7 de maio de 2021

Miniférias... na Corunha.


   Nunca soube de alguém tão dedicado à sua profissão como o M. Sai às 8h30 e regressa não raras vezes depois das 20h. Se chega e se lembra de que deixou um domicílio por fazer, uma consulta telefónica por efectuar, torna a sair, fá-la desde casa. Com trinta e dois anos e uma responsabilidade enorme sobre si, não é difícil imaginar que tirar férias não é das suas prioridades. Sendo sincero, tira-as a pensar em mim e na necessidade que tenho de sair. Geralmente, vemos os trabalhadores ansiando pelas férias, pelas viagens. Não é o seu caso. Férias, tirando-as, passá-las-ia a dormir.

    A nossa ideia inicial (já é uma estória antiga...) era ir até Madrid. Pelas restrições ao turismo, ficámo-nos pela Corunha. O M., sendo galego, conhece a cidade. Para mim, sim, foi uma novidade. Dada a sua localização costeira, tem praias, um farol romano -a Torre de Hércules-, um aquário. É uma cidade de tradição marítima.


A Avenida da Marina


   Como de costume, fiz um roteiro que procurei cumprir. Conhecemos as principais atracções. Esta viagem teve a particularidade de coincidir com o meu aniversário. No dia em que chegámos, a 28, ficámo-nos pela zona histórica -o casco vello- (incluindo a famosa Praça Maria Pita) e visitámos o Castelo de San Antón, que na prática foi um forte. Fizemos ainda o percurso do passeio marítimo, indo conhecer o jardim dos menhires. No dia do meu aniversário, começámos cedo pelo Aquário Finisterrae, que é uma versão mais humilde e discreta do Oceanário de Lisboa, ou mais bem do Aquário Vasco da Gama, porém, com mais espécies do que o último, que perdeu muita da sua afluência e popularidade com a abertura do Oceanário. Dispõe, todavia, de focas, que no Aquário Vasco da Gama deixaram de existir, e de várias espécies de peixes, incluindo tubarões, que fazem as delícias dos miúdos, e não só. Antes disso, estivemos na Torre de Hércules, um farol romano, como havia dito, mas cuja fachada remonta ao século XVIII, ao reinado de Carlos III. É património da humanidade desde 2019 e o único farol romano que se mantém em funcionamento. À tarde, passámos pela praia, fazendo tempo para ir ao Planetarium, na Casa das Ciências. Importa referir que todos os bilhetes foram reservados antecipadamente.


O deslumbrante edifício do concelho na Praça Maria Pita


    Não ia a um planetário desde os dez anos, quando estive no de Lisboa, para os lados de Belém, através do colégio. É uma experiência interessante, desprovida do fascínio da infância, mas de repetir.


A Torre de Hércules, magnífica


    De presentes, o M. deu-me livros, o melhor presente que posso receber, e uma peça de vestuário. Entrámos numa loja de antiquidades e quinquilharias no centro da cidade, que funcionava também como alfarrabista. Foi na FNAC, entretanto, que comprei os que mais me interessaram.


A rosa dos ventos vista desde o alto da Torre de Hércules


     Na sexta-feira, 30, fomos ao Museu de Belas Artes. Comprámos ainda uma porcelana de Sargadelos, as melhores de Espanha, uma representação da Torre de Hércules.


O Castelo de San Antón

 
   No sábado, 1, seguimos para Santiago de Compostela, que dista poucos quilómetros, sobretudo movidos pela vontade de visitar a Cidade da Cultura e a sua exposição do Egipto com peças vindas directamente do British Museum. Deixarei o capítulo final das férias para outra publicação.

Todas as fotos foram captadas por mim e não podem ser utilizadas sem prévia autorização.

8 comentários:

  1. Espetáculo de férias bem merecidas e mudar de ares que faz muito bem

    Abraço

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    1. Muitíssimo, sair de “atrás do sol posto”, como tu dizes. Ahaha

      Um grande abraço!

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  2. Não conheço. Parece ser uma cidade bonita e luminosa.

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  3. Corunha... fica na minha lista :)

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  4. Há uns anos atrás, quando andei por Santiago de Compostela, estava decidido continuar caminho até à Corunha, pois conhecendo relativamente bem a Espanha, falta-me algum do litoral norte; no entanto, na altura, o amigo que me acompanhava na exploração e eu, decidimos alterar o itinerário, e acabámos por ter de regressar a Portugal.
    Tive alguma pena, mas o percurso alternativo também era apelativo.
    Do Norte da Espanha conheço bastante bem as Astúrias, que, definitivamente, me encanta.
    Houve tempo que andei algo obcecado por Carlos V, e pelo seu périplo inicial em Espanha, quando veio tomar conta da sua herança, após a morte da avó Isabel.
    Ele desembarcou nas Astúrias, em Tazones, e daí seguiu para o interior.
    Percorri o caminho do antigo imperador e da sua difícil tomado do poder, e da inauguração da monarquia dos Áustrias em Espanha.
    Claro que me interessava este périplo, mas, e sobretudo também, a arte do préromânico asturiano pelo qual sou um apaixonado sem limites, pois já tinha visitado as suas congéneres da Catalunha.
    E já que estava na zona não podia deixar de visitar aquilo que considero como uma das jóias do românico peninsular, desta vez o Panteão dos Reis na Colegiada de Santo Isidoro em Leão, quase ao lado. Foi um périplo perfeito, e todo ele está não muito longe de si.
    Faça-o e não dará o seu tempo por perdido.
    Como admirador confesso de Gaudí, também visitei na altura o Palácio Episcopal de Astorga, igualmente não muito longe. Belíssimo edifício, onde, pela primeira vez ele utilizou aquilo que se denominou em Espanha de "arcos abocinados" na entrada do edifício.
    Tinha visitado no dia anterior "a Casa Botines" em Léon, igualmente de Gaudí, que não me tinha agradado muito, e que considero como um dos elementos menores da sua fantástica arquitetura.

    Quanto a Sargadelos, não compre a porcelana, que não é o melhor.
    O melhor e o mais representativo encontra-se nas feiras e mercados de rua, como é o caso das belas peças em faiança do século XIX desta fábrica mítica. As influências orientais e inglesas da fábrica criaram um período de ouro desta fábrica, o que os levou a criar serviços para a própria família real espanhola.
    Tenho encontrados muitas peças desta fábrica aqui em Portugal, mas, por sorte para a minha bolsa, os portugueses não a acham muito interessante, e deixam-na passar por preços muito convidativos.
    Outros acham que estão a comprar cerâmica oitocentista inglesa, dada a semelhança de técnicas de produção como o denominado "flow blue", por que Sargadelos se tornou muito conhecida.
    Enganam-se, pois é mesmo "daqui ao lado".
    Em Estremoz é frequente encontrar à venda peças oitocentistas desta fábrica.
    Sargadelos funcionou para Espanha como Sacavém para Portugal. Foram fábricas contemporâneas com as mesmas influências e um mercado semelhante.

    Ainda bem que fez esta visita, é sempre bom descobrir o que um país tem para oferecer.
    Divirta-se e aproveite para partilhar, pois é também destes momentos que se fazem fortes as relações.
    Manel

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    1. Olá, Manel

      Desculpe, antes de mais, pelo atraso na publicação e resposta.

      As Astúrias, segundo o M., o meu marido, são um encanto. Eu ainda não conheço aquela região espanhola. Leão, igualmente, também não. Estive em Salamanca, com os meus pais, em 2005, uma viagem efectuada por motivos pessoais. Nada pude explorar ou visitar. Astorga tão-pouco conheço.

      Obrigado pelos avisos relativamente a Sargadelos. O meu marido é que gosta muito e me deu a conhecer as porcelanas. O seu primeiro presente, ainda em 2017, foi uma figura de Rosalía de Castro em porcelana de Sargadelos. Há dias, pedi à minha mãe que ma enviasse. Tendo sido o primeiro presente, é-me de um simbolismo enorme.

      Devo dizer que não desgosto das porcelanas. Parecem-me bonitas. Caras, são-no. Imagino que as da fábrica original sejam as melhores.

      Foram dias agradáveis. É pena que não se repitam tão frequentemente como desejo.

      Um abraço.

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