29 de junho de 2010

Nunca Tão Longe



A distância é um mero detalhe para quem ama de verdade. No entanto, mais prejudicial do que a distância física é a distância que se ergue entre duas pessoas, de forma propositada, intencional, cujo único objectivo é afastar os sentimentos nobres que as unem.
Se soubesses o que é gostar de alguém, dificilmente te afastarias desse modo. Tão perto e simultaneamente tão longe, como as aves que pousam nos beirais de uma qualquer janela. Livre com a sabedoria da Natureza, mas preso pelo que sentes, pelas emoções que, dia após dia, despertam em ti e te fazem viver esse enredo que mais parece ser uma partida do teu destino. Causa mágoa recordar o passado, assistir ao presente e antever o futuro. Causa mágoa a distância artificial que te torna uma pessoa pior, metódica e calculista, atributos que pareciam mais desconexos do que um dia de chuva sob um sol quente e acolhedor. A recordação não é mais do que um quadro que pintámos no nosso imaginário irreal, forma de perpetuar o que é sagrado, passível de necessário e essencial para que mantenhamos o nosso equilíbrio. O teu afastamento é progressivo, contabilizável como os grãos de areia que existem num areal vasto e extenso. O número existe, está lá, queira a paciência humana ousar enfrentar tão tenebrosa tarefa.
Tão perto e tão longe. Nunca tão longe como agora; nunca tão perto como dantes. O que nos separa é muito menos do que o que nos une. O que nos une é feito de carne, de fé e de crença no amanhã. O que nos separa é feito de mácula de medo, abstracção e, quem sabe, projecto indefinido.
Algo palpita em mim. A tua realidade. Nunca estivemos tão longe.

1 comentário:

  1. Parece que a distância (seja de que maneira for) está a tornar-se uma doença para muita gente neste Verão... :S

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