11 de fevereiro de 2022

Escalada de tensão.


   Embora a União Soviética se tenha desmoronado há 30 anos, a sua sucessora, a Rússia, nem por isso perdeu o interesse no leste europeu. Não foi com agrado que viu os países do leste europeu a aderir à NATO, à União Europeia; mantém relações privilegiadas com a Bielorrússia, e muitos daqueles países necessitam dos russos para o abastecimento de energia. No fundo, a tutela que a União Soviética mantinha, a Rússia julga que deve manter. Isto por um lado. Pelo outro, os EUA, como sempre, acicatando a desconfiança que já existe entre muitos daqueles povos e os russos, pelo passado recente, e procurando estender a sua influência às portas do seu tradicional arqui-inimigo. Tratando-se de um país de dimensões continentais, o maior do mundo, com energia atómica, um status de potência, evidentemente que a Rússia não vê com bons olhos a aproximação do leste europeu ao ocidente.

   Há ainda a questão das minorias étnicas russas em vários daqueles países. No caso da Ucrânia, e desde logo assumo que pouco entendo da matéria, sei que há uma forte presença russa sobretudo na parte oriental do país, e o russo é bastante falado. Na Crimeia, a maioria da população é de origem russa. Para nós, portugueses, é-nos uma realidade estranha, uma vez que etnicamente somos todos portugueses e falamos todos, ou quase, a mesma língua (há a questão do mirandês, que é uma falsa questão para aqui). O mesmo não ocorre noutras zonas do globo. Em Espanha, onde resido, as questões socioculturais já se fazem sentir no quotidiano político do país e inclusive nas relações que se estabelecem entre os diferentes povos, sempre marcadas por alguma tensão. No leste europeu, sucede o mesmo. Nem sempre as fronteiras dos Estados respeitam as nações, e nem sempre as nações constituem um Estado, e ainda não raras vezes algumas nações, ou parte delas, são incorporadas em Estados limítrofes. Quando a U.R.S.S se desmembrou, aqueles novos Estados continuaram com a configuração que assumiam durante o período soviético, enquanto repúblicas soviéticas. Desde a constituição do Estado socialista até à sua queda, mediaram várias décadas, e imagino que tenha havido movimentação de povos dentro das fronteiras internas, com predominância dos russos como maioria étnica, dominante demográfica e politicamente.

  Não acredito num conflito que comprometa a paz mundial, mas, sim, acredito em pequenas escaramuças e nas tentativas de intimidação da Rússia. A Europa é uma região pautada regularmente por conflitos -embora seja um continente pequeno, é-o diverso-, e a recordação das guerras nos territórios da antiga Jugoslávia ainda estão presentes.

2 comentários:

  1. Não tenho assim tanta certeza. Julgo que irá acontecer uma invasão da Ucrânia. Não nos podemos esquecer, o motivo do começo da 1.ª Guerra Mundial. Veremos.

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    1. Eu quero acreditar que não. Receio que uma guerra ali seja o rastilho para algo muito mais grave. Os EUA já avisaram os seus cidadãos para que saiam em 48h do território ucraniano (agora serão 24), caso contrário não os irão buscar. Teme-se que americanos e russos se enfrentem, e isso sim levaria a uma guerra entre eles.

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