21 de outubro de 2025

Catequese.


   No dia 30 deste mês, começo a catequese. Eu sei, não é comum. Geralmente, frequentamos a catequese na infância. Os meus pais, porém, apesar de serem católicos, não praticavam. Eu fui baptizado, e só. Não fiz os demais sacramentos. E também nunca antes pensara nisso. Mas recentemente comecei a pensar, e cheguei à conclusão de que é algo que gostaria de ter feito, e que não fiz, e que posso fazer agora. Chama-se catecumenado de adultos. Existe aqui na paróquia onde vivo. Falei com o padre e inscrevi-me. O objectivo é fazer a Primeira Comunhão e o Crisma, para poder participar na Eucaristia plenamente (comungando). Estou feliz por ir fazer a catequese.

15 de outubro de 2025

Desmotivado.


   Ultimamente ando com pouquíssima vontade de vir ao blogue. Tudo tem um começo e um fim, e devo dizer que ando numa ginástica doida para não encerrar este espaço, sobretudo porque lhe tenho carinho. São tantos anos. Não há é vontade. Não há assunto. E depois, quando perdemos os leitores, este exercício deixa de fazer sentido, afinal, escrever num blogue implica necessariamente gostar de se ser lido, caso contrário não o fazíamos. Impõe-se a questão: escrever para o boneco? Faz sentido? Escrever só porque sim também não. Além disso, não há realmente muito para dizer. Continuo nas minhas viagens, continuo a ter as minhas opiniões sobre os assuntos quentes do momento. O que já não existe é aquela necessidade de partilhá-lo aqui, porque também não há público, ou se há é omisso. E até esta publicação vem quase na urgência de ter de dizer algo.

7 de outubro de 2025

Braga.

 

   No fim-de-semana passado estive em Braga, pela primeira vez, e adorei a cidade.

  Não admira que seja a cidade dos padres, como se costuma dizer.

   Tem uma igreja em cada esquina.


A Sé de Braga


  Pareceu-me ser uma cidade jovem, dinâmica, bastante povoada, com imenso para ver.


Jardim de Santa Bárbara 

  No sábado explorámo-la: o centro histórico, a Sé (onde repousam os pais de Dom Afonso Henriques), algumas capelas, e um extraordinário jardim (de Santa Bárbara).


Túmulo de Dona Teresa de Leão 

   O domingo, reservámo-lo para o Santuário do Bom Jesus (não podia faltar) e para o Santuário de Nossa Senhora do Sameiro (a 2 km do primeiro).


Santuário do Bom Jesus do Monte


   Se não conhecem Braga, aproveitem, que merece a pena.


30 de setembro de 2025

O Elevador da Glória.


   Foi no nosso segundo dia de férias. Tínhamos acabado de chegar a Fuerteventura quando o M. me disse: “Houbo un accidente en Lisboa”. Quando soube, nem quis acreditar. Que tragédia, meu Deus. Dezasseis ou dezassete mortos e vários feridos. Um cenário surreal numa cidade tão turística como Lisboa. Erros e falhas na manutenção de um dos ícones da capital. Será que a responsabilidade vai morrer solteira uma vez mais? A julgar pela forma como a comunicação social se esqueceu do assunto, não me admiraria.

18 de setembro de 2025

As férias.


   Olá, como estão? Pela primeira vez em anos, passam-se semanas sem vir ao blogue e sem me lembrar disto. Ando aqui a fazer uma força enorme para não deixar o estaminé morrer, mas realmente não há vontade nenhuma. Não há nada que me puxe para vir aqui. Estímulo. 

     Bom, adiante. Vim de férias. Estive em Vinhais, no norte do país, dois dias, e depois estive em Fuerteventura durante duas semanas, a conhecer a ilha, a fazer praia, piscina, essas coisas de que gosto tanto. Espero que por aí esteja tudo bem. Foi só mesmo uma passagem de médico para publicar quatro palavras.

26 de agosto de 2025

Os alfaiates da democracia.


   Em Lisboa, o Palácio Ratton não costura vestidos, mas corta leis. Com tesoura invisível e linha jurídica, os senhores da toga ajustam a bainha da República. E, tal como um alfaiate que decide que o cliente fica melhor sem mangas, podem devolver ao Parlamento uma lei cuidadosamente cosida… agora reduzida a trapos.

   Nos Estados Unidos, este ofício é velho. Lá, nove alfaiates supremos, vitalícios e bem pagos, reparam há muito tempo que a Constituição é um tecido elástico: estica quando convém, encolhe quando muda o vento. Um dia cabe um direito ao aborto; noutro, já não. É a magia da interpretação, essa arte discreta de mudar o mundo sem sujar as mãos de votos.

   Portugal sempre teve menos paciência para estas alfaiatarias. Mas o veto à lei dos estrangeiros mostrou que também por cá se faz alta-costura política. A maioria parlamentar quis alargar a roupa da cidadania; os juízes apertaram-na. Tecnicamente, a peça tinha defeito. Politicamente, foi um ajuste que alterou o modelo inteiro.

   Chamam a isto judicialização da política; quando a passadeira do poder passa pela sala de audiências. É um desfile peculiar: os deputados são modelos de ocasião, desfilam com as suas leis novas, e no fim os juízes decidem se o corte está dentro das tendências constitucionais.

   A democracia veste-se de preto e jura que é apenas guarda-roupa. Mas quando os alfaiates começam a ditar a moda, é caso para perguntar: quem manda, afinal? O povo que escolhe os tecidos ou os juízes que decidem se a saia é demasiado curta?


21 de agosto de 2025

Incêndios.


   Gira o disco e toca o mesmo, e não pensem que é só em Portugal. Em Espanha é igual. Este ano foi-me particularmente terrível, porque pela primeira vez soube o que é lidar com um incêndio. Vivo numa das províncias espanholas mais afectadas pelos terríveis incêndios deste ano. Tive-o aqui, atrás de casa, muito perto, a ameaçar o que temos. A nós e a outros vizinhos. Os montes circundantes estão calcinados. Foi uma tragédia. Na noite de domingo para segunda, ninguém dormiu. O meu marido fora, de mangueira na mão. Vizinhos a ajudá-lo. Outros que estavam nas suas próprias guerras. O fogo ameaçou todos. Aqui, em vários concelhos. Parecia um cenário apocalíptico. Eu saí em torno das 2h da madrugada. Não aguentava mais. Fui tentar dormir um pouco. O M. entrou em casa às 7h da manhã, cansadíssimo. O fogo estava controlado. Felizmente temos um vinhedo enorme atrás, e as vinhas não ardem com facilidade.






    Ficou o stress pós-traumático, além do fumo entranhado nos pulmões. As fotos que lhes deixo são elucidativas.

11 de agosto de 2025

Praias Fluviais.


   Eu adoro praia. Não é novidade. Dado que vivo longe  da costa, a solução passa pelas praias fluviais, ou de rio, que podem ser lindas. Para alguns talvez não sejam o mesmo que a praia de costa. Admito que sim. Assim mesmo, são praias, ajudam a refrescar; a água é doce, cristalina. A relva não suja. A areia sim. O verde substitui a imensidão do oceano. Foi assim o dia de ontem, numa praia fluvial a 70 km de onde moro. Chama-se Playa Fluvial de Vega de Espinareda, e é um pequeno paraíso no Bierzo (Castela e Leão).






2 de agosto de 2025

Guimarães.


  No fim-de-semana passado, aproveitando que o M. esteve dois dias de folga (milagre!), fomos a Guimarães. Nenhum dos dois conhecia a cidade-berço, sendo que eu tenho mais obrigação do que ele, que sou português.


Belíssimo castelo


  Ficámos alojados num hotel muito simpático no centro da cidade. Cidade linda, diga-se. Gostei muito. Bem cuidada, arranjada, com muito para ver, a nível de monumentos e assim, e além disso -acredito eu que por ser património da humanidade desde 2001- tem imensos turistas de todo o mundo, o que lhe confere uma atmosfera vibrante e animada.


O vibrante centro histórico 


 Percorremos os locais mais emblemáticos, designadamente o Castelo, o Paço dos Bragança, o casco histórico e várias das igrejinhas cheias de encanto. Sem dúvida alguma, Guimarães merece a pena. 


Dom Afonso Henriques, 1° Rei de Portugal 


   Agora exploro o norte, por fim. Estou mais perto do Minho e de Trás-os-Montes do que estava quando vivia em Lisboa, portanto, é-me mais fácil aventurar-me naquelas paragens.

21 de julho de 2025

A caça ao mouro.


   As pessoas -os autóctones- estão cansadas dos imigrantes e da criminalidade que lhes está associada. Recentemente, um grupo deles deu uma valente sova num idoso. Naturalmente, as pessoas da terra -Torre Pacheco, em Múrcia, Espanha- saíram às ruas a pedir justiça. Foram dias de muita agitação e distúrbios. Uma verdadeira batalha campal. Para a comunicação social tendenciosa e wokista, foi uma campanha da “extrema-direita”, daquilo a que eles chamam extrema-direita; na verdade, foi uma revolta da população de Torre Pacheco, extenuada pela violência e pela falta de resposta das autoridades.

   Estamos quase todos, no fundo, a um passo de pegar em armas e sair às ruas. Somos atacados na nossa dignidade por gente que vem, sabe-se lá de onde, provocar o caos e a desordem. Gradualmente, chegam, implantam-se, reproduzem-se como coelhos, e um dia seremos uma minoria na Europa. É já uma realidade. Pelo menos aqui em Espanha, ver mulheres de lenço na cabeça tornou-se de tal forma vulgar que ninguém se espanta. Portugal vai pelo mesmo caminho, afinal, se não são marroquinos, são paquistaneses, africanos, latino-americanos, ou seja, uma amálgama de raças que vai deixar bem pouco da nossa cultura.

   Situações como aquela ocorrida em Torre Pacheco tornar-se-ão cada vez mais comuns. Chegaremos às rebeliões armadas. Não quero ficar conhecido como o profeta da desgraça, mas realmente não é preciso ser-se dotado de capacidades paranormais para se adivinhar o que nos espera. E não é bom.


5 de julho de 2025

Diogo Jota & André Silva.


    Diogo Jota era um nome conhecido de todos nós. Internacional português, figura incontornável da Selecção Nacional e do Liverpool, vivia o auge da sua carreira desportiva, um daqueles raros momentos em que o talento, o esforço e a oportunidade se encontram e brilham. Casado há apenas duas semanas, vivia também o melhor período da sua vida pessoal, ao lado da mulher com quem teve três filhos, todos eles pequenos: um menino de quatro anos, outro de dois, e uma bebé de apenas oito meses. Agora, essa mulher fica sozinha, com a responsabilidade de criar os seus filhos e a dor insuportável de uma perda sem nome. Porque perder o amor da nossa vida assim, de repente, é algo para o qual ninguém está preparado. Eram namorados desde adolescentes.

   André Silva, o irmão, jogava no Penafiel. Menos conhecido, mas com igual paixão pelo futebol. Também ele via a vida pela frente, também ele com sonhos, com família, com planos. E agora também ele parte, tragicamente, ao lado do irmão com quem partilhou a infância, o sangue, os afectos e, tristemente, a morte.




   Os pais de Diogo e André ficam sem filhos. Tinham apenas aqueles dois. Imaginar essa dor é impossível. É uma ferida que não cicatriza, uma ausência que grita, um silêncio que vai acompanhar o resto dos seus dias. Nada pode preparar uma mãe ou um pai para sepultar os dois filhos ao mesmo tempo.

  Estamos perante uma perda imensa. Uma família destruída. Um país em choque. Uma estrada que leva duas vidas que ainda tinham tanto por viver. E nós, que cá ficamos, tentamos encontrar sentido numa tragédia que não faz sentido nenhum. Ironia das ironias, os dois irmãos perderam a vida numa localidade que não fica assim tão longe de onde eu moro: Sanabria, aqui ao lado, na província de Zamora. Conheço a auto-estrada onde se deu o fatídico acidente. Passo por lá várias vezes.

   Que Diogo e André descansem em paz. E que os seus nomes fiquem para sempre ligados não apenas ao talento que mostraram em campo, mas à beleza da sua ligação fraterna e à brutalidade da injustiça que os levou.


26 de junho de 2025

50 anos de independência, e eu penso no meu pai.


    O meu pai nasceu em Moçambique. Filho de portugueses, sim, mas moçambicano no coração, no carácter, na alma. Sempre me falou daquela terra com uma luz nos olhos que nunca vi em mais lado nenhum. Dizia, muitas vezes, que amava Moçambique mais do que amava Portugal. E eu acredito que era verdade.

    Foi lá que ele cresceu, aprendeu a correr pelas matas, sentiu o calor do mundo pela primeira vez; que descobriu os cheiros, os sons, as cores que moldaram o seu espírito. Foi lá que ele aprendeu o valor da amizade, da partilha, da luta, da dignidade. Moçambique não era só o lugar onde ele nasceu: era o lugar onde ele se tornou quem era.


O meu pai, ao centro, em Moçambique

    Lembro-me de como se emocionava sempre que ouvia música moçambicana, de como falava da Ilha de Moçambique, de Lourenço Marques, da Beira, de Inhambane, da praia, das pessoas, da mistura, da liberdade que sentia nos tempos da juventude. Dizia-me que Moçambique lhe tinha dado tudo. Que não havia no mundo terra mais bela. E que, apesar de o sangue ser português, o coração era moçambicano.

  Hoje, se fosse vivo, estaria feliz. Orgulhoso. Talvez até emocionado. Porque ver Moçambique celebrar 50 anos de independência seria para ele uma vitória, uma confirmação daquilo que sempre sentiu: que aquela terra tem direito à sua voz, ao seu destino, ao seu lugar no mundo.

    Neste 25 de Junho de 2025, celebro também por ele.


18 de junho de 2025

The Emancipation of Mimi, vinte anos depois.


 Faz agora vinte anos que Mariah Carey lançou The Emancipation of Mimi, um dos álbuns mais marcantes da sua carreira -e, sem que ela o soubesse, também da minha vida.

  Era 2005. No calendário, um Verão escaldante; no coração, uma inquietação difícil de nomear. Tinha 19 anos e começava a perceber que a vida não era tão protegida como julgava. Foi o ano em que os meus pais, até aí aparentemente estáveis, começaram a dar-se mal. O ambiente em casa tornava-se tenso, pesado, um silêncio que gritava por dentro. No ano seguinte, a separação seria inevitável.

   No meio desse desconforto íntimo, The Emancipation of Mimi apareceu como um raio de luz. Eu passava tardes inteiras colado à rádio, com os dedos cruzados, à espera de ouvir It’s Like That e We Belong Together -os dois grandes êxitos daquele Verão. Era quase um ritual: o rádio ligado, o volume no máximo, e eu a tentar esquecer o infortúnio da minha existência e o vazio. Cada vez que a voz da Mariah ecoava, sentia uma espécie de abraço. Um conforto.




    O álbum marcou não só o meu Verão, mas também o regresso triunfante de Mariah Carey. Depois do fracasso duplo de Glitter (2001), tanto o filme como o disco, e de Charmbracelet (2002), que também não teve o impacto esperado, muitos pensaram que o tempo dela tinha passado. Mas em 2005, ela renasceu. Com The Emancipation of Mimi, mostrou ao mundo que ainda tinha muito para dar, com uma voz renovada, uma presença mais madura e uma vulnerabilidade que tocava fundo.

  Esse renascimento artístico coincidiu, de forma quase simbólica, com a minha necessidade de encontrar esperança no meio do caos. O título do álbum, A Emancipação de Mimi, parecia falar também da minha tentativa de libertação, de encontrar força dentro de mim quando tudo à volta desabava.

   Hoje, vinte anos depois, olho para esse álbum não apenas como um marco da pop, mas como uma tábua de salvação. Há músicas que são mais do que canções: são memórias, abrigo, capítulos da nossa história. We Belong Together ainda me emociona. Ainda me lembro do silêncio do meu quarto, da solidão, e daquela melodia que dizia tudo o que eu não conseguia dizer. É um esboço da minha emancipação, a possível naquele momento, que estava prestes a começar, com o início de um novo ciclo.


30 de maio de 2025

Cada um com o seu ritmo.


    Há dias em que dou por mim a pensar nisto: quase todos os meus colegas da faculdade já estão casados. Muitos com filhos. E eu? Também estou casado, é certo, e feliz, muito feliz. Os filhos, decidimos que não. Não sentimos esse apelo, esse chamamento. E está tudo bem.

  Sempre fui ligeiramente fora de tempo. Desde miúdo que o noto. O meu ritmo nunca foi o dos outros, e durante muito tempo achei que havia qualquer coisa de errado comigo por causa disso. Agora vejo que não. Simplesmente, a vida tem mesmo muitos caminhos, e nem todos passam pelo mesmo sítio.

  Não temos de nos espelhar nos outros. Não temos de seguir os passos que nos dizem que são os certos. A verdade é que cada um de nós tem o seu tempo, os seus desejos, a sua forma de chegar às coisas. Eu tenho vindo a conquistar o que acredito merecer, ao meu ritmo e à minha maneira. A minha casa. O meu marido. Os meus animais. Comecei a conduzir talvez tarde, porém, quando me senti preparado e maduro para o fazer. Pouco a pouco, tudo vai acontecendo.

   A felicidade não obedece a um único modelo. O que existe é o que nos faz sentido. E isso basta. Não preciso de viver como os outros para saber que a minha vida é minha.

   E se às vezes me sinto fora do compasso, não faz mal. Talvez esteja apenas a dançar outra música. Uma mais minha. E nessa música, com o tempo certo dos dias bons e das noites tranquilas, e dos dias menos bons e das noites agitadas, eu vou sendo -devagarinho- aquilo que sempre sonhei ser: eu, em paz com o que conquistei, seja pouco ou muito. Que me seja suficiente.


25 de maio de 2025

Já posso desfrutar, inclusive de noite.


 

   A minha piscina, de noite, já preparada para o Verão. 

22 de maio de 2025

Bichas… (parte 6 - bichas que gostei de conhecer).


   Recentemente, escrevi uma leva de várias publicações sobre bichas que conheci através do blogue e não deveria ter conhecido. Nunca referi os seus nomes. Deixei no ar sobre quem seriam. Contudo, houve pessoas que gostei de conhecer, e essas sim irei mencionar aqui, já que me parece justo falar do bom também. Pessoas que conheci pelo blogue e com quem tive bons momentos. Nem tudo foi aquele terror que descrevi no Bichas que conheci… (partes 1, 2, 3, 4 e 5).

   Vou começar pelo Francisco, do blogue Um Deus Caído do Olimpo. Foi, de todas as pessoas que conheci através dos blogues, aquela com quem mais mais privei, quer com outras pessoas, quer os dois apenas. É um rapaz tranquilo, boa onda. Tem lá as suas maluquices, mas não é má pessoa. Jamais me esquecerei duma noitada, que acabámos às 6h da matina em Santa Apolónia a tomar o pequeno-almoço. Se Deus quiser haveremos de repetir!

    O N., do blogue Um Ribatejano no Oeste. Este rapaz tinha uma paixoneta por mim. Não era correspondido, mas nem isso por perdemos a amizade. Entretanto, com os anos fomo-nos afastando. Não sei nada dele. Espero que esteja bem, e guardo boas recordações dos momentos vividos (nunca tivemos nada de íntimo, atenção).

    O Horatius, do blogue Aqui do Campo. Bom rapaz, simples. Ainda hoje mantemos um contacto frequente pelas redes sociais.

    A Magg, leitora de blogues, com quem saí várias vezes. É uma moça educada, não se mete em intrigas nem em confusões. Pareceu-me que, em todas as polémicas, procurou sempre manter uma certa distância, e até mesmo imparcialidade. Gostei de a conhecer.

    O rapaz do blogue Meia Noite e Um Quarto. Perdão, não me lembro do nome. Era giro. As bichas ficavam todas babosas. Das poucas vezes que privei com ele, pareceu-me ser um bom rapaz, boa onda.

    O Sérgio, do blogue good friends are hard to find. Estive com ele, salvo erro, uma ou duas vezes. Igualmente simples, boa onda. Pena que se foi dos blogues (mas quem é que não se foi?)

   O Manel, leitor do meu blogue, talvez a pessoa que mais gostei de conhecer pessoalmente. Tivemos um jantar a dois agradabilíssimo. Um senhor culto, educado, um gentleman. Vamos mantendo contacto.

    O Miguel, do blogue um voo cego a nada. Deixo-o para o fim porque o Miguel já não está entre nós. Partiu em 2019, depois de uma longa doença. Sei que me estimava, como eu o estimava; sei que me admirava pela minha escrita inusual num rapaz tão novo (sim, eu fui novo). Afastámo-nos na recta final da sua vida, e consigo intuir o motivo - terá sido “envenenado” contra mim por duas ratazanas que lhe eram próximas (a bicha bicho, solteirona dos gatos, e a bicha velha da linha de Sintra). Paz à sua alma. Ele e o seu encantador blogue fazem falta.

   Conheci outras pessoas nos eventos dos blogues, que não tiveram qualquer impacto em mim, cujos nomes já nem me lembro, e que portanto não gostei nem desgostei de conhecer. Fica aqui a minha homenagem a todos.

19 de maio de 2025

Uma expressiva viragem política.


  As eleições legislativas de ontem marcaram uma viragem incontornável no panorama político português. Pela primeira vez, o CHEGA conquistou um espaço significativo no parlamento, tornando-se muito provavelmente a segunda força mais votada. As peças do jogo mudaram. Há, desde ontem, um antes e um depois; um novo actor na cena política, capaz de influenciar determinantemente políticas e decisões.

   A ascensão do CHEGA não surgiu do nada. É o reflexo de uma frustração profunda e prolongada de uma parte do povo português que se sente esquecida pelas políticas do sistema tradicional. Durante anos, PS e PSD lideraram discursos que se tornaram distantes da realidade concreta: salários baixos, insegurança, serviços públicos que falham e uma sensação crescente de impunidade nas esferas do poder. A estrondosa derrota do PS e dos partidos à sua esquerda não deve ser lida como um simples “revés eleitoral”, mas sim como um sinal claro de que a paciência dos cidadãos se esgotou. Os portugueses não acompanham os discursos fúteis e muitas vezes hipócritas de partidos como o LIVRE, o PAN ou mesmo o BE. As suas bandeiras não são o foco das preocupações do cidadão comum, que está-se marimbando para a Palestina ou para a Ucrânia, ou até mesmo para as energias “verdes”. As pessoas querem trabalho, dignidade salarial, bons serviços públicos, paz e segurança.

   Mas a leitura do descontentamento não pode ficar apenas pela esquerda. Também o PSD, no último governo, teve oportunidades concretas de reformar o país, e falhou. Na área da saúde, por exemplo, os problemas crónicos mantiveram-se ou agravaram-se: listas de espera intermináveis, falta de profissionais no SNS, encerramentos parciais de urgências e um sentimento de abandono nas regiões do interior. Para muitos eleitores, não há diferença entre promessas que não se cumprem à esquerda… ou à direita.

   É neste vazio de respostas eficazes que o CHEGA cresce. Para muitos, surge como a única voz que fala sem rodeios, que denuncia o que está mal, e que desafia a complacência das elites partidárias. É um partido corajoso, que não teme enfrentar o que considera ser prejudicial para o país, como a imigração descontrolada, a doutrinação das nossas crianças na ideologia woke LGBT ou ainda, para citar outro exemplo, o atentado aos nossos valores cristãos e tradicionais, onde se insere a família.

    O desafio está agora em saber escutar este novo eleitorado, e não com medo, mas com inteligência. E com a responsabilidade de fazer da política um espaço de soluções, e não apenas de trincheiras ideológicas.


14 de maio de 2025

Bichas… (parte 5 - a bicha adolescente tardia).


   Falar desta bicha tem coisas que se lhe digam. Comecemos pelo começo, como se costuma dizer: esta bicha não me suscita ódio, ou raiva. Pena, talvez, ao olhar para trás. A bicha começou a organizar jantares de bloggers, quando a bicha velha (a que sustentava um chulo do leste) deixou de organizar os ditos jantares. Esta bicha -olhem, curiosamente como a bicha velha, mas muito mais nova- achava-se a melhor: ela própria dizia que era o “blogger gay mais influente de Portugal”. Delírios. Tinha 200 seguidores, nenhum impacto social, jamais foi influencer ou teve relevância. Vivia num mundo à parte. Quando a conhecemos, percebemos o porquê dessa insegurança: é feio, usa óculos, veste-se mal. Um horror. A acrescer que de adolescente não tem nada: tinha perto de trinta anos na altura. 

    Bom, eu conheci a bicha num desses eventos. Chegamos ao Natal, e eu, que me relacionava cordialmente com ela, propus-lhe que me ajudasse a organizar um lanche de Natal de bloggers, uma vez que adoro a quadra. E fi-lo para ser algo divertido, a dois, e não porque precisasse da ajuda. Fi-lo, honestamente, de coração aberto. O que se passou a seguir é hilariante. Depois do lanche, a macaca foi escrever no blogue dela que a ideia houvera sido dela, que a organização fora dela, omitindo-me completamente, quando fui eu quem lhe deu a ideia de participar comigo na organização. Nem mencionou o meu nome. Reparem, isto é uma estupidez, mas é este tipo de gente que, em cargos de poder, passa a perna aos colegas se puder. Nestas mesquinhices (sujou-se por pouco) vemos como são as pessoas e o que fariam noutras situações. 

   Depois da polémica -porque naturalmente tudo aquilo me revoltou-, foi escrever barbaridades a meu respeito sem me mencionar. Quem não se sente não é filho de boa gente. A criatura acho que já nem anda por aí. Achava-se tão importante… Nunca o foi. Às vezes penso que Deus é justo, e portanto não foi à toa que ela dormiu dois anos no sofá da sala. (risos) Uma miserável. Aqueles jantares eram um pavor. Uma vez até levei um amigo meu, fora do mundo dos blogues, para que aquilo tivesse mais animação. Quando soube que eu ia ao festival de cinema de terror (Motel X), começou a ir também; quando soube que eu ia ao Queer Lisboa, o mesmo, escrevendo críticas sobre os filmes para me imitar. Indescritível, e ridículo. Hoje em dia, anos e anos depois, rio-me. 

    Não lhe desejo mal. Que ela seja feliz. Creio que não o é, a julgar pela vidinha que tinha. Olhem, beijinhos para ela, e que se porte mal (era vulgar até nos chavões).

13 de maio de 2025

O jardim.


   Como vocês saberão, eu e o M., o meu marido, comprámos a nossa casa em Abril de 2024, há pouco mais de um ano. É um chalé com imenso terreno, piscina, árvores de fruto, enfim, a casa de sonho de muitos. Porém, não estava perfeita, se é que existe a perfeição. O anterior proprietário nunca aqui viveu. Construiu a casa e, sabe-se lá porquê, continuou a viver no seu apartamento. Soube que dormiu aqui três vezes em tantos anos. A casa estava abandonada, apesar de habitável. Abandonada no sentido de descuidada. O jardim precisa de uma grande volta, o interior estava pronto a entrar, mas de igual forma precisava de arranjos. Pouco a pouco estamos a tentar deixar tudo arranjadinho. O jardim é uma das nossas prioridades de momento.


Pouco a pouco, porque Roma e Pavia não se fizeram num dia


  Temos um terreno de quase 1.700m2. É imenso. O terreno circunda a casa toda. Há aqui muito para fazer. Entretanto, neste último fim-de-semana, o M. e eu começámos a dar um jeito numa parcelazinha do jardim. Aquilo vai ganhando forma. É bom ter projectos. Mal vejo a hora de ter tudo como eu quero, o que vai levar muito tempo, quer dentro de casa, quer no exterior.

(a propósito, e Deus lhe tenha a alma em descanso, o anterior proprietário suicidou-se há uns dias; quando soube, fiquei chocado)

11 de maio de 2025

Gaza.


  Vou ser bastante curto: porque é que estas bichas que se preocupam tanto com a situação humanitária em Gaza não vão para lá ajudar em vez de irem de férias para Itália e para o raio que as parta? É que a solidariedade de redes sociais pode até parecer bem, mas não engana.

   Cada vez tenho menos paciência para esta esquerda burguesa, ociosa e hipócrita.

8 de maio de 2025

Leão XIV.


  Com a eleição de Robert Francis Prevost como Papa -agora com o nome de Leão XIV- algumas feridas voltam a abrir-se. Feridas antigas, que muitos de nós carregamos em silêncio. Porque isto não é apenas a escolha de um novo líder religioso. É a escolha de alguém que, pelas suas palavras e atitudes passadas, deixou claro que vê a nossa existência -a das pessoas homossexuais- como algo em contradição com o Evangelho.

  Em 2012, Prevost expressou preocupação com a “vida homossexual” e com as chamadas “famílias alternativas” formadas por casais do mesmo sexo. Falava como se o nosso amor fosse uma ameaça, como se fosse errado, ilegítimo, quase um desvio moral.

   Agora é Papa. E embora alguns esperassem que seguisse o caminho mais acolhedor de Francisco, tudo indica que Leão XIV representa uma reafirmação da rigidez doutrinal. O medo de mudar. O medo de ver o outro como legítimo.

    Como homem gay e crente, confesso que isto me dói. Porque continuo a sonhar com uma Igreja que acolha de verdade, que não nos tolere “apesar de”, mas que nos celebre “com tudo o que somos”. Não espero milagres. Mas ainda espero gestos. Palavras. Sinais de que também nós temos lugar à mesa.

    Talvez o maior desafio não esteja apenas em Roma, mas em nós próprios: em continuarmos a acreditar no amor, mesmo quando nos fecham a porta. Em vivermos com dignidade, mesmo sem reconhecimento. Em falarmos, mesmo quando parece que ninguém nos quer ouvir.


7 de maio de 2025

XVII Aniversário.


   Creio que é o primeiro ano em que me esqueço de assinalar o aniversário do blogue no próprio dia. Foi no dia 3 deste mês que o As Aventuras de Mark perfez 17 anos. Meu Deus! Dezassete anos. Não hei-de eu estar velho, se o blogue tem a idade de muitos matulões que andam por aí!

   Já escrevi tanta coisa sobre este espaço, sobre mim, que se volto a arriscar incorro em pena de me repetir. Quem me lê já sabe que não sou uma pessoa fácil. O bom dos blogues é que, se chegam a durar, a ter história, conseguimos ver a evolução de quem os escreve. Eu passei dum miúdo fútil, mas pretensamente “afável”, que escrevia longos textos sobre História, Filosofia e Política (lembram-se?), para alguém que dispara a matar, que diz o que pensa, e que foi perdendo densidade. Eu não deixei de me interessar por ciências humanas; não há é público nesta plataforma obsoleta que são os blogues. Está passada de moda. Cheira a naftalina. Só aqui andam as bichas velhas e as que caminham para velhas (eu). As outras andam por aí a fazer bichices no Tik Tok e a ganhar pasta no OnlyFans. (risos) Eu, por acaso, gosto mais de mim assim. E gosto mais do blogue assim também, sem ter de manter um nível ou uma aparência, ou seja, “o que esperam de mim”. Vá, e parabéns ao blogue.

3 de maio de 2025

Bichas… (parte 4 - a bicha bicho).


   À partida, já tinha falado de todas as bichas que conheci através do blogue e não devia ter conhecido. Ou falara delas directamente, ou seja, numa publicação específica, ou superficialmente. Mas há algumas que merecem um destaque especial. Uma delas é a bicha bicho. E quem é a bicha bicho? A bicha bicho era uma mulher que vivia com cinco ou seis gatos. Estranhíssima. Tinha um blogue onde se julgava escritora. Escrevia uns contos medíocres. Aparentava ler muito, isso sim. A bicha bicho -e digo-o assim porque nunca me convenceu da sua heterossexualidade- era uma macha. Masculina. Não excessivamente. O facto de não lidar com ninguém fora do seu local de trabalho tornava-a numa pessoa amargurada. Isso ressaltava. Tinha uma meia irmã com a qual não se dava muito, a mãe morrera anos antes. Uma solitária, solteirona empedernida, mal resolvida. Estive com ela algumas vezes, a maior parte das quais juntamente com outros bloggers. Eram quase sempre encontros em grupo.

    Sendo sincero, nunca gostei dela, e a custo disfarçava-o. Parecia-me (e mais tarde veio a comprovar-se) que era intriguista e dissimulada. Cínica mesmo. E eu cínico não sou. Digo o que tenho a dizer, o que às vezes me causa problemas. Com a bicha bicho, comecei a ter leves atritos, até culminar num. Conto-lhes o último, o que pôs um ponto final a tudo. 

      Eu e alguns outros bloggers decidimos ir passar o São João de 2017 ao Porto. Para tal, arrendávamos um apartamento por dois dias. Cada um pagaria cerca de 100 euros. Não me lembro bem. Isto tem quase dez anos. Uma leitora de blogues (por acaso dessa não tenho nada a dizer, até me chegou a dar boleia a casa) arrendou o apartamento. Tudo falado, marcado e pagado. Acontece que um dos bloggers, estudante como eu, armou-se em pobrezinho. Ia connosco sem pagar. Assumíamos os custos da sua estadia, ou ficava alojado na casa de um blogger que vivia no Porto. Algo assim. Não me pareceu justo, afinal, de todos os bloggers, eu e ele éramos os únicos que não trabalhávamos. Se eu iria pagar, por que razão ele não pagava também? Para mim também seria um sacrifício. Eu sei o quanto custa tirar um curso de Direito. Como tal, e porque não sou cínico, pus as cartas em cima da mesa e disse-o. O plano de ir ao São João caiu pelo ralo da sanita (pelo menos para mim). Houve uma série de intrigas patrocinadas sobretudo pela bicha bicho e pela bicha adolescente de 30 e tal anos (de quem falarei, talvez, noutro momento). Eu fiquei com fama de demónio -já estou habituado-. Nada de novo. Não sei como saiu a bicha bicho da polémica. A macaca continuou por aí, até que perdeu um grande amigo da blogosfera, vítima de cancro, e com isso sentiu-se desamparada e acabou por arquivar o próprio blogue. Levou um chá de sumiço. E é tudo sobre a bicha bicho, com nome de flor silvestre, como ela, sem ser especial e sem precisar de grandes cuidados.

      Para terminar, um episódio caricato que vivemos a dois, eu e a bicha bicho: um dia fui ter com ela à Margem Sul, onde ela vivia. Eu levava dinheiro, mas não tinha trocado para o comboio e a máquina não aceitava a nota que eu tinha nem o cartão multibanco. Isto no regresso. Tinha umas moedas. Faltava 1 euro. Pois bem. Ela emprestou-mo, com a condição de depois lhe fazer uma transferência bancária. Sim, de 1 euro. (risos) Há anedotas que a vida nos proporciona que são óptimas para nos fazer rir, passem os anos que passarem. :)

30 de abril de 2025

Apagão.


   Não me recordo de algo assim. Recordo-me de, em miúdo, faltar a luz algumas vezes. Nada como isto. Um apagão internacional. Eu fui afectado, claro, ao residir em Espanha. Parece que afectou Portugal, Espanha e algures pelo sul de França. Os motivos, não no-los querem dizer, ou ainda não os conhecem. Por aqui, por Espanha, a Audiência Nacional (que é um tribunal sui generis que não tem paralelo em Portugal) já está a investigar as causas, ou seja, se não terá sido um ciberataque. 

    No meu caso, estive sem electricidade desde as 12h30, como todos, até às 6h do dia seguinte. Dezoito horas, a rezar para que a comida não se estragasse. Tenho uma arca frigorífica no rés-do-chão da casa onde guardo a carne e o peixe. Além de perder dinheiro, seria comida que se estragava, e com a fome que grassa pelo mundo… Felizmente aguentou. Em todo o caso, eu não estou nada tranquilo. Pandemias, apagões… O mundo está-se a tornar num lugar estranho e perigoso. Eu acho que situações insólitas como estas e outras começarão a suceder-se. E é isso que me mete medo. O que ainda virá por aí…

27 de abril de 2025

25 de Abril de 1975.


   Há uns anos que não falava do 25 de Abril. Repetir a mesma ladainha ano após ano torna-se chato e inútil. Este ano, entretanto, assinalaram-se os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal, e também as primeiras nas quais puderam votar mulheres. As primeiras eleições de sufrágio verdadeiramente universal. Teve uma participação de 91%. Das cidades à província, as pessoas acudiam às urnas para votar. Vi uma reportagem na RTP. O analfabetismo era tão grande que muitos nem sabiam em quem votar. E diziam-no. “Eu votei ao calhas”; “Eu votei num qualquer”. Também não sabiam em que é que se votava. Uns diziam que era para o Presidente da República. 


Jamais se voltou a ver uma adesão às urnas como a 25/04/1975


   Na verdade, a 25 de Abril de 1975, exactamente um ano após a revolução, votou-se para a Assembleia Constituinte, isto é, a assembleia que viria a redigir a Constituição de 1976, que entrou em vigor precisamente no dia 25 de Abril do ano seguinte. Um dia histórico, não da dimensão do 25 de Abril de 1974, mas ainda assim um dia histórico, e merece ser assinalado.

21 de abril de 2025

Adeus, querido Papa Francisco.


   É realmente um dia muito triste para mim. Cada um falará por si. O Papa Francisco foi o responsável por eu ter abraçado a Igreja. A sua mensagem de inclusão (uma Igreja para todos, repetindo o todos três vezes) não deixou margem para dúvidas: o Papa queria que a Igreja acolhesse homossexuais também. Nós, que durante tantos séculos, e inclusivamente mais recentemente com João Paulo II e Bento XVI, fôramos desprezados e tratados como aberrações, com o Papa Francisco voltámos -pelo menos eu- a sentir-nos integrados e acolhidos no seio da nossa fé. E eu estou seguro de que o Papa teria ido mais além se pudesse, uma vez que a Igreja é uma instituição enorme, onde há lobbies fortíssimos. Fica a imensa saudade.

   Quanto ao seu sucessor, temo o que poderá vir por aí. Espero que o conservadorismo de João Paulo II e de Bento XVI não se repita, e que o caminho que o querido Papa Francisco iniciou não se encerre, pelo contrário, prospere e continue.


17 de abril de 2025

Dad or Son?


   Eu não sou destas publicações -creio até que é a primeira no blogue deste tipo, em dezassete anos-, mas prontes, como diz o outro. Para desanuviar um pouco e recuperar (também um pouco) do que era a blogosfera de há muitos anos, divertida e lúdica (risos). Bem, e com o perdão de Deus por estarmos em Semana Santa, vocês ficavam com o pai ou com o filho? Ou com ambos? Estes dois começaram a aparecer-me nos reels do Youtube, não faço ideia porquê.






15 de abril de 2025

Paris VIII (Saint-Chapelle et Conciergerie e Panteão Nacional).


   No nosso último dia em Paris, adoeci. Alguma virose, suponho. Cumpri com o programa a custo, por querer muito aproveitar e sobretudo para não perder o dinheiro (como sabem, compro todos os bilhetes com a devida antecedência). Nesse sentido, começámos o dia na Saint-Chapelle, um templo gótico precioso, como se diz em Espanha, cuja capela superior está dotada duns vitrais maravilhosos que merecem bem enfrentar a afluência de gente -aliás, em Paris onde é que não há afluência de gente?-.


Se tivesse um pouquinho menos de gente…


  A Conciergerie foi uma prisão, recordada principalmente no período pós-revolucionário do Terror (1793/94). Não lhe vi especial interesse. Tinha umas exposições temporárias, imagino, para preencher aquele espaço frio e inóspito. Vemos o que foram as celas dos prisioneiros, umas explicações relativas e pouco mais.


O Panteão Nacional francês 



Túmulo de Voltaire


  O Panteão Nacional, sim, para quem gosta de ver túmulos funerários. Há quem considere desprezível, desprezível aqui no sentido de perda de tempo. Pode ser, mas eu não quis sair de Paris sem ir ao Panteão. Um panteão que fica aquém, em beleza, do nosso, pelo menos na parte das criptas. Outra coisa é na planta baixa. Por lá poderão encontrar os túmulos de escritores franceses como Victor Hugo, Émile Zola, bem assim como de filósofos da envergadura de Voltaire ou Rousseau, entre inúmeros outros (os investigadores Curie também, e há quem diga que os túmulos têm uma protecção adicional de chumbo devido às radiações dos corpos… se é verdade ou mito…).


Eu adoro comprar livros, e encontrei boas surpresas


   Por coincidência, à tarde, no mesmo dia, descobrimos uma livraria lusófona, portuguesa e brasileira, que foi um verdadeiro achado. Naturalmente, adquirimos inúmeros livros, e vimo-nos aflitos, no dia seguinte, para levar todo aquele arsenal nas malas, e mais ainda para disfarçá-los no embarque.