nada do assunto. Se se coloca essa possibilidade é porque não será assim tão descabida de sentido.
Cumprimentos,
Mark