9 de fevereiro de 2022

Budapeste (parte VI).


   Será quiçá a última publicação sobre Budapeste, ou talvez não. Hoje dir-vos-ei as minhas impressões gerais sobre a cidade e os húngaros. Começando pela cidade, é lindíssima. Adorei conhecê-la, provavelmente não repetirei porque tão-pouco é uma grande metrópole que deixe muito por visitar em cinco dias, que foi precisamente a duração da nossa estadia. Vimos tudo o que havia para ver. Conseguimos cumprir com o roteiro a que nos propusemos. Aproveitámos bem o tempo que tínhamos. Budapeste é uma cidade funcional, com bons transportes públicos, segura, não demasiado extensa, tranquila. O húngaros, pois...

   Os povos são todos distintos, em razão do percurso histórico, do clima, da cultura. Eu não esperava que os húngaros fossem calorosos na recepção aos turistas como os espanhóis, os italianos, os portugueses. O que esperei, sim, é que fossem educados no trato, cordiais, sobretudo os que lidam com os turistas, e a experiência demonstrou-me o contrário. A minha e a de outras pessoas que escolheram a Hungria como destino de ócio, que nos demos, eu e o M., depois do regresso, ao trabalho de ler opiniões em sítios na internet dedicados a viagens e turismo. Há demasiadas opiniões semelhantes à nossa.

  Logo à chegada, a polícia, ainda no aeroporto, foi extremamente agressiva com os turistas que chegavam. Falaram-nos num tom autoritário, brusco, quase ameaçador. Pareceu-me que estava a entrar num estado ditatorial nos anos 70. No mesmo dia, repetiu-se o sucedido à entrada do parlamento. Os seguranças manifestaram os mesmos modos. Nos locais de comércio e restauração, também não temos nada de agradável para dizer: agressividade, má cara, desconfiança. Já sabia que os húngaros tinham elegido a extrema-direita, o Fidesz, um partido eurocéptico e anti-imigração, mas nós éramos turistas. Contribuímos para a riqueza interna do país, para o seu desenvolvimento. Com um leque tão vasto de escolha, decidimo-nos pelo seu país, e isso ao menos merecia que nos tratassem com outra consideração. À saída, no aeroporto, uma vez mais, e talvez para manter a coerência (risos), assistimos a mais episódios desagradáveis com os turistas.

   Importa referir que muitos dos casos foram observados por nós e ocorreram com outras pessoas. Não se trata de uma experiência nossa, isolada. Inclusivamente, comentei-o com o M., durante uma visita guiada, e uma portuguesa que estava de visita, ouvindo-nos, deu-nos razão. 

  A Hungria pertence à UE desde 2004. Budapeste é uma das cidades mais visitadas da Europa. Esperava-se que lidar com o turismo já fosse uma prática rotineira para os húngaros, e a impressão com que fiquei é a de que não gostam de estrangeiros. Há uma profunda desconfiança com quem não é de lá. Ainda que quisesse voltar, que não quero, não o faria. Há povos que são abertos ao mundo, receptivos aos outros, e há outros que não. As coisas são assim. 

   O que referi aqui não implica que a vossa experiência tenha de ser igual à nossa. Budapeste é realmente uma cidade que merece ser visitada. No entanto, eu aconselhar-vos-ia a refrear o ânimo quanto à receptividade dos húngaros, que deixa a desejar.

2 comentários:

  1. Esses povos do Cáucaso são assim. Nós somos povos virados ao mar e ao contacto com outros. Obrigado pelo aviso!

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    1. Sim, e também tiveram uma história recente conturbada (invasão alemã, domínio ideológico e militar soviético).

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