Ouve-se o tic-tac do relógio. As paredes amareladas reflectem a situação que encobrem no seu manto pesado.
Na cozinha, um caldo quentinho aguarda pelo jantar. Pode esperar. Ela come por comer. As molduras da sala estão quase todas vazias, salvo uma ou outra que já não espelha a realidade. Sentada no sofá, ouve os ruídos do exterior.
"Quando era pequena brincava e sorria. Quando era pequena corria e saltava. Quando era pequena o mundo e eu éramos um só."
O cãozinho rodeia a dona. O seu arfar demonstra a incompreensão que o alheia da realidade. Os passarinhos cantam do lado de cá de um vidro sujo, um submundo dentro do mundo.
E as horas passam tão devagar. Ouvem-se passos tímidos lá fora. Virá alguém?
E as horas passam tão devagar.
Uma dor súbita surge no peito. Perde o equilíbrio e cai no chão.
"Quem vem apaziguar a minha dor?"
O cãozinho lambe a dona tentando acordá-la do seu sono profundo. Os passarinhos silenciaram o seu canto. O silêncio invadiu o espaço que cheira a solidão.
Jaz um corpo no chão. Jaz uma vida que pereceu no meio do desprezo.
Jaz a sociedade moribunda e fétida.
Jaz a sociedade moribunda e fétida.
e ninguém apareceu. incrível como alguém pode desaparecer e ninguém se preocupar. sinais dos tempos.
ResponderEliminarSim... E eu presto-lhe aqui a minha homenagem neste texto literário. Aliás, homenagem essa extensiva a todos os idosos abandonados.
ResponderEliminarAmo, amo e amo! Como hei-de descrever este texto tão... tão... real?
ResponderEliminarDescreves cada pormenor até ao mais intimo...
Está verdadeiramente bonito e usaste palavras que me contemplaram!
*.*
Sim, gostei muito!
ResponderEliminarE conseguiste, sem dúvida nenhuma, homenagear estas pessoas tão especais... estas pessoas com sabor a experiências e sabedoria :p
Mereces um beijinho.
ResponderEliminarNão levas a mal?
Pinguim, não. (:
ResponderEliminarOpah, já li e reli este teu post. Está maravilhoso :p
ResponderEliminarQuerido és tu!*
ResponderEliminarEu aliso porque detesto caracóis e o meu cabelo...digamos que tem muitos!
xD o meu cabelo é grande e demora sempre imenso tempo a alisar!
ResponderEliminarO teu deve ser num instante ;)
AhAh mas o meu quando chega uma altura do dia já sinto uma certa ondulação :s rrrr
ResponderEliminarE quando são dias de chuva então :s Fuck!
temos cá um oficio :s
ResponderEliminarE quando não tenho tempo de alisar, ato-o... é a melhor solução!
ResponderEliminarEu aliso à noite... de manhã já acordo cedo então fará se ainda tivesse que o alisar :s
ResponderEliminarDemoro 1h e picos :p
De manhã depois passo de novo, mas já é mais rápido :_)
ResponderEliminarQue conversa que vai para aqui _:)
ResponderEliminarDão-nos cabo da cabeça Ahahah
ResponderEliminarPeço desculpa por ter deixado de seguir o teu blog.
ResponderEliminarNa realidade não fui eu, mas sim um dos meus «admiradores secretos» que resolveu entrar com a minha conta e apagar a maioria dos blogs que seguia, bem como alguns dos meus seguidores (compreendo que seja dificil de acreditar).
Ainda não consegui repor tudo, mas vou fazê-lo já no que toca ao teu blog.
P.S: Não podia estar mais de acordo com o teu comentário.
Olá. Eu já tinha intenções de comentar aqui este post quando ele ainda era actual, mas tive uns pequenos problemas técnicos com o meu modem no entretanto. E quando os resolvi, o esquecimento e a preguiça tomaram conta de mim. Mas aqui estou, para fazer o primeiro comentário a este blogue que descobri há pouco tempo.
ResponderEliminarComeço por comentar que a tua forma de escrever me fascina: é eloquente, apaixonada, enfática, expressiva, enfim, poética. Resumindo, adoro a forma como escreves.
E continuo por comentar sobre o assunto deste post. Devo dizer que retratas fielmente uma realidade assustadoramente comum. Surpreende-me como muitos de nós têm a falta de vergonha na cara para abandonarem os idosos, aqueles que outrora fizeram de nós o que somos hoje. Sem eles, não seriamos nada e custa-me perceber que há gente que não admite isso e deixa estas pessoas ao abandono e não se apercebe que, um dia, também eles poderão sofrer o mesmo destino.~
E para não prolongar este testamento, desejo-te boa sorte para o futuro e que continues sempre a escrever o que te vai na alma, que haverá sempre alguém neste mundo para ler.
Os meus parabéns por mais um texto fantástico, Mark. Uma única questão, apesar da solidão, gostava de pensar que esta pessoa morreu completa e feliz. Acreditas nisso?
ResponderEliminarAbraços
Não acredito que tenha morrido feliz. Morreu sozinha e abandonada. Mas, enfim, espero que agora esteja em paz.
ResponderEliminarObrigado pelas palavras. (:
Abraço, sweet bunny ^^