Com a eleição de Robert Francis Prevost como Papa -agora com o nome de Leão XIV- algumas feridas voltam a abrir-se. Feridas antigas, que muitos de nós carregamos em silêncio. Porque isto não é apenas a escolha de um novo líder religioso. É a escolha de alguém que, pelas suas palavras e atitudes passadas, deixou claro que vê a nossa existência -a das pessoas homossexuais- como algo em contradição com o Evangelho.
Em 2012, Prevost expressou preocupação com a “vida homossexual” e com as chamadas “famílias alternativas” formadas por casais do mesmo sexo. Falava como se o nosso amor fosse uma ameaça, como se fosse errado, ilegítimo, quase um desvio moral.
Agora é Papa. E embora alguns esperassem que seguisse o caminho mais acolhedor de Francisco, tudo indica que Leão XIV representa uma reafirmação da rigidez doutrinal. O medo de mudar. O medo de ver o outro como legítimo.
Como homem gay e crente, confesso que isto me dói. Porque continuo a sonhar com uma Igreja que acolha de verdade, que não nos tolere “apesar de”, mas que nos celebre “com tudo o que somos”. Não espero milagres. Mas ainda espero gestos. Palavras. Sinais de que também nós temos lugar à mesa.
Talvez o maior desafio não esteja apenas em Roma, mas em nós próprios: em continuarmos a acreditar no amor, mesmo quando nos fecham a porta. Em vivermos com dignidade, mesmo sem reconhecimento. Em falarmos, mesmo quando parece que ninguém nos quer ouvir.
Veremos o que virá dali
ResponderEliminarAbraço amigo
Estou com expectativa, no entanto com alguma relutância.
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