Este obituário será, porventura, pior que o de há dias. Hoje despertei-me com a notícia da morte de Eva Wilma, uma das actrizes brasileiras por quem mais carinho sentia e talvez a que maior impacto teve na minha infância. Em 1997, Eva Wilma encarnou uma personagem que, pelas suas características, ganhou um lugar de destaque na teledramaturgia brasileira, tal qual a própria Eva. Falo-lhes de Altiva, ou Maria Altiva de Mendonça e Albuquerque, a vilã da novela ambientada na cidade fictícia de Greenville, em A Indomada. Uma antagonista pérfida, porém cómica, num estilo que já nos é conhecido de Aguinaldo Silva, que mistura, na própria ficção, um universo surrealista e fantasioso, assente frequentemente no exagero do religioso e nos estereótipos e folclore do povo brasileiro. No colégio, para procurar atenuar vivências não tão positivas ou até, quiçá, dar azo a uma faceta artística, imitava os trejeitos e bordões de Altiva.
Dois anos antes, Eva Wilma interpretou a desajeitada, tresloucada, Zuleika, em História de Amor, de Manoel Carlos. Outra das suas personagens que recordo particularmente.
Eva Wilma enquanto Altiva, em A Indomada (1997) |
São das minhas memórias mais vívidas de uma artista que, entre televisão, cinema e teatro, teve uma carreira de quase setenta anos.
Eva Wilma estava bastante doente sobretudo desde o último ano. Não sendo a sua morte um facto inesperado, nem por isso nos merece menos pesar. Perdemos, portugueses, brasileiros, africanos, uma grande actriz, daquelas cujos papéis, pelo carisma que Eva trazia em si, são inesquecíveis.
Uma grande perda, uma das minhas actrizes preferidas
ResponderEliminarPaz à sua alma
Abraço
Era provavelmente a minha favorita.
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