13 de maio de 2021

Maria João Abreu (1964-2021).


    Para as pessoas da minha geração, a Maria João representava uma das actrizes mais queridas. O seu semblante era sempre de uma enorme doçura. Contrariando o vedetismo tão comum na classe artística, mostrava-se com um sorriso aberto, convidativo. Se há facetas e qualidades que transparecem, a humildade da Maria João era uma delas.

   Parte uma mulher demasiado nova, com imenso para viver e para dar ao teatro, sobretudo ao de revista, aquele que mais a preenchia como actriz. Entretanto, Maria João Abreu era completa, abrangendo a comédia e o drama. Recordá-la-emos assim, multifacetada. Dos papéis que interpretou, eu destacaria dois que recordo particularmente: Lucinda de Médico de Família, com o seu inesquecível bordão, de sandálias de salto alto e meias, e Anabela, personagem secundária de Jardins Proibidos (2001), a grande produção portuguesa para a televisão que foi uma pedrada no charco na ficção nacional e destronou, pela primeira vez, as novelas brasileiras.

   Reutilizo as palavras que recentemente escrevi a respeito de Cândida Branca-Flor: morrer jovem escandaliza-nos, deixa-nos revoltados. Tratando-se de gente boa, a perplexidade extravasa.

     Até já, Maria João.

2 comentários:

  1. Eu lembro-me dela no “Aqui não há quem viva”. Era a Dulce. Parece que os bons morrem sempre. Ela era mesmo boa actriz, e boa pessoa, pelo que diz quem a conheceu de perto. Tinha um ar leve. :(

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