Ontem, inserida na aula de Psicologia, estivemos numa palestra subordinada aos temas Bullying, Delinquência e Violência. A princípio, não estava muito interessado em ir, mas acabei por fazê-lo, até mesmo porque levaria falta de presença caso não fosse. O público era bastante heterogéneo. Desde professores a alunos, eram bastantes as pessoas que resolveram assistir a este debate. E digo debate porque foi pedida a interacção do público assistente, com perguntas feitas no final da palestra. Os oradores eram três psicológos com intervenções em variadas áreas da Psicologia que, sinceramente, não fixei na memória. Eram jovens e via-se claramente que não tinham muita experiência.
Tivemos uma apresentação em power point relacionada a estes temas e, de seguida, foi-nos pedida a colocação de perguntas e dúvidas. Na altura em que soube da realização da palestra, decidi que iria colocar uma pergunta sobre o bullying homofóbico ou homófobo, afinal, é uma das vertentes mais violentas e menos abordadas deste fenómeno ligeiramente recente. Durante a apresentação do power point reparei que, no capítulo sobre as variantes do bullying, existiam menções ao bullying xenófobo, religioso, mas não ao homofóbico/homófobo.
Com o final da intervenção dos oradores, e depois de uma aluna ter colocado uma pergunta, coloquei o dedo no ar e pedi para colocar uma questão.
-"Boa tarde, o meu nome é (....) e queria colocar uma questão. Reparei que no power point, no capítulo dedicado às vertentes do bullying, não referiram o bullying homofóbico ou homófobo que é uma das vertentes mais violentas deste fenómeno. Gostaria de saber o que pode ser feito em prol da comunidade LGBT, de forma a atenuar as consequências do bullying. Em segundo lugar, o que poderá ser feito pela comunidade escolar, articulada com pais, alunos e educadores, para melhor esclarecer as pessoas sobre as questões da orientação sexual, de forma a evitar este fenómeno? E já agora, porque será que o bullying homófobo/homofóbico ainda é pouco abordado e reconhecido pelas entidades oficiais? Obrigado."
Na verdade, foram várias questões inseridas numa única.
Um dos psicólogos, uma psicóloga, começou a responder à minha questão e fê-lo muito bem. No entanto, quando passou a palavra ao seu colega, tudo piorou. Estranhei um pouco a sua forma de estar e houve algo que suscitou as minhas dúvidas em relação à sua sexualidade. Era bastante delicado e as respostas que me deu vieram confirmar as minhas suspeitas. Fase de negação!
Em primeiro lugar, disse que todos temos o direito de vivermos livremente a nossa «opção sexual». Em segundo lugar, disse que a «identidade de género dos homossexuais deve ser respeitada», para além de um discurso pouco explícito e confuso.
Isto dito por um psicólogo deixa-nos com sérias dúvidas sobre a sua credibilidade. Ainda durante a sua resposta, pedi a palavra e disse-lhe:
-"Peço desculpa, mas a homossexualidade não se trata de uma opção, mas sim de uma orientação sexual. Ninguém escolhe a sua orientação sexual. Somos heterossexuais, bissexuais ou homossexuais independentemente da nossa vontade!"
Ficou constrangido e anuiu ao que eu disse. Ainda pensei em esclarecer a confusão que ele fez entre «orientação sexual» e «identidade de género», porém, não o fiz. Iria deixar o psicólogo mal visto e achei desnecessário. Tinha o dever de saber a distinção entre estas terminologias para não dizer disparates.
Quando acabou, saí e fui para a aula de Português.
A palestra foi medíocre e não achei minimamente interessante ou elucidativa. A partir do momento em que um psicólogo não tem conhecimentos - ou não os quis mostrar - da realidade LGBT, perdeu toda a credibilidade. Atribuo este facto à sua visível inexperiência, apesar de não o desculpabilizar de forma alguma.
Ainda existem muitas pessoas que negam o preconceito para com a comunidade LGBT. Não interessa, é melhor esconder. E como não interessa, a obtenção de conhecimentos nesta área é totalmente dispensável.
Que mal vai este país, quando um aluno esclarece um psicólogo.
Com o final da intervenção dos oradores, e depois de uma aluna ter colocado uma pergunta, coloquei o dedo no ar e pedi para colocar uma questão.
-"Boa tarde, o meu nome é (....) e queria colocar uma questão. Reparei que no power point, no capítulo dedicado às vertentes do bullying, não referiram o bullying homofóbico ou homófobo que é uma das vertentes mais violentas deste fenómeno. Gostaria de saber o que pode ser feito em prol da comunidade LGBT, de forma a atenuar as consequências do bullying. Em segundo lugar, o que poderá ser feito pela comunidade escolar, articulada com pais, alunos e educadores, para melhor esclarecer as pessoas sobre as questões da orientação sexual, de forma a evitar este fenómeno? E já agora, porque será que o bullying homófobo/homofóbico ainda é pouco abordado e reconhecido pelas entidades oficiais? Obrigado."
Na verdade, foram várias questões inseridas numa única.
Um dos psicólogos, uma psicóloga, começou a responder à minha questão e fê-lo muito bem. No entanto, quando passou a palavra ao seu colega, tudo piorou. Estranhei um pouco a sua forma de estar e houve algo que suscitou as minhas dúvidas em relação à sua sexualidade. Era bastante delicado e as respostas que me deu vieram confirmar as minhas suspeitas. Fase de negação!
Em primeiro lugar, disse que todos temos o direito de vivermos livremente a nossa «opção sexual». Em segundo lugar, disse que a «identidade de género dos homossexuais deve ser respeitada», para além de um discurso pouco explícito e confuso.
Isto dito por um psicólogo deixa-nos com sérias dúvidas sobre a sua credibilidade. Ainda durante a sua resposta, pedi a palavra e disse-lhe:
-"Peço desculpa, mas a homossexualidade não se trata de uma opção, mas sim de uma orientação sexual. Ninguém escolhe a sua orientação sexual. Somos heterossexuais, bissexuais ou homossexuais independentemente da nossa vontade!"
Ficou constrangido e anuiu ao que eu disse. Ainda pensei em esclarecer a confusão que ele fez entre «orientação sexual» e «identidade de género», porém, não o fiz. Iria deixar o psicólogo mal visto e achei desnecessário. Tinha o dever de saber a distinção entre estas terminologias para não dizer disparates.
Quando acabou, saí e fui para a aula de Português.
A palestra foi medíocre e não achei minimamente interessante ou elucidativa. A partir do momento em que um psicólogo não tem conhecimentos - ou não os quis mostrar - da realidade LGBT, perdeu toda a credibilidade. Atribuo este facto à sua visível inexperiência, apesar de não o desculpabilizar de forma alguma.
Ainda existem muitas pessoas que negam o preconceito para com a comunidade LGBT. Não interessa, é melhor esconder. E como não interessa, a obtenção de conhecimentos nesta área é totalmente dispensável.
Que mal vai este país, quando um aluno esclarece um psicólogo.
A quem o dizes!!
ResponderEliminarMuito boa resposta. ;)
E cada vez pior...*
ResponderEliminarUma lição que deste a um psicólogo com sérios problemas psicológicos.
ResponderEliminarOi, concordo com vc quanto ao preconceito existente, mas precisamos aprender que na vida não somos todos obrigados a saber e aceitar tudo. Achei, desculpe o termo, ridícula sua colocação em relação ao psicólogo. Repense seus atos, nem vc sabe tudo!
ResponderEliminarOlá Mark!
ResponderEliminarAdorei a tua argumentação e as tuas perguntas! ^^
Realmente é muito triste quando as coisas acontecem assim.
Infelizmente, é o país que temos...
No caso da palestra a que eu fui este passado sábado, era uma equipa de sexólogos que a organizou. Por vezes dispersavam-se muito do tema, puxando outros temas, mas todos eles ligados ao homofobismo e passaram por muito mais. Foi bom de poder assistir e aprender um pouco mais sobre o tema. Discutiram-se soluções, houve abertura e creio que com mais pessoas a aderir, é possível continuar a desconstruir preconceitos e ideias pré-concebidas.
ResponderEliminarhughie :)