Assinalou-se ontem o ducentésimo aniversário sobre a extinção da Inquisição em Portugal, promovida após a Revolução Liberal de 1820. A Inquisição, que fora introduzida cerca de trezentos anos antes, no reinado de Dom João III, por forma a combater as heresias protestantes que então assolavam a Europa, estava já em franca decadência desde o consulado de Sebastião José, o Marquês de Pombal, que pôs cobro àquela que era, talvez, a actividade mais conhecida e foco principal da acção da Inquisição: a perseguição aos cristãos-novos. Entretanto, a jurisdição da Inquisição abarcava também a prática de quaisquer crimes que violassem a ordem moral estabelecida: bruxaria, sodomia, nomeadamente, cujo conhecimento era da sua competência.
Um dos mitos que se propagaram durante séculos sobre a Inquisição diz respeito aos seus métodos. Tudo o que provoca o medo estimula a imaginação dos homens. Não é de todo verdade que a maioria das vítimas tenha perecido nos autos-de-fé, quiçá o método mais tenebroso que lhe está associado, como tão-pouco é verdade que a Igreja participasse das execuções. A Inquisição julgava, o braço secular executava. Era uma hipocrisia, era-o, mas assim se evitava que a Igreja, investida na fé cristã, manchasse as suas mãos de sangue. Muitos dos processos eram arquivados e tantos outros terminavam com pequenas penalidades, como multas e vexames públicos, chamemos-lhes assim. Pequenas tendo como termo comparativo a penalidade máxima, a morte, numa época em que não havia a proibição da tortura para a obtenção de confissões nem códigos que assegurassem direitos aos suspeitos.
A Inquisição portuguesa jamais logrou da fama da sua congénere espanhola. As instituições acompanham a força dos Estados, das coroas. E também é bem verdade que à sua cabeça não teve um Tomás de Torquemada, figura sombria que é a face mais conhecida da Inquisição.
A Igreja Católica teve a Inquisição há 500 anos, o Islão tem a Sharia aos dias de hoje. Qual a diferença? Mulheres não são apedrejadas, gays não são enforcados e enxovalhados em praça publica? Os gays perseguidos e mortos na Chechênia é um bom exemplo vivo
ResponderEliminarAbraço amigo